Esta semana a Caixa e o Banco do Brasil (BB) resolveram deixar a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), avisando a decisão ao ministro da Economia, Paulo Guedes, e ao presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto. O motivo da saída é devido a um manifesto que a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) deve publicar nesta terça-feira, 30, com um pedido de harmonia entre os três poderes, sendo a Febraban a signatária do documento.
De acordo com fontes, o entendimento dos bancos públicos é que a instituição, que representa o setor no País, é privada e está se posicionando de forma política, o que ambos, controlados pelo governo, estão em desacordo.
A nota dos dois bancos foi encaminhada à Febraban, comunicando a saída da entidade caso o manifesto seja publicado. De acordo com relatos colhidos, ambos se posicionaram contra a adesão à iniciativa, que foi votada na instituição e teve concordância da maioria. O assunto tem sido discutido há ao menos uma semana.
O manifesto não cita o presidente Jair Bolsonaro, mas aborda críticas implícitas à gestão de Paulo Guedes e foi encarado pelos bancos públicos como “um claro ataque à política economica”. Segundo o texto obtido pelo Estadão, as entidades que o assinam pedem “medidas urgentes e necessárias” para o Brasil superar a pandemia, voltar a gerar empregos e crescer para, assim, “reduzir as carências sociais” que "atingem segmentos da população”.
O motivo da saída se deve a um manifesto da Federação das Indústrias de São Paulo (Foto: Reprodução / Marcelo Camargo)
O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, foi quem liderou o movimento de ruptura dos bancos com a Febraban, mesmo mantendo uma grande proximidade com Bolsonaro.
A má relação dos bancos públicos com os privados já vinha acontecendo na Febraban, sendo até mesmo cogitada a criação de uma associação nacional dos bancos públicos. O manifesto da Fiesp, de nome “A praça é dos três Poderes”, foi assinado por diversas entidades da sociedade civil.Juntas, destacam no documento, que há “grande preocupação" com a “escalada de tensões e hostilidades entre as autoridades públicas”.
O documento pede o equilíbrio como regra entre o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Nenhum dos Poderes, é “superior em importância”, nem ao menos “invade o limite” dos outros e um “não pode prescindir” dos demais.
A cúpula dos dois bancos oficiais contesta o diagnóstico de grave crise do texto. Segundo eles, “o Brasil já está crescendo, a economia está em ‘retomada em V’, gerando empregos”. Por essa avaliação, o manifesto não faria sentido.
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Em ambas instituições, existe uma ala que se preocupa se a saída da Febraban pode ser questionada por órgãos de controle, como Tribunal de Contas da União (TCU) e Ministério Público Federal (MPF), ficando descrito como ingerência política. Além do mais, o desligamento dos dois maiores bancos da associação que representa as instituições financeiras pode ter consequências em objetivos comuns, como por exemplo a reforma tributária, em que todos estão do mesmo lado.
Os bancos ao serem procurados não se manifestaram sobre o assunto. A Febraban afirmou que não faz comentários a respeito de posições atribuídas a seus associados. Sobre o manifesto da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, informou que o documento foi “dirigido a várias entidades e que o assunto foi submetido à governança da Febraban, como é usual”. As informações são do jornal O Estado de São Paulo.
Foto destaque: Reprodução / Marcelo Camargo