De acordo com o pacote fiscal anunciado pelo Ministro da Fazenda Fernando Haddad nessa quarta-feira (27), o Brasil terá R$ 70 bilhões de economia nos próximos dois anos. As reações, no entanto, não foram completamente positivas, segundo analistas econômicos. Um deles é Fernando Nakagawa, que durante o programa CNN Prime Time comentou o fato do governo não anunciar medidas que realmente se traduzam em cortes de gastos: “O que o governo se propõe a cortar é o aumento futuro daquele gasto”. Em seguida, disse que essa prática é conhecida no mercado como "cortar vento". Um dos maiores sinais da repercussão negativa das medidas anunciadas é a nova alta do dólar, que chegou a R$ 6 nesta quinta-feira (28).
Expectativa arruinada
Nakagawa comenta que o pacote fiscal foi na direção correta, mas isso não é o suficiente no momento. Apesar dos cortes relacionados às emendas parlamentares, totalizando R$ 14 bilhões, o valor não chega a ser efetivo. Ele argumenta que o governo tenta pegar um das emendas dinheiro que já existe no Congresso Nacional e direcioná-lo para a área da saúde. Segundo o especialista, falta ousadia e vigor. Vale destacar que o Brasil é conhecido por ser um país com gastos altíssimos em relação aos seus servidores públicos. Exemplo disso são os tribunais de justiça, onde o país já liderou ranking mundial em gastos no ano de 2021.
Dólar chegou a R$ 6,11 na manhã desta sexta-feira (29) (Foto: reprodução/Barta4/Pixabay)
O que esperar?
Para Nakagawa, o que foi anunciado não é suficiente. Logo, existe uma necessidade do governo realizar novos ajustes. Ele inclusive definiu a situação como “curativo temporário para um problema que é maior”. As medidas ainda precisam de aprovação. Um dos pontos principais, a inclusão da taxação para salários acima de R$ 50 mil, foi tema de debate, com Haddad sendo voto vencido. O ministro preferia que a questão fosse tratada após esse primeiro momento da reforma.
Após o pacote fiscal anunciado, o dólar chegou ao seu maior valor nominal na história do país. A alta é sentida no bolso dos brasileiros em diversos produtos, incluindo os que fazem parte da rotina do dia a dia. Combustíveis, por exemplo, são cotados em dólar no mercado internacional. Alimentos como carnes, massas e pães também são afetados, além de medicamentos e eletrônicos.
Foto Destaque: Fernando Haddad anunciou medidas de cortes nessa quarta-feira (27) (Reprodução/@MarchaHist/X)