Segundo o Instituto de Geografia e Estatística (IBGE), o número de brasileiros que se autodeclaram pardos subiu desde 2010, registrado em 11,9%, passando o de bancos e tornando-se o maior grupo racial do país, com 45% da população, segundo dados do censo de 2022.
Com crescimento também da população que se declara preta, 10% e 0,8% dos brasileiros que se auto-identificam como indígenas.
O número de pessoas que se declaram brancas tornou a cair, desde 2000, passando a ser o segundo maior grupo populacional com 43,5%. Pessoas autodeclaradas amarelas também diminuíram, registrando o mesmo percentual de três décadas atrás, com 0,4%.
Censo demográfico de 2022 (Foto: reprodução/ Agência de notícias IBGE)
Como acontece a heteroidentificação
Para definir a cor ou raça no Censo ocorre um processo de autodeclaração. A pessoa entrevistada se identifica de acordo com cinco opções disponíveis: amarela; branca; indígena; parda ou preta. Há também a alternativa de não declarar raça, contudo, um número bem mínimo a escolheram, sendo 0,005% da população.
O IBGE considera pessoas amarelas aquelas que têm ascendência de países asiáticos, como China, Japão e Coreia, por exemplo, especificamente do Leste asiático. O entrevistador explica essas nuances para o entrevistado a fim de que ele possa manter ou mudar sua resposta.
O Censo em relação a heteroidentificação existe desde 1872, contudo sua denominação de “cor ou raça” começou a partir de 1991. Por isso, os dados se iniciam desse ano. Para além da cor da pele, o IBGE destaca que o pertencimento cultural e identitário, sendo familiar e de etnia estão relacionados também a sua pesquisa e a autodeclaração do indivíduo.
A conscientização étnica
A divulgação desses dados em evento realizado nesta sexta-feira (22) na sede do Olodum, em Salvador, teve participantes representantes do movimento negro.
Em entrevista ao G1, João Jorge, presidente da Fundação Palmares explica: “Esse lançamento em Salvador, a cidade que mais recebeu africanos no país, é simbólico. Porque foi aqui que começou a luta de resistência dos quilombos no país e é por aqui que tem que começar a luta por igualdade. Esses números vão ajudar a dizer que a pobreza tem cor, que o desemprego tem cor”.
O presidente do IBGE, Márcio Pochmann, também explica a importância da conscientização etnico/racial no país e na qual reflete nos números divulgados pelo Censo. Para ele, é um trabalho político de “melhor empoderar” a sociedade e principalmente o povo brasileiro, e ainda destaca como avanço de parte da população não branca no país, mostrando uma mudança de consciência social que está em andamento no país.
Marcelo Gentil, presidente do Olodum, ainda relembra o trabalho do movimento negro no Brasil, e uma das campanhas realizada por eles na década de 90, chamada “não deixe sua cor passar em branco”. Uma campanha voltada para a valorização e reconhecimento da população preta e parda, para que se autodeclarassem como negros e negras. Voltado principalmente para a população afro-brasileira, a fim de que esse enorme número de pessoas se identificassem com o movimento.
Foto Destaque: pessoas caminhando em avenida (Reprodução/Agência de notícias IBGE/Acervo IBGE)