O Ministério da Saúde da Palestina informou, nesta quinta-feira (22), que 29 crianças morreram de desnutrição na Faixa de Gaza nos últimos dias. A situação ocorre em meio a um bloqueio imposto por Israel à entrada de ajuda humanitária, que, mesmo após ser parcialmente flexibilizado, ainda é considerada inadequada por organizações internacionais e agências da ONU.
Falta de alimentos agrava situação infantil em Gaza
O ministro da Saúde palestino, Majed Abu Ramadan, declarou que as mortes infantis recentes estão diretamente relacionadas à fome e alertou para a existência de milhares de outras crianças em risco devido à escassez de alimentos. Desde o início de março, a entrada de suprimentos em Gaza foi severamente limitada.
O bloqueio total imposto por Israel já dura 11 semanas. Somente nesta segunda-feira (19), um primeiro comboio com caminhões carregando alimentos e medicamentos teve a entrada autorizada no território, mas em quantidade reduzida. Apesar da liberação, a ONU e organizações não governamentais que operam em Gaza sustentam que a ajuda recebida até o momento não supre as necessidades básicas da população, principalmente das crianças.
Episódio de podcast que detalha a chegada de ajuda a Gaza após 2 meses e meio (Áudio: reprodução/Spotify/O Assunto/G1)
A crise alimentar tem mobilizado a comunidade internacional. Em entrevista à BBC na terça-feira (20), o chefe da ajuda humanitária da ONU alertou que até 14 mil bebês poderiam morrer em 48 horas se não houvesse o envio imediato de insumos essenciais. O número, segundo ele, pode inclusive estar subestimado.
Netanyahu apresenta plano
Em pronunciamento realizado na quarta-feira (21), o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que está em curso um plano conjunto com os Estados Unidos para a ampliação da ajuda humanitária em Gaza. A proposta inclui três etapas: envio emergencial de alimentos, abertura de pontos de distribuição protegidos por forças israelenses e a criação de uma área no sul de Gaza destinada à assistência dos civis deslocados.
Netanyahu também afirmou que o objetivo final de Israel é tomar o controle total da Faixa de Gaza e eliminar a presença do grupo Hamas. Para isso, o governo israelense exige a libertação de todos os reféns e o afastamento completo do Hamas do território. O primeiro-ministro ainda acusou o grupo palestino de se apropriar de cargas humanitárias e revendê-las a preços inflacionados, alegando que essa prática contribui para financiar suas atividades.
A situação atual elevou a pressão de países e organismos internacionais sobre Israel. O primeiro-ministro, por sua vez, tem resistido a suspender a ofensiva militar, argumentando que qualquer cessar-fogo antes da conclusão dos objetivos pode permitir que o Hamas retome seu poder na região.
Foto Destaque: Menina palestina em meio à destruição na Faixa de Gaza (Reprodução/UNICEF/Ajjour)