Chegou ao fim, na última quinta-feira (17), um enigma envolvendo fósseis encontrados, ainda em 2016, na região nordeste da Espanha. Segundo pesquisadores da Universidade Autônoma de Barcelona, o conjunto corresponde a uma tartaruga-gigante que habitou os oceanos europeus há cerca de 83,6 milhões de anos.
Batizado Leviathanochelys aenigmatica (em tradução literal, a união das palavras “leviatã”, “tartaruga” e ‘enigma”), o animal possuía aproximadamente 3,7 metros de comprimento - tamanho médio de um rinoceronte - e pesava duas toneladas. Para ter-se uma ideia dimensional, a tartaruga-de-couro, maior tartaruga viva atualmente, tem dois metros de comprimento e pode chegar aos 700 quilos.
A identificação da tartaruga pré-histórica ocorreu através da junção de seus restos fósseis, que compunham a cintura pélvica e a carapaça do animal. As evidências foram achadas por acidente cinco anos atrás, em Cal Torrades, território conhecido como sítio arqueológico oceânico. Desde então, as peças foram objetos de estudo do Instituto de Paleontologia Miquel Crusafont, em Barcelona, e do Departamento de Ciência Geológicas da Universidade Masaryk, na República Tcheca.
Especialistas comparam o tamanho da espécie descoberta a um Mini Cooper (Reprodução/Scientific Reports)
Os cientistas revelaram que, além de apresentar grande estrutura pélvica e uma concha reduzida, o animal também possui um osso ao lado de sua pélvis que nunca foi visto em nenhuma outra espécie de tartarugas. Até o momento, o grupo acredita que a sustentação tenha auxiliado o réptil a respirar nas profundezas oceânicas.
Intitulado “A gigantic bizarre marine turtle”, o estudo relata que a população de Leviathanochelys aenigmatica pode ter sido numerosa, considerando o comprimento da espécie sendo equivalente a um carro e as pressões predatórias de seu habitat. Durante o período Cretáceo Superior, essas tartarugas conviveram com grandes tubarões, mosassauros e plesiossauros.
O levantamento encabeçado por Oscar Castillo-Visa, Àngel H. Luján, Àngel Galobart e Albert Sellés ainda rompe com a ideia de que tartarugas marinhas gigantes só se desenvolveram na América do Norte. Segundo os resultados publicados na revista Scientific Reports, sugere-se que linhagens separadas desses animais também existiram na Europa.
Foto destaque: Simulação da tartaruga Leviathanochelys aenigmatica. Reprodução/ICRA_Arts.