Estudo divulgado nesta terça-feira (05) pela Fiocruz, instituição responsável por pesquisas e produções de medicamentos vinculada ao Ministério da Saúde, aponta que R$ 18,8 bilhões foram gastos pelos cofres públicos por conta do consumo de álcool pela população. O estudo levou em conta dados coletados em 2019.
Área da saúde sofre os maiores prejuízos
Segundo o estudo, R$ 1,1 bilhão foram gastos em procedimentos e atendimentos de ocorrências em hospitais e ambulatórios por problemas relacionados com o uso do álcool, que foram pagos pelo SUS ( Sistema Único de Saúde). As principais ocorrências relatadas neste estudo foram acidentes no trânsito, doenças cardiovasculares e situações relacionadas à violência. A maioria desses fatores atingiu o público masculino.
Consumo de bebidas alcoólicas (Foto: reprodução/Charly Triballeau/Getty Images Embed)
O estudo também aponta que R$ 17,7 bilhões foram desembolsados para cobrir a perda de produtividade de funcionários no mercado de trabalho: faltas, licenças médicas, mortes prematuras e até aposentadorias precoce se mostraram os principais fatores.
“A literatura Internacional é bastante rica em demonstrar que os custos totais diretos e indiretos do álcool para a sociedade e eles orbitam na ordem de 1% a 3% do PIB dos países”, apontou Eduardo Nilson, pesquisador responsável pelo estudo.
A Fiocruz não descarta a possibilidade desse valor ser ainda maior, já que nem todos os fatores puderam ser contemplados na coleta de dados.
Imposto seletivo
Em julho deste ano foi aprovada pela Câmara dos Deputados o Imposto Seletivo, uma taxa extra sobre produtos como refrigerantes, bebidas alcoólicas, cigarros, entre outros considerados prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente. O imposto cobrirá a produção, extração, comercialização e até importação desses produtos.
A proposta foi considerada positiva para muitos pesquisadores. "Quando você consegue reduzir em 20% o consumo sem gerar perda de receita, significa reduzir de 15 mil a 20 mil mortes por ano no Brasil”, afirmou o diretor da Vital Strategies, organização que desenvolve estratégias de saúde pública, Pedro de Paula.
Especialistas apontam um possível cenário em que tais produtos também terão a sua publicidade reduzida, assim como aconteceu com os cigarros.
Foto destaque: copo de bebida alcoólica (Reprodução/Daniel Leal/Gatty Images Embed)