Nesta quinta-feira (21), Carlos de Almeida Baptista Júnior afirmou em depoimento que o ex-comandante do exército, Freire Gomes, declarou que daria voz de prisão a Bolsonaro se o plano de golpe fosse executado em reunião no ano de 2022.
Freire Gomes havia negado qualquer ameaça ao ex-presidente, em depoimento ao STF, Supremo Tribunal Federal, na segunda (20). No dia seguinte, o ex-comandante da Aeronáutica, Baptista Júnior, diz que, apesar do tom cordial, Freire Gomes fez a repreensão, que teria ocorrido em uma reunião para discussão sobre assuntos como o Estado de Defesa.
“Confirmo [a ameaça], sim, senhor. O general Freire Gomes é educado e não falou com agressividade ao presidente [Bolsonaro], mas foi isso que ele falou. Com calma e tranquilidade: ‘Se você tentar isso, eu vou ter que lhe prender’. Foi isso que ele disse”.
Baptista continuou e disse que a atitude se tratou de um aviso do que ocorreria somente se o golpe acontecesse. “Ele não deu voz de prisão para o presidente, eu já disse que mantenho a palavra que ele disse que por hipótese se ele tentasse uma ruptura institucional ele prenderia o presidente”.
Ex- comandante da FAB Baptista Júnior e ex-presidente Jair Bolsonaro (Foto: reprodução/Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Depoimento de Baptista Júnior
O ex-comandante já havia prestado depoimento e confirmado que estava presente em reuniões sobre o golpe.
Em novo depoimento, Baptista declarou que, no dia 14 de novembro de 2022, o general Paulo Sergio Nogueira apresentou a minuta do golpe. Baptista, porém, afirmou que saiu da reunião quando soube do que se tratava o documento trazido pelo general.
“Ele [Paulo Sérgio Nogueira] falou que trouxe um documento para vocês analisarem. Eu perguntei esse documento prevê a não [incompreensível] do presidente eleito? Se sim, eu não admito sequer receber esse documento, levantei e fui embora”
Plano de Golpe
Em fevereiro, o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados foram denunciados pela PGR, Procuradoria-Geral da República, por tentativa de golpe depois de perder as eleições em 2022.
Ex-presidente Jair Bolsonaro acusado por tentativa de golpe (Foto: reprodução/Bloomberg/Getty Images Embed)
Além do plano de golpe e outros movimentos golpistas, o inquérito também incluiu os envolvidos nos atos de 8 de janeiro e no plano de assassinato que pretendia assassinar o presidente Lula, que acabava de ser eleito, o vice-presidente Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal.
O processo continua em andamento, assim como as investigações contra as tentativas e atos contra a democracia, e um grande número de réus foi condenado.
Foto destaque: ex-comandante da FAB, Carlos de Almeida Baptista Júnior (Reprodução/Roque de Sá/Agência Brasil)