"A Filha Perdida", que foi lançado no último dia do ano de 2021 pela Netflix, em sua plataforma de streaming, é a primeira adaptação cinematográfica de uma obra da autora Elena Ferrante com direção feminina. Maggie Gyllenhall trouxe para as telas o livro homônimo da autora misteriosa (seu nome é apenas um pseudônimo, ninguém sabe sua real identidade), tomando liberdade de mudar um pouco em relação à obra original, mantendo a sua essência: a grande angústia e o enorme desconforto.
O longa vai contar a história de Leda Caruso, uma mulher de meia-idade de férias em um balneário grego. O filme alterna entre sua estadia no balneário e flashbacks de seu passado, quando vivia com suas duas filhas, com seu marido e antes de ingressar no meio acadêmico.
Trailer de "A Filha Perdida" (Vídeo:Reprodução/Youtube)
Interpretada por Olivia Colman no presente e Jessie Buckley no passado, a personagem se mostra complexa desde o primeiro instante. Leda aproveita a paz na praia, que logo é interrompida por um grupo de turistas norte-americanos. Em meio a todo o caos, Leda repara com atenção uma jovem mãe, Nina, interpretada por Dakota Johnson, e sua filha pequena Elena, interpretada por Athena Martin Anderson. Quando Elena se perde na praia, Leda participa das buscas para achá-la e cria laços com a mãe da criança.
A diretora, Maggie Gyllenhall, foge da estrutura convencional de conduzir o espectador ao ponto de vista de Leda. Diferente disso, vemos a narrativa sempre traçando a história sob o olhar da personagem, mas nunca de maneira didática. Durante o filme, o espectador descobre que Leda é uma mulher muito angustiada, que olha para o seu passado com nostalgia e culpa.
Cena de Dakota Johnson e Athena Martin Anderson (Foto: Yannis Drakoullidis/Netflix)
O jogo da narrativa, com suas idas e vindas, não é por acaso: ele nos faz entender a personagem e seus atos. Como nada é simples no mundo de Elena Ferrante, Gyllenhall faz um excelente trabalho de captar essa característica do texto da italiana. "A Filha Perdida" lembra de maneira certeira o cinema italiano contemporâneo, como produções de Paolo Sorrentino e Luca Guadagnino, pelo jeito que conduz a história e utiliza a localização a seu favor.
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O longa é intimista que mostra muito e fala pouco. A diretora também é muito inteligente ao não julgar as escolhas da protagonista Leda. A direção do filme e o texto deixa livre para que o espectador faça seus próprios julgamentos de valor. Concordando ou não, vemos os reflexos na Leda de Olivia Colman.
"A Filha Perdida" é um dos melhores filmes de 2021. É complexo e conduzido de forma impecável, lidando com assuntos como maternidade, escolhas, culpa e feminilidade, mas com uma história de liberdade.
Foto destaque: Dakota Johnson. Yannis Drakoullidis/Netflix