Autoridades egípcias estão construindo uma área murada de 20 quilômetros quadrados na Península do Sinai, ao longo da fronteira com a Faixa de Gaza, em preparação para um possível êxodo em massa dos residentes, conforme relatado pelo Wall Street Journal. Com o aumento das tensões entre Israel e o Hamas, o Cairo teme uma incursão terrestre israelense no sul do enclave palestino, o que poderia desencadear uma crise humanitária na região.
O projeto, descrito como uma "área fechada e isolada de alta segurança", faz parte de um plano de contingência para acomodar mais de 100 mil pessoas, segundo fontes citadas pelo WSJ. Com a cidade de Rafah, principal ponto de trânsito para Gaza sob controle egípcio, já sobrecarregada, a nova área de contenção visa aliviar a pressão sobre os recursos locais e evitar um possível deslocamento em massa.
Rafah, cidade do Egito, está sobrecarregada com tantos refugiados (reprodução/Folha de São Paulo)
Limite de refugiados e respostas oficiais
Autoridades egípcias sugerem que pretendem limitar o número de refugiados palestinos na nova área a 50 mil ou 60 mil, se necessário, e impedi-los de deixar a zona tampão, salvo em casos de migração para outros países. No entanto, o governo do Egito se recusou a comentar oficialmente sobre as novas construções, enquanto o governador do Sinai do Norte negou que a área esteja sendo preparada para receber palestinos, alegando que os trabalhos de construção visam avaliar e indenizar as casas destruídas em conflitos anteriores.
Ainda não está claro se a construção da área de contenção visa deter os habitantes de Gaza que tentarem atravessar a fronteira ou se será usada como ponto de acolhimento para os palestinos. Isso marca uma possível mudança nas declarações anteriores do governo egípcio. Enquanto Israel reforça a coordenação com o Egito para suas operações no sul de Gaza, organizações internacionais, como a ACNUR, expressam preocupação com o potencial êxodo e suas implicações para a estabilidade regional.
Posicionamento internacional
O alto comissário da ACNUR advertiu que um êxodo em massa dos palestinos seria catastrófico e reacenderia traumas históricos, como a Nakba de 1948. Enquanto isso, o governo egípcio continua a insistir em uma solução diplomática para o conflito, buscando evitar uma escalada que prejudique os interesses tanto dos palestinos quanto do próprio Egito. Enquanto as negociações continuam, o mundo observa atentamente os desdobramentos na região, temendo uma nova crise humanitária de proporções devastadoras.
Foto destaque: construções caídas na Faixa de Gaza com população ao redor (Reprodução/Gaúcho ZH)