Em coletiva de imprensa no fim da tarde desta quarta-feira (26), o ex-presidente e agora réu Jair Bolsonaro afirmou que recebeu R$ 140 mil em participação no podcast Inteligência Ltda.
De acordo com o mesmo, o dinheiro teria vindo de apoiadores, que para Bolsonaro é uma prova de que o povo gosta dele e ainda afirmou que recebeu mais de R$ 17 milhões em 2023 de apoiadores.
Ainda na entrevista, Bolsonaro afirmou que não havia pedido pix de nenhuma forma, mas durante boa parte do programa repetidas vezes desafiava seus apoiadores que o assistiam no programa a fazer doações para sua chave pix. Ainda durante a entrevista, afirmou que seria candidato em 2026, apesar de estar inelegível pelo TSE.
Bolsonaro se pronunciou sobre virar réu
Ao falar sobre o julgamento em que virou réu por golpe de estado, Bolsonaro negou que tenha participado de uma tentativa de golpe e chamou as acusações de graves e infundadas e disse que ajudou na transição de mandato para a chegada de Lula ao Planalto, mas as acusações deixam claro que o ex-presidente se reunia com alto escalão das Forças Armadas para reuniões sobre o golpe de estado.
Ainda na coletiva, o ex-presidente lembrou de coletiva onde falou que manifestações pacíficas eram bem-vindas, mas segundo a PGR, não tomou nenhuma ação para retirada de acampamentos golpistas da frente dos quartéis espalhados pelo Brasil.
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Bolsonaro afirmou que STF tem problema pessoal com ele (Foto: Reprodução/Getty Images Embed/Sergio Lima/AFP)
Durante a coletiva, o ex-presidente voltou a atacar as urnas eletrônicas, afirmando que confia na máquina, mas não confia no programador.
Por fim, Bolsonaro afirmou que, para o golpe acontecer, ele deveria consultar as Forças Armadas e o Conselho da República para dar continuidade às ações golpistas e que não assinou qualquer minuta do golpe.
Apesar de se considerar inocente, a denúncia feita pela Procuradoria Geral da República foi aceita de forma integral e unânime pela Primeira Turma do STF.
Bolsonaro se tornou réu por golpe de estado
A coletiva aconteceu horas depois de a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal decidir por unanimidade tornar Bolsonaro e mais sete aliados réus por tentativa de golpe de estado e outros crimes ligados ao artigo. Dentre os nomes arrolados como réus estão o ex-candidato a prefeitura do Rio de Janeiro e ex-chefe da ABIN Alexandre Ramagem, o ex-comandante da Marinha Almir Garnier, o ex-ministro da justiça e secretário de segurança do DF durante os atos golpistas de oito de janeiro Anderson Torres, o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional Augusto Heleno, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid, o ex-ministro da defesa Paulo Sérgio Nogueira e o ex-interventor federal na segurança pública do Rio de Janeiro, ex-ministro da Casa Civil e da defesa e candidato a vice na chapa derrotada em 2022 Braga Netto.
Ao todo, cada um dos réus responde por cerca de cinco crimes somente neste processo. São eles: organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do estado democrático de direito, golpe de estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça ao patrimônio da União e com considerável prejuízo às vítimas e deterioração de patrimônio tombado. Além desses crimes, Bolsonaro também responde como líder de organização criminosa.
O processo atinge o chamado núcleo central do esquema, cujo objetivo era manter Bolsonaro no poder através de golpe que, de acordo com a investigação, também previa o assassinato de Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes.
Caso seja condenado, Bolsonaro pode pegar até 39 anos de prisão pelos crimes contidos neste processo. Além deste processo, Bolsonaro também responde pela venda de joias sauditas recebidas por ele enquanto era presidente.
Foto Destaque: Bolsonaro participou do podcast Inteligência Ltda (Foto: Reprodução/Youtube/Inteligência Ltda)
