O Kremlin reagiu com uma forma mais assertiva às recentes declarações do então eleito a presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, direcionadas ao bloco dos Brics. Segundo Dmitry Peskov, porta-voz do governo russo, as ameaças feitas por Trump podem acabar se voltando contra ele próprio e contra os interesses dos Estados Unidos em um cenário global. Essa reação de Peskov se deu após Trump dizer neste sábado (30), que os países que são membros de Bric não crie uma nova moeda ou que pretendam apoiar outra moeda que não seja o dólar-americano e que caso o contrário esses países terão que pagar taxas comerciais de 100%.
Peskov destacou que o dólar, por décadas, vem sendo a principal moeda de reserva internacional de diversos países e que já tem um tempo em que vem perdendo gradualmente seu poder atrativo para muitos países. Esse costume, segundo ele, é impulsionado por políticas tendenciosas e sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos, fazendo com que diversos países busquem alternativas financeiras mais seguras e independentes.
Dmitry Peskov secretario de imprensa do Kremlin (Foto: reprodução/Anadolu/ Getty Images Embed)
"O comportamento agressivo e as constantes ameaças dos EUA apenas aceleram o processo de desvalorização. Muitos países estão percebendo que o dólar não é mais uma moeda confiável para fins de reservas internacionais", afirmou Peskov em entrevista. "O mundo está mudando rapidamente, e as economias emergentes estão buscando maior soberania econômica. A era do domínio absoluto do dólar está chegando ao fim", concluiu Peskov.
A postura de Trump em relação aos Brics é vista como uma tentativa de pressionar países emergentes a manterem a predominância econômica dos EUA. Contudo, analistas internacionais dizem que essas ações podem ter o efeito contrário, e que pode acabar fortalecendo ainda mais o movimento de amplitude monetária liderado pelos Brics.
Saiba os países que fazem parte do Brics
Os Brics é um bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, no entanto, entre 2021 e 2023, Bangladesh, Emirados Árabes Unidos e Egito ingressaram ao bloco.
Os países que fazem parte do Brics têm se esforçado bastante para reduzir a dependência do dólar em transações comerciais e financeiras. Atualmente, o grupo discutiu a criação de uma moeda comum ou mecanismos que possibilitam maior integração econômica sem que tenha a necessidade de recorrer ao dólar-americano.
Entenda essa postura de Trump diante a moeda americana
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou com as ameaças as tensões econômicas globais, declarando que irá impor tarifas de 100% sobre produtos e transações de países do bloco Brics caso eles sigam avançando com planos de substituir o dólar em transações internacionais. A proposta de desdolarização é uma das principais pautas do bloco.
Em rede social, o então presidente postou o seguinte: “Eles podem procurar outro ‘otário’. Não há nenhuma chance de os Brics substituírem o dólar americano no comércio internacional, e qualquer país que tentar deve dizer adeus aos Estados Unidos”. E seguiu “Exigimos que esses países se comprometam a não criar uma nova moeda do Brics nem apoiar qualquer outra moeda que substitua o poderoso dólar americano, caso contrário, eles sofrerão 100% de tarifas e deverão dizer adeus às vendas para a maravilhosa economia norte-americana” escreveu na plataforma Truth Social.
Essa atitude tomada pelo presidente mostra que o bem-estar de seu pais junto as alianças governamentais feitas com os países que fazem girar a economia americana está beirando um colapso econômico.
Foto destaque: Donald Trump atual eleito a presidência dos EUA (Reprodução/Chip Somodevilla/Getty Images Embed)