A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que explora a implementação de uma escala 5x2 (trabalha cinco dias e descansa 2) alcançou hoje (13) 194 assinaturas no parlamento e já pode passar para as próximas fases de implementação. Especialistas divergem sobre os benefícios e os malefícios da nova jornada de trabalho, que poderá afetar principalmente as pequenas empresas.
Vantagens da escala 5x2
O modelo proposto pela deputada federal Erika Hilton tem como principal objetivo oferecer mais qualidade de vida e saúde aos trabalhadores do regime CLT. Segundo pesquisas realizadas em outros países que já adotaram a nova jornada, houve um aumento significativo na produtividade dos trabalhadores em escala 5x2, além da diminuição dos custos relacionados à exaustão dos funcionários, como problemas de saúde e erros operacionais, o que teoricamente iria equilibrar o aumento de custos da implementação da nova escala.
Nova escala pode ajudar a desafogar o transporte público ( Foto: reprodução/ HENRY NICHOLLS / Getty Images Embed)
Segundo a deputada, a proposta está alinhada com os novos princípios sociais e de desenvolvimento sustentável da vida atual, que busca equilibrar a economia com mais qualidade de vida. Uma nova forma de enxergar o trabalho no Brasil.
Com um maior tempo livre e mais disposição, o trabalhador também teria a oportunidade de buscar especializações e qualificações, algo benéfico para ambos os lados. Segundo Antonio Neto, presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros, já foi possível testemunhar os benefícios da nova escala na área de TI, que começou a ser amplamente explorada a partir de 2011 no Brasil.
Desvantagens da escala 5x2
Apesar de mostrar muitos benefícios, segundo os especialistas a nova jornada de trabalho pode ser um desastre para as pequenas empresas. Os estabelecimentos que contemplam expedientes maiores e empresas da área da saúde serão os mais afetados pela mudança.
“Grande parte dos empregos no setor de comércio vem de micro e pequenos negócios, que teriam a força de trabalho dos funcionários suprimida em 25% e custos que aumentariam em 40%. Muitas empresas não conseguiriam se adequar a isso, levando a uma queda de competição e ainda mais de produtividade.”, afirma Ivo Dall’Acqua Júnior, presidente executivo em exercício da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
Já a Associação Brasileira de Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) alerta para possíveis consequências da proposta, principalmente no que se refere ao aumento dos preços em bares e restaurantes, que pode chegar a 15% segundo a associação. A ABRASEL ainda afirma que a realidade e as demandas do Brasil não conseguirão atender as expectativas da proposta.
Foto destaque: garçonete em bar (Reprodução/ Bloomberg / Getty Images Embed)