O Departamento de Justiça dos Estados Unidos autorizou o pedido de colaboração policial internacional para investigar a tentativa do esquema ilegal de vendas de jóias e relógios do acervo presidencial do ex-presidente Jair Bolsonaro, que foram recebidas por ele durante seu mandato. A informação foi divulgada pelo jornalista César Tralli, do Grupo Globo. O caso da venda de jóias ilegais, foi primeiramente publicado pelo jornal Estado de São Paulo, em março deste ano.
A solicitação de cooperação internacional havia sido enviada pela Polícia Federal por meio do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional, em agosto deste ano. Com isso, a equipe de investigadores brasileiros pode acompanhar presencialmente as diligências solicitadas em território americano. Isso também autoriza a participação do FBI, a polícia federal norte-americana, em apurações brasileiras de crimes como lavagem de dinheiro e falso testemunho. A direção da PF está realizando os últimos acertos sobre a equipe do órgão que irá embarcar para o país em breve, para acompanhar e dar apoio ao trabalho do FBI.
Pedido de colaboração prevê
O pedido de colaboração entre as polícias brasileira e americana prevê a quebra de sigilos bancários da ex-primeira dama Michelle e do tenente-coronel Mauro Cid, além de diligências em joalherias em dois estados norte-americanos, Flórida, Nova York e Pensilvânia. Os agentes ainda irão colher depoimentos de testemunhas e suspeitos de participação no suposto esquema ilegal.
O esquema da venda de joias e relógios, que a Polícia Federal está investigando, envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro, assessores e aliados políticos que eram próximos ao ex-mandatário. Durante seu governo ele recebeu os objetos presentes de outros países. Depois disso, supostamente os presentes foram vendidos e tiveram sua origem, localização e valores das negociações provenientes ocultados.
Investigações da PF
Até o momento, as investigações feitas pela Polícia Federal apontam duas hipóteses para explicar o esquema, as duas apontam o papel do ex-presidente no esquema ilegal. A conduta que foi descrita pela investigação sustenta que houve uma clara utilização do Estado para obter vantagens.
De acordo com a PF, durante os anos de 2019 e 2022, o ex-presidente Jair Bolsonaro, Mauro Cid (então assessor especial da presidência), Marcelo Costa Câmara (então assessor), Osmar Crivelatti (braço-direito de Cid), Marcelo Vieira da Silva (então chefe do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica da Presidência) e outros envolvidos se uniram com o objetivo de desviar dinheiro, em benefício do então presidente.
Bolsonaro e Mauro Cid são investigados pela Polícia Federal. (Foto: reprodução/Alan Santos/PR)
Após os conjuntos serem apropriados, eles foram transportados aos Estados Unidos, de maneira oculta, no dia 22 de dezembro de 2022, levados por um avião presidencial. Após chegar ao país, eles foram levados para joelheiras na Flórida, em Nova York e na Pensilvânia, para serem avaliados e depois vendidos. O dinheiro depois ficaria sob a responsabilidade do pai de Mauro Cid, o general Mauro Cesar Lourena Cid, depois disso ele seria transferido em espécie para o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Foto destaque: Joias que foram recebidas pelo governo Bolsonaro dadas pelo governo da Arabia Saúdtia (Reprodução/O Globo)