Neste domingo (19), após uma campanha conturbada, em um dos momentos políticos mais críticos que a Argentina enfrenta, os eleitores, descontentes, e sem um favorito, irão às urnas eleger quem será o próximo governante do país. Javier Milei e Sergio Massa, os dois candidatos no páreo, sofrem com a rejeição e a desconfiança da maioria dos eleitores.
Rejeitados
Segundo Mariel Fornoni, analista política da Rede Globo, Milei e Massa juntos, até o momento, conseguem cerca de 50% da rejeição do eleitorado argentino. Desta forma, fica claro que praticamente metade do povo não acredita que nenhum dos dois possa ser capaz de resolver os problemas que a Argentina enfrenta na atualidade.
Javier Milei (Foto: reprodução/Jornal Nacional)
Javier Milei, concorrendo pela primeira vez, é economista ultraliberal e uma sensação nas redes sociais. Um tanto controverso, durante a campanha, o candidato não conseguiu expressar claramente nenhuma proposta relevante para o futuro do país. Chegado a uma polêmica, durante seus momentos de fala na campanha e em entrevistas que concedeu, ateve-se a defender sua visão das coisas, como: a total liberdade sexual e, em contrapartida, a total proibição do aborto.
Como proposta, entre as mudanças radicais, julgada por ele necessárias, prometeu acabar com o peso e adotar o uso do dólar no país, assim como privatizar a educação e a saúde - essa que voltou atrás na reta final da campanha.
Sergio Massa (Foto: reprodução/Jornal Nacional)
Já Sergio Massa, o atual ministro da Economia do governo kirchnerista, culpado pelo povo do aumento de 140% da inflação e por cerca de 40% da população chegar ao nível de pobreza, não parece convencer de que, uma vez presidente, conseguirá colocar ordem na casa. Nem com promessas dirigidas ao livre-comércio, com menor intervenção do estado na economia, parece ter ganhado a confiança nem dos grandes empresários.
Primeiro turno
Massa, que agora é apoiado por Patricia Bullrich (terceira colocada na disputa), ficou apenas um pouco à frente de Milei nas urnas, tendo 36% dos votos, enquanto o segundo candidato angariou 30%. Além do apoio de Bullrich, Massa também acabou por conquistar o de seus apoiadores também, principalmente, diante dos crescentes ataques, muito parecidos com os que ocorreram no Brasil durante o governo de Jair Bolsonaro, do candidato adversário ao Congresso Nacional, à Justiça e a democracia como um todo.
Crise no país
Em um de seus momentos mais críticos economicamente, a Argentina enfrenta uma queda drástica da valorização de sua moeda, o peso, muito por conta do aumento desenfreado da inflação. O desemprego e a alta nos preços dos alimentos, 138% só nos últimos 12 meses, que levou a um número enorme de argentinos em situação de pobreza, chegou a levar os supermercados a sofrerem saques recentemente.
O país ainda vive uma dependência muito grande da moeda americana, o que só agrava mais a situação da inflação. E o povo argentino se vê tendo que optar entre criar uma estabilidade monetária, ou buscar encontra um caminho para o equilíbrio fiscal.
Nas últimas pesquisas eleitorais realizadas, parece haver a possibilidade de um empate entre os dois candidatos no segundo turno, porém, mesmo com toda a controvérsia e extremismo, Milei ainda apresenta uma pequena vantagem em relação ao atual ministro da economia. Parece que uma pequena parte da população ainda prefere arriscar com o “novo” do que dar uma segunda chance ao já conhecido.
Foto Destaque: candidatos à Presidência Argentina, Sergio Massa e Javier Milei (Reprodução/Luis Robayo/AFP)