Nesta segunda-feira (24), cidadãos venezuelanos repatriados relataram suas experiências após serem detidos nos EUA, que vêm aplicando uma força tarefa sobre os deportados venezuelanos como parte de um acordo com o governo de Nicolás Maduro, que envolve a repatriação de migrantes ilegais, incluindo supostos membros da gangue criminosa Tren de Aragua, uma organização criminosa considerada terrorista pelos EUA. Esta medida reponde à política migratória do presidente Donald Trump e à acusação de que o governo venezuelano tem enviados criminosos ao país de forma deliberada.
Ao receber os recém deportados, o ministro do interior da Venezuela relata que está pronto para receber todos os imigrantes, e garante que nem todos os deportados têm antecedentes criminais. Além disso, negou vínculos entre os deportados e o Tren de Aragua, contratando escritórios de advocacia para representar os venezuelanos nos Estados Unidos e El Salvador.
De volta ao país
Em um voo de repatriação para a Venezuela, os imigrantes foram vistos cantando o hino nacional venezuelano e canções folclóricas tradicionais enquanto a aeronave retornava para sua terra natal. Para deportar os imigrantes venezuelanos, o presidente Trump recorreu à Lei de Inimigos Estrangeiros de 1798, usada somente em momentos de guerra. A decisão foi derrubada pelo juiz federal James Boasberg, que considerou um problema o uso dessa lei para deportação de imigrantes sem direito à defesa.
As autoridades investigam se o governo dos EUA descumpriu uma decisão judicial. E estão prontos para receber os venezuelanos. Isso é um ato de regresso de venezuelanos que estão sendo perseguidos em território norte-americano e alguns estão sendo sequestrados em El Salvador. Organizações de direitos humanos acusam o governo de El Salvador de violar sistematicamente os direitos dos presos, alegando que eles não estão recebendo acesso a advogados ou aos familiares, além de serem submetidos a torturas.
Maus-tratos
Cidadãos venezuelanos repatriados, um processo de devolução voluntária de uma pessoa, relataram suas experiências após serem detidos nos Estados Unidos e alegam que as condições enfrentadas no centro de detenção da imigração americana violam direitos básicos.
Algumas pessoas relataram traumas psicológicos, emocionais e físicos. Um dos deportados relata que eles foram tratados como escravos e como criminosos, apesar de não terem cometido nenhuma infração. Um homem, que se identificou como cantor profissional, afirma que não cometeu nenhum crime, nem sequer recebeu uma multa, e ainda assim foi tratado como criminoso simplesmente por ter tatuagens com os nomes dos filhos.
A Venezuela nega o envolvimento dos imigrantes em gangues, que teriam sido erradicadas pelo governo. Advogados e familiares dos imigrantes também negam seus laços com gangues e reforçam que alguns podem ter sido deportados por causa de suas tatuagens.
Avião com 199 deportados venezuelanos chega a Caracas (Vídeo: reprodução/Youtube/Portaluai)
O caso ganhou ampla repercussão nos veículos de imprensa venezuelanos, que entrevistaram diversas famílias afetadas dos quais relataram que os imigrantes foram informados que regressariam à Venezuela sem saber que seriam levados ao centro de confinamento do terrorismo.
Foto destaque: Venezuela recebe deportados dos EUA (Foto: reprodução/Instagram/@colombiaalaire))