A Polícia Federal (PF) revelou detalhes alarmantes sobre a investigação da conspiração golpista por um grupo de ex-militares denominado de punhal verde e amarelo. Em investigação, foi identificado que o primeiro alvo do grupo era Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
A investigação conduzida pela PF apontou Mario Fernandes, um general da reserva e ex número 2 da Secretário-Geral da Presidência, como o articulador dessa trama. Segundo os relatos, o plano original não visava apenas o assassinato do ministro Moraes, incluía também o envenenamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente Geraldo Alckmin.
Mario Fernandes, general da reserva e ex número 2 da Secretária-geral da Presidência (Foto: reprodução/Metrópoles)
Havia um grupo em um aplicativo de mensagens com o nome de “Copa 2022", era composto pelos executores do plano e servia para troca de informações e estratégias, o que dificultou a investigação foi que os chips comprados eram cadastrados em nomes de terceiros, e eles se chamavam por nome de países.
No plano original do grupo Punhal Verde e amarelo, eles apelidaram os alvos de Jeca, Joca e Juca, para a PF o Jeca seria o presidente Lula e Joca o seu vice Geraldo Alckmin, o ministro do STF não possuía apelido, mas em documento recolhido pela polícia federal o plano contra Moraes era uma lista onde continha as seguintes tarefas:
- Levantamento prévio da movimentação de Moraes;
- Detalhamento dos horários e itinerários de suas agendas oficial e pessoal;
- Mover quatro equipes com o total de seis pessoas para realizar o atentado;
- Um telefone descartável para cada um dos seis envolvidos.
Ainda com os detalhes da investigação da PF, foi relacionado o nome do agente da Polícia Federal Wladimir Matos, que foi apontado como o informante dos horários e locais de onde estaria o presidente Lula e a localização do grupo de segurança do presidente.
Saiba alguns nomes dos indiciados pela PF
- O ex-presidente Jair Bolsonaro;
- O general Walter Braga Netto, candidato a vice na chapa de Bolsonaro;
- Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional;
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
- Valdemar Costa Neto, presidente do PL;
- Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência.
O nome de Mouro Cid também foi citado, o seu advogado Cezar Bittencourt revelou, em entrevista a Andréia Sadi, que Cid confirmou o envolvimento do ex-presidente Jair Bolsonaro no planejamento do golpe de Estado, além do ex presidente concordar com a situação. Segundo Bittencourt, Cid apresentou os fatos de forma direta, sem interesses, além de colaborar com a Justiça. Ele também destacou que Cid, como assessor, esteve presente na reunião sobre o assunto. O advogado também afirmou que Bolsonaro tinha pleno conhecimento e comandava a organização, o que resultou na denúncia apresentada pelo Ministério Público.
Andréia Sadi ao explicar a retificação do advogado de Mouro (Foto: reprodução/Instagram/@sadiandreia)
Logo após, o advogado de Mouro voltou atrás e declarou que precisava corrigir sua fala: "Eu não disse que o Bolsonaro sabia de tudo. Até porque o 'tudo' é muita coisa, né? Alguma coisa, evidentemente, ele tinha conhecimento, mas o que é o plano? O plano tem um desenvolvimento muito grande. De golpe de estado eu não sei, eu nem sei se estava em curso. O que eu sei é que havia uma turbulência, digamos, da senhora administrativa, no governo, nas possibilidades do governo, esse negócio... Claro que ele tinha conhecimento. Agora, não era um plano de golpe. Que tipo de golpe? Isso eu não sei. Não sei que tipo de golpe poderia ser. Agora, tinha o interesse no acontecimento do que estava acontecendo naqueles dias, o presidente sabia" afirmou o advogado. Isso ocorreu após onze minutos de entrevista, interrompida por um problema técnico no celular do advogado.
Moraes em destaque
Ao longo dos últimos anos, Alexandre de Moraes se destacou por sua atuação incisiva em casos relacionados a abusos de poder, fake news e a defesa do estado democrático de direito. Sua postura firme em relação à responsabilização de atos considerados invasivos à democracia o transformou em um alvo de setores que se opõem a essa visão, levando ao aumento do descontentamento entre grupos extremistas.
Foto destaque: Ministro Alexandre de Moraes (Reprodução/Veja)