Exclusivo: elenco de “Vai Ter Troco” marca presença na première e conta detalhes de seus personagens

Durante a noite da última terça-feira (15), o elenco da nova comédia nacional, “Vai Ter Troco”, marcou presença na première carioca do filme, que aconteceu no Leblon, zona Sul do Rio de Janeiro. Estrelado por Miá Mello, Giovanna Grigio, Marcos Veras, Nany People, Nicholas Torres, Evelyn Castro e Edmilson Filho, o longa, gravado em 2018, chega aos cinemas hoje (17). 

“Vai Ter Troco” conta a história da família da elite paulista, os Souza Di Souza, composta por Afonso (Marcos Veras), um empresário metido com política; Sarita (Miá Mello), uma esposa troféu com personalidade narcisista; Miranda (Giovanna Grigio), uma jovem com complexo de imagem à beira de um colapso e JohnJohn (Nicholas Torres), um rapaz mimado e dissociado da realidade pelo efeito de drogas na maior parte do tempo. Vivendo em um luxo escancarado, os patrões alegam há meses para as empregadas Zildete (Nany People), Tonha (Evelyn Castro) e o motorista Nivaldo (Edmilson Filho), que estão falidos. 

Durante a festa de noivado da filha mais velha com o filho do senador Vespúcio (Saulo Laranjeira), a polícia invade a mansão e leva Afonso preso por desvio de verbas para as merendas de escolas públicas. A situação das empregadas aperta cada vez mais e isso gera o fio condutor da comédia: o embate costumeiro entre patrões e funcionários. Em busca de seu sustento, Zildete, Tonha e Nivaldo caem em situações cômicas e desafiadoras. 

No evento realizado no Kinoplex, o elenco conversou com o Lorena.R7 e deu detalhes sobre a construção de seus personagens na comédia que apesar de leve e descontraída, aborda a desigualdade social que é realidade no país. 

_{Elenco e equipe de "Vai Ter Troco" na première carioca do filme (Foto: Eduarda Monteiro)}

Casal de bem: o corrupto e a narcisista 

Miá Mello encarou um desafio duro ao viver a narcisista Sarita, personagem com traços de personalidade tóxica, que trata mal seus funcionários, filhos e se coloca em um pedestal, bem diferente da atriz: 

“Foi um baita desafio pra mim, real! Pra mim foi um desafio gigante pensar que eu teria que fazer alguém que maltrata os funcionários, pra mim isso é muito difícil porque eu trato todo mundo muito bem e tenho o maior orgulho de ser criada assim, ter esses valores, meus filhos têm. E quebrar isso foi tipo [faz um sinal de aperto no coração]. Outra coisa que eu acho muito duro é que ela é muito narcisista, se coloca em primeiro lugar e os filhos em décimo. Isso, pra mim, que sou leoa, mãe…foi duro. E é muito louco pensar que tem toda essa construção apesar de ser uma comédia! Você vai vir assistir e só vai dar risada, nem vai reparar no que eu estou falando, mas como atriz eu digo isso. Foi uma personagem muito desafiadora, e eu acho, me assistindo, que eu cheguei lá.”, disse a atriz ao Lorena.R7. 

_{Miá Mello na première de "Vai Ter Troco" no Rio de Janeiro (Foto: Eduarda Monteiro)}

Já Marcos Veras, intérprete do corrupto Afonso, contou como construiu esse personagem que é visto com frequência no cotidiano e nos jornais brasileiros, e que, apesar da desonestidade, são carismáticos. 

“Infelizmente o Afonso é um personagem que existe. É um personagem muito brasileiro, que eu acredito que é a minoria brasileira, porque são empresários, ricos…mas é uma minoria que faz um estrago muito grande no país. É uma minoria que faz um estrago pra maioria. 

Então o Afonso é um empresário envolvido com corrupção, com política…esse personagem está nos jornais todos os dias e eu busquei fazer o Afonso de uma maneira carismática, leve e engraçada, coisa que esses personagens da vida real também são! Eles são amigáveis, bonachões, engraçados, e talvez por isso eles consigam fazer determinados estragos. 

Eu estou muito feliz de contar essa história, é um filme muito atual, pra classe trabalhadora, pra classe dos patrões e chefes também, mas principalmente pras empregadas domésticas, motoboys. Então é um filme que tem uma importância da gente repensar alguns acordos da sociedade atual. Um filme que foi feito em 2018 e que continua conversando com os dias atuais.”

_{Marcos Veras na première de "Vai Ter Troco" no Rio de Janeiro (Foto: Eduarda Monteiro)}

Unidas na pobreza...e na riqueza

Evelyn Castro dá vida à Tonha, uma mulher batalhadora que luta para dar um futuro digno para seu filho, um menino surdo e que foi diretamente afetado pelo crime de desvio de verbas de Afonso. Para o papel, a atriz aprendeu libras e trouxe para si a missão de se empenhar na causa PCD o quanto pudesse. 

“Foi tendo uma preparação realmente com o Yohan [filho de Tonha no filme] que tem realmente deficiência auditiva, que já tinha todo um processo, ele já usava aparelho, já tinha a fala avançadíssima, então ele me ensinou muito da linguagem de sinais, eu tive uma troca enorme com ele. Eu não tive na vida nenhum contato, então foi através dele. Hoje eu tenho contato, no geral, com PCD, eu amadrinhei a causa autista, tenho um contato maior, estou me empenhando. 

Eu tenho procurado, enquanto artista, dar voz a isso e acho que tem que ter mais nos teatros, tem que ter audiodescrição, descrição em libras…a gente tem que falar mais sobre isso. Mas há cinco anos atrás foi através do Yohan e, que honra! E agora eu descobri que ele está com uma ONG que é a coisa mais linda. O nome é ‘Eu Abraço o Mundo’, e é ele quem faz cachecóis e costura para ajudar pessoas em situação de rua, e é a coisa mais linda do mundo. A gente só aprende! Eu vou aprender muito mais com esse rapaz ainda!” 

_{Evelyn Castro na première de "Vai Ter Troco" no Rio de Janeiro (Foto: Eduarda Monteiro)}

Nany People abraçou o desafio de viver uma personagem completamente despida de vaidade e empoderamento. A atriz define Zildete como alguém oposta à sua personalidade e conta que foi um papel que a tirou da zona de conforto. 

“Diferentes em estética e comportamento, né? Ela é dócil, amável, e muito manipulável. A Zildete não tem noção de responder um patrão. Ela acha que o lugar dela é só aquele de ser servil, ser servidora o tempo todo. 

Foi um desafio. Eu me lembro do diretor, Maurício Eça, durante as leituras, me dizendo assim: ‘Você sabe que não vai ficar assim, né? Cílios todos bonitinho, batonzinho…você não vai ficar assim’. E assim foi. Tive que me despir da maquiagem e de toda essa pseudo segurança que se tem na nossa zona de conforto e encontrar essa criatura doce, pura e adorável, que eu sabia que iria conhecer em algum lugar da minha vida e ainda não tinha encontrado. 

Eu estive pensando e conheci muitas Zildetes na minha vida, mas eu não tenho nada a ver com ela em ser pacífica. Não, eu não sou pacífica assim e a Zildete é demais, então a Tonha dá um sacode nela de ‘Acorda, Maria!” 

_{Nany People na première de "Vai Ter Troco" no Rio de Janeiro (Foto: Eduarda Monteiro)}

Irmãos Souza Di Souza: a colapsada e o (muito) calmo

Com “Vai Ter Troco”, Giovanna Grigio vai para sua segunda estreia nas telonas só em 2023, e em pouco mais de um mês exato. Em julho, a atriz de 25 anos, estreou como Sofia Alonzo no conto de fadas “Perdida”, baseado no primeiro volume da saga best-seller de Carina Rissi. Agora, ainda no frenesi do romance, ela volta à Miranda, personagem rodada há cinco anos, completamente diferente de Sofia. 

“Na real, é meio maluco, porque esse filme a gente gravou há cinco anos atrás, então a Sofia não estava nem nos meus planos quando a Miranda existiu em mim. Finalmente a gente está podendo estrear no cinema, que realmente era nosso grande sonho, trazer esse filme pro cinema. E é meio maluco, meio caótico. 

Faz um mês que estreou ‘Perdida’, agora estou aqui com ‘Vai Ter Troco’. Ainda estou meio contagiada pela energia do último filme, empolgada com a saída desse, que foi uma estreia muito esperada, ao mesmo tempo estou preparando uma personagem nova…então tipo, eu estou louca, louca! Mas a Miranda é louca também, então a gente está em uma energia parecida.”

_{Giovanna Grigio na première de "Vai Ter Troco" no Rio de Janeiro (Foto: Eduarda Monteiro)}

JohnJohn é o primeiro personagem de comédia de Nicholas Torres, e também é o primeiro nas telas em que não faz parte de um núcleo ou obra infantil. Para Nicholas, o papel pode trazer um choque divertido nas pessoas que ainda o enxergam de maneira infantilizada, mesmo que já tenha 23 anos. 

“Foi uma baita diversão construir o JohnJohn, personagem que, como você falou, completamente diferente de tudo que eu já fiz, dos trabalhos infantis, ao mesmo tempo que ele tem sua infância, porque ele é um filhinho de papai, mimado, tem essa ingenuidade, essa parte das drogas…mas o processo de construção foi bem diferente porque eu não sou um cara que usa drogas, então puxar referências de algo que eu não faço ideia de como é foi uma coisa bem gostosa de fazer e descobrir. 

Acho que essa parte deste trabalho não tão convencional dele vai chocar um pouco as pessoas que têm uma imagem minha do Jaime e outros personagens, então acho que vai dar um choque bem divertido na galera. Espero que as pessoas se divirtam bastante com o JohnJohn.” 

_{Nicholas Torres na première de "Vai Ter Troco" no Rio de Janeiro (Foto: Eduarda Monteiro)}

Dirigido por Maurício Eça, diretor de obras como “A Menina que Matou os Pais”, “O Menino que Matou Meus Pais”, produzido pela Amaia Produções e distribuído pela Star Distribution Brasil, “Vai Ter Troco” entra em cartaz nos cinemas hoje (17) e tem participações especiais de Ludmilla e Falcão.

Foto destaque: elenco de "Vai Ter Troco" na première no Rio de Janeiro. Foto/Eduarda Monteiro