O déficit primário do Governo Central do Brasil, uma métrica crucial para avaliar a saúde fiscal do país, caiu para R$ 26,35 bi em agosto de 2023, segundo relatório da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) divulgado na última quinta-feira (28). Embora essa seja uma queda significativa em relação aos R$ 35,93 bi registrados em julho, o número ainda preocupa. Analistas previam um déficit de R$ 25,1 bi para o mês.
Déficit de agosto cai pela metade em relação a 2022
O déficit primário do Governo Central do Brasil, que inclui o Tesouro Nacional, a Previdência Social e o Banco Central, apresentou uma tendência de queda significativa em 2023. Em junho, o déficit foi de R$ 45,22 bi, diminuindo para R$ 35,93 bi em julho e chegando a R$ 26,35 bi em agosto.
A redução do déficit em agosto de 2023 foi influenciada por uma mudança no calendário de pagamentos de precatórios e sentenças judiciais.
O valor de agosto também representa uma queda de 47,6% em comparação com os R$ 50,356 bi registrados no mesmo mês de 2022. No entanto, o número ainda superou as expectativas do mercado, que projetava um déficit de R$ 25,1 bi para o mês.
Gastos com programas sociais aumentam
O déficit acumulado nos primeiros oito meses de 2023 atingiu R$ 104,59 bi. Do lado das receitas e despesas, agosto de 2023 viu uma queda de 14,7% nas despesas totais e uma redução de 2,8% nas receitas líquidas. A despesa total do mês foi de R$ 161,12 bi, enquanto a receita líquida ficou em R$ 134,77 bi.
Os gastos com programas sociais aumentaram em R$ 9,9 bi acima da inflação. Essas variações tiveram um impacto significativo na dívida pública, que atingiu 74,4% do Produto Interno Bruto (PIB) em agosto de 2023.
Sustentabilidade fiscal do Brasil em cheque
Esses números desafiam as projeções do governo de zerar o déficit em 2024 e levantam questões sobre a sustentabilidade fiscal do Brasil a longo prazo. Uma pesquisa da Genial/Quaest, divulgada em 19 de setembro de 2023, revelou que 95% dos profissionais de fundos de investimento não acreditam que a meta de zerar o déficit primário será cumprida em 2024.
Na quarta (27), Campos Neto ressaltou importância de persistir na meta de zerar os déficits. (Foto: Reprodução/exame.com/Pedro França/Agência Senado/Flickr)
Em uma audiência na Comissão de Finanças e Tributação (CFT) da Câmara dos Deputados, realizada na última quarta-feira (27), Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, ressaltou a importância de persistir na meta. Porém presidente do BACEN ressaltou a necessidade de receitas adicionais, incluindo a taxação de "super-ricos", como um caminho viável para o equilíbrio fiscal.
Em reunião no dia 21, Haddad reconheceu obstáculos de zerar déficit do governo em 2024. (Foto: Reprodução/Valter Campanato/Agência Brasil)
O ministro da fazenda Fernando Haddad também reconheceu os obstáculos em reunião no dia 21, segundo a Agência Brasil, mas assegurou que o governo está comprometido em seus esforços para atingir a meta, que foi mantida no Projeto de Lei Orçamentária Anual (Ploa) de 2024.
Foto Destaque: Déficit do Governo Central segue em queda em agosto, mas dívida ainda preocupa. Reprodução/metropoles.com.