Era incontestável. Todos os resultados faziam com que o Galo mirasse na taça de Campeão Brasileiro de 2021. Um grito de "campeão" que fechava a garganta do atleticano desde 1971, quando o Atlético conquistou seu primeiro título. O Atlético-MG foi guiado em seu retorno pela sua torcida apaixonada, que caminhou lado a lado do clube até o último minuto daquele 2 de dezembro de 2021.
Comemoração do gol (Foto: Pedro Souza/Atlético)
O Galo assustou seu torcedor que estava na esperança de finalmente, poder soltar o grito que lhe engasgava há 50 anos. Faltavam apenas dois pontos num jogo contra um Bahia que luta contra o rebaixamento. O Atlético-MG começou perdendo de 2 a 0 e de forma mágica portanto, nada surpreendente, o Galo virou o jogo para 3 a 2 em cinco minutos. Talvez aquela fosse a melhor forma de ser campeão: De surpresa, com rapidez, com encanto, garra e insistência.
Não é a toa que o Atlético tem a maior média de público pela décima vez. A presença da torcida alvinegra nas arquibancadas do Mineirão tornaram o Galo imbátivel e este ano foi a maior prova disso. O estádio teve uma média superior a 40 mil torcedores apaixonados e ansiosos pela volta do Atlético ao pódio e com a voz, empurrou a equipe liderada por Cuca até, finalmente, pôr as mãos na taça. E temos a prova disso: A única derrota dentro de casa foi contra o Fortaleza, lá atrás, ainda na primeira rodada com portões fechados.
Torcida do Atlético-MG (Foto: Bruno Souza/Atlético)
Claro que os investimentos feitos pelo setor financeiro do clube foram essenciais para que o Galo voltasse a vencer, já que graças aos famosos "quatro R's", o Galo foi reerguido com cerca de R$ 400 milhões investidos por Rubens Menin, Rafael Menin, Ricardo Guimarães e Renato Salvador. Jogadores como Arana, Allan, Alonso, Alan Franco, Zaracho, Diego Costa e Keno estão na lista dos craques que os mecenas trouxeram para Minas e fizeram o Atlético campeão.
Comemoração do título (Foto: Pedro Souza/Atlético)
A estrela do time já não brilhava há muito tempo, estava no exterior há 16 anos e a memória mais clara que o torcedor brasileiro tinha era aquele fatídico 7 a 1 com a Seleção de 2014. Talvez tê-lo não seria boa ideia, já não jogava em campos brasileiros há muito tempo. Ainda assim foi sondado pelo Flamengo quando revelou seu desejo de voltar ao Brasil. Porém, os deuses do futebol - que jamais falham -, os destinos de Hulk e Atlético-MG já haviam sido cruzados e a história começava a ser escrita.
Hulk pelo Galo (Foto: Pedro Souza/Atlético)
Contestado pela idade, aos 35 anos, Hulk escreveu seu nome na história do Atlético-MG, indo contra qualquer especulação negativa. O atacante foi o artilheiro do campeonato com 17 gols, também é o maior goleador da equipe nesta temporada com 32, o que é um número impressionante para alguém tão contestado, já que, nem mesmo Ronaldinho Gaúcho havia conseguido em 2012, quando vivia sua melhor fase no Brasil.
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O Atlético-MG bateu na trave diversas vezes. Foram muitas as tentativas de voltar a gritar "campeão", desde 1971. Em 1977, foi vice e invicto, liderado pelo artilheiro Reinaldo. Perdeu nos pênaltis para o São Paulo. Em 1980, Reinaldo tentou mais uma vez, levando sua equipe a uma disputa acirrada com o Flamengo de Zico. Em 87, o Atlético de Telê Santana, voltou a ser eliminado pelo Flamengo.
2012, o ano do Bruxo, também foi frustrante. A melhor campanha do primeiro turno foi do Atlético, que contava com a maestria de Ronaldinho em campo, porém, o rendimento caiu e o Fluminense venceu. 2015 e 2020 também foram anos de esperança e na temporada passada, Sampaoli fez os olhos dos torcedores brilharem mas ficou apenas em 3º.
Cuca no comando do Atlético (Foto: Pedro Souza/Atlético)
Cuca voltou para o Atlético e mudou a equipe. O técnico chegou sob protestos mesmo sendo responsável pelo título da Libertadores em 2013 mas num trabalho de mestre, Cuca apresentou um Atlético que o torcedor já não via há tempos. Organizado mentalmente, taticamente, inteligente, ofensivo e defensivo. Era equilibrado em todos os aspectos.
Torcida do Atlético (Foto: Pedro Souza/Atlético)
A temporada impecável fez com que o torcedor atleticano voltasse a enxergar sua equipe com olhos esperançosos, otimistas e os heróis foram recebidos de braços abertos, calorosamente, em meio à lágrimas e cantos de milhares de torcedores na Praça Sete, em Belo Horizonte. Foram quase 10 horas suficientes para que todos pudessem ouvir, torcedores da terra e do céu: O GALO GANHOU!
Foto destaque: Atlético-MG. Pedro Souza/Atlético