Alimentos ultraprocessados custam R$ 10,4 bilhões por ano no Brasil. Isso porque são justamente eles que ocasionam problemas de saúde devido sua má qualidade em termos alimentícios. O estudo que chegou ao valor em questão foi feito pelo pesquisador Eduardo Nilson, da Fiocruz Brasília e nomeado "Estimação dos custos da mortalidade prematura por todas as causas atribuíveis ao consumo de produtos alimentícios ultraprocessados no Brasil”. A pesquisa foi encomendada pela ONG ACT Promoção da Saúde.
Para estimação dos custos, foram levados em conta o gasto do SUS com casos de diabetes tipo 2, hipertensão e obesidade. Todos esses quando associados aos ultraprocessados. Dessa forma, foram somados os valores com aposentadoria precoce e licenças medidas, além de perdas econômicas com mortes.
Custos diretos e indiretos
R$ 933,5 milhões são colocados pela pesquisa como custos diretos. Ou seja, é o dinheiro que o SUS gastou tratando pacientes com os problemas citados devido aos ultraprocessados. Dessa forma, entram na conta os medicamentos, ambulatórios e hospitais. Vale destacar que o valor corresponde a 25% do total gasto com diabetes tipo 2, hipertensão e obesidade no Brasil.
Ainda nos custos diretos, R$ 263 milhões são referentes a gastos previdenciários e por licenças médicas, com as diabetes tipo 2 tendo a maior necessidade do investimento. O estudo aponta que 19,7% das calorias ingeridas são provenientes dos ultraprocessados, algo relatado em pesquisa pelo IBGE entre 2017-2018.
Os R$ 9,2 bilhões gastos de forma indireta resultam da morte prematura de homens e mulheres. De acordo com a pesquisa, são 57 mil mortes proporcionadas pelos alimentos ultraprocessados. Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal e Amapá, em ordem decrescente, são os estados que mais apresentam óbitos relacionados. Eduardo Nilson ainda chama a atenção para um problema maior ainda:
“Vale lembrar que essas estimativas são conservadoras, visto que se limitam ao impacto na população empregada adulta, maior de 20 anos, e não incluem também outros custos de prevenção, atenção primária, saúde suplementar ou gastos particulares no tratamento das doenças causadas pelo consumo de ultraprocessados". Dessa forma, a situação toda é apenas a ponta do iceberg, visto que muitos dados não foram levados em conta.
Ultraprocessados são consumidos inclusive no café da manhã (Foto: reprodução/@bbcbrasil/X)
O que fazer?
A chave apontada para reversão do problema é a educação. O Programa Nacional de Alimentação Escolar deveria receber o dobro do investimento de acordo com o estudo. Sendo assim, o grande objetivo seria estimular o consumo de alimentos saudáveis no Brasil. Eduardo Nilson cita que são necessárias políticas públicas, tributação adequada regulação venda e no marketing dos ultraprocessados, além de melhoria na rotulagem nutricional.
Foto Destaque: alimentos ultraprocessados possuem efeitos que ainda são objetos de estudo (Foto: reprodução/@RealScarzz/X)