Sobre Helmut Esser

Jornalista no portal Lorena R7.

Saiba a diferença entre alergia e intolerância alimentar

Já aconteceu com você de recusar certo alimento, em um barzinho ou em uma reunião social, porque sabe que mais tarde sentirá algum tipo de desconforto, como inchaço ou gases? A primeira reação é pensar que somos ‘intolerantes’ àquele alimento e retirá-lo completamente da nossa lista de consumo do dia a dia. No entanto, qual é a diferencia entre alergia e intolerância alimentar?

De acordo a Dra. Elza Mello, médica nutróloga, gastropediatra e professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), cerca de 30% da população mundial apresenta algum tipo de alergia alimentar, e, para isso, deve-se realizar o teste junto a um profissional de saúde habilitado. Saiba diferenciar:


Cerca de 30% da população mundial apresenta algum tipo de alergia alimentar. (Foto: Reprodução/ Getty Image)


Intolerância alimentar é causada pela falta de uma enzima que digere certo nutriente, como glúten ou lactose. É comum que sinta incômodos como dores abdominais, gases e enjoo, mas, ao contrário da alergia, não tem risco de morte. Pessoas com síndrome do intestino irritável, doença celíaca ou hipersensíveis a aditivos alimentares também apresentam intolerâncias alimentares. Segundo a nutróloga, apesar de desagradável, a situação pode ser contornada e o paciente não precisa excluir o causador do incômodo inteiramente do cardápio.

O diagnóstico de intolerância é clinico, dieta de eliminação será elaborado retirando aquele alimento orientado e aos poucos será liberado até encontrar o limiar do paciente. Outros fatores influenciam como, quantidade, condições emocionais, horários e combinações”, ressalta a médica.

Por outro lado, a alergia alimentar é uma reação imunológica às proteínas específicas de um alimento como invasoras e manda células de defesa para combatê-las. Esse ataque pode afetar vários órgãos do corpo, causando choque anafilático. Os sintomas comuns são: inchaço nos lábios, coceira, tosse, diarreia, edema de glote e falta de ar.

No caso de diagnóstico de alergia, o profissional deve passar uma dieta bem rigorosa ao paciente. “Pessoas querem uma dieta especifica e, nutricionalmente falando, posso restringir o paciente à algum nutriente, causando déficit nutricional grande.”, informa Elza Mello. Mesmo já tendo tido previamente uma reação alérgica, a pessoa deve ser levada ao hospital, pois, em contato com alimento, pode gerar ataques mais sérios.

Procure um profissional de saúde habilitado para realização do diagnóstico correto. Não se automedique.

 

Foto Destaque: Alergia alimentar é uma reação imunológica às proteínas específicas de um alimento. Reprodução/Pexel

Melatonina não é solução para insônia e seu uso pode ser perigoso

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a liberação da venda de melatonina, substância conhecida como hormônio do sono, sem prescrição medica há alguns meses, no entanto o consumo descontrolado do suplemento podem agravar quadros e desregular o organizado. Especialistas afirmam que não há evidências de que o suplemento traga benefício direto a quem sofre de insônia.

A melatonina é um hormônio produzido pela glândula pineal, localizada no centro do cérebro, e atua como regulador e indutor do sono, entre outras tarefas. O hormônio é recomendado para o tratamento dos transtornos de ritmo circadiano e o transtorno comportamental do sono REM. Ou seja, é essa glândula ‘quem’ decide quando vamos dormir. Inicia a produção de melatonina quando percebe a queda da luz, anoitecer, e entender que deve se preparar para dormir. Por isso é orientado às pessoas evitar a exposição a telas antes de ir dormir.

Diferente de minerais e vitaminas, a melatonina não é simples de medir a concentração no sangue. A neurologista Dalva Poyares, pesquisadora do Instituto do Sono (SP) explica: “Ela é um hormônio. Então não é possível dizer se uma pessoa precisa de reposição e em qual medida”.


Cerca de 35% das pessoas que sofrem de insônia usam remédios sem o acompanhamento devido. (Foto: Reprodução/Pixabay)


Especialistas estão preocupados com o consumo desenfreado do medicamento, pois segundo Caio Bonadio, médico psiquiatra da Vigilantes do Sono, aproximadamente, 35% das pessoas que sofrem de insônia usam remédios sem o acompanhamento devido.  

Dormir mal não significa somente ter insônia. Existem cerca de 50 doenças do sono catalogadas. Como o nosso corpo produz a melatonina naturalmente, é preciso fazer uma avaliação médica completa antes de decidir prescrevê-la”, explica o especialista. Antes de aderir às drogas, modificações no estilo de vida serão realizadas como, dieta alimentar, exercícios físicos. Segundo a Associação Brasileira do Sono (ABS) a melatonina não é indicada no tratamento de insônia pelos relatórios europeu e americano.

Para o bom funcionamento do organismo nosso corpo produz cerca de 0.2 miligramas de melatonina todos os dias e, por isso, que a Anvisa assegura que a dose deve ser respeitada. A psiquiatra Dalva alerta: “a melatonina age também no pulmão, no cérebro, no fígado e no sistema endócrino, e não há estudos suficientes que avaliem possíveis danos nesses órgãos se houver erro de dosagem ou mau uso do suplemento”.

Consumo desregulado e rotina desbalanceada podem ser riscos para pessoas que usando produtos a base de melatonina, como o professor do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, José Cipolla Neto, informa: “Se houver refeição próxima à ingestão de melatonina, a pessoa corre maior risco de desenvolver diabetes”.

Ainda que o medicamento esteja disponível na prateleira da farmácia só utilize com prescrição médica.

 

 

Foto Destaque: O consumo de melatonina sem acompanhamento médico por ser perigoso. Reprodução/ Singlecare

Partir comprimido pode prejudicar tratamento, aponta estudo

Você já teve que cortar o comprimido do o seu remédio, seja para fazê-lo render mais ou porque na farmácia só tinha a dose maior? Parece ser uma prática comum e inofensiva, não é mesmo? Achou errado! É o que mostra o estudo da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) ao segmentar 750 pílulas de hidroclorotiazida, diurético indicado para o tratamento da hipertensão. Após análise identificaram discrepâncias nas partes divididas. O princípio ativo do remédio, a parte que nós é importante, não estava presente na mesma proporção nas duas metades, podendo interferir no tratamento do paciente.

Segundo o professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Leonardo Pereira, “(…) o medicamento é uma mistura do princípio ativo com outros excipientes farmacêuticos. Isso tudo é misturado e prensado. Por isso, não é possível garantir que a metade direita e a metade esquerda tenham a mesma quantidade”, explica o professor.


Parece bobo, mas partir o comprimido pode prejudicar o tratamento do paciente. (Foto: Reprodução/ Pexel)


Ao partir o comprimido corre o risco de neutralizar o medicamento, alerta Associação Brasileira de Ciências Farmacêuticas. Alguns medicamentos são revestidos por uma fina capa protetora que evita a absolvição precoce do comprimido, como no duodeno, ou permite a liberação mais lenta no sangue. Cortando a pílula cria-se o contato direto do remédio com o tecido.

O artigo foi publicado na revista Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada. “(…) a avaliação do processo de partição apresentou diferenças significativas na uniformidade de massa e de conteúdo, verificando-se que há grande variação de teor. Considerando que a hipertensão é uma doença grave e que requer esquema posológico rígido, variações na dosagem podem influenciar significativamente no tratamento do hipertenso”, destacam pesquisadores.

Somente em algumas situações é sugerida a fragmentação do medicamento, sob a orientação do especialista para o aumento da dose aos poucos e em processo de ‘desmame’, quando o paciente deve parar com uma medicação.

 

 

Foto Destaque: Após análise foram encontradas discrepâncias nas partes divididas. Reprodução/ Singlecare

Governo de São Paulo cogita 4ª dose, mas precisa terminar anteriores antes

A Coordenadora do programa de imunização, Regiane de Paula, disse neste sábado (5) que o governo de São Paulo cogita aplicação da 4ª dose da vacina contra a Covid-19 para toda a população. Para pessoas imunossuprimidas a dose extra já é permitida desde o dia 21 de dezembro de 2021. No entanto, antes do projeto sair do papel “é necessário terminar a aplicação da terceira dose, a de reforço, a todos os elegíveis antes”, disse Regiane numa coletiva de imprensa durante o ‘Dia C’.

Mas não para por aí. Andando de mãos dadas com a vacinação infantil e aplicação da dose de reforço, o governo paulista está focado em quem não completou o esquema vacinal, 2,2 milhões de pessoas estão com a segunda dose atrasadas. Neste começo de ano 10 milhões de pessoas estariam em condição para tomar a terceira dose.

São Paulo é a capital com o maior índice de vacinação do Brasil, com 85.76% da população imunizada com pelo menos uma dose contra a Covid-19, o equivalente a 40.3 milhões de residentes.


Campanha “/Dia C da Vacinação”/ promovida pelo governo ocorreu sabado(5). (Foto: Reprodução/ Carlos Mendonça)


O “Dia C de Vacinação” é a campanha promovida pelo governo paulista para ampliar a imunização de crianças entre 5 a 11 anos contra a Covid-19. Espalhados pelos 645 municípios do estado mais de 5 mil postos já vacinaram 1.746.033 de crianças, representando 43.61% do público estimado.

Países como Chile e Israel a 4ª dose da vacina já está disponível para as pessoas. Além das imunossuprimidas, no Chile a dose é aplicada em pessoas acima de 55 anos e em Israel acima dos 60 anos e profissionais da saúde. Na comunidade cientifica não há um consenso sobre a dose extra. No final de dezembro de 2021 o diretor do Instituto Nacional de Doenças Infecciosas e Alérgicas, Anthony Fauci, disse numa entrevista para rádio americana que ainda é cedo para falar em uma nova dose sendo que ainda é necessário acompanhar os efeitos da terceira dose.

 

Foto Destaque: Técnica de enfermagem Rayssa de Sousa aplicando primeira dose em Ana Mercedes, de 6 anos. Reprodução/ ANA BRANCO / Agência O Globo

Imunização infantil contra Covid-19 não está uniforme

A vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra a Covid-19 não está uniforme nas capitais brasileiras, segundo o levantamento de dados feito pelo GLOBO, realizado entre quarta-feira (2) e sexta-feira (4). Entre as capitais que responderam ao levantamento, São Paulo e Belém apresentaram as maiores taxas, como 54,2% e 36,7% respectivamente. Em terceiro lugar está o Rio de Janeiro com 29,66%, o que resulta em 166 mil crianças. As capitais com menores índices são Fortaleza com 8%, Teresina com 3,78% e Boa Vista com 2,33%.

Dados desatualizados, problemas técnicos no registro e o processamento da plataforma de monitoramento sanitário são fatores agravantes nessa falta de ritmo da campanha. Resquícios dos ataques ao sistema do Ministério da Saúde por hackers em dezembro de 2021 atrapalham a precisão da contabilização. É possível que efeitos dos ataques reverbere até fevereiro.

Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), insinua algum tipo de impedimento nos dados coletados, dizendo que Roraima e Pará têm registrado 7% de crianças vacinadas com a primeira dose contra a Covid-19; isso está errado.


Levantamento do GLOBO com base em dados das secretarias municipais de Saúde, considerando o total da população-alvo da vacinação infantil. (Foto: Reprodução/ O Globo)


Gilberto Albuquerque, presidente da Fundação Municipal de Saúde, enfatiza: “O Ministério da Saúde ainda está com problemas no cadastro dos dados, mas estamos tocando a campanha e registrando em sistema próprio. Depois, quando o do governo federal normalizar, vamos ter que digitar tudo de novo. Digitar, mesmo.

O consórcio de imprensa mostra que 2.659.814 crianças de 5 a 11 anos tomaram a primeira dose, o que significa 13% da população dessa faixa etária. Segundo o coordenador na Rede Análise Covid-19, Isaac Schrarstzhaupt, o Brasil deve imunizar todas as crianças em quase cinco meses caso mantenha o ritmo atual de 1% a cada 1,5 dia.

É super importante ressaltar que o ritmo nunca se mantém, principalmente se a vacinação é voluntária e não compulsória. Se houver mais hesitação, dos pais ou responsáveis, pode ter mais dificuldade.” – alerta Isaac Schrarstzhaupt.

Diferentes tipos de abordagens estão sendo tomadas em diversas capitais. Belo Horizonte e Campo Grande, por exemplo, implementaram a vacinação nas escolas, outras estão abrindo as unidades médicas de saúde aos fins de semana. Capitais como Aracaju, Goiânia, Florianópolis e Vitória, Rio Branco, Salvador e Maceió não responderam ao pedido até o momento.

 

Foto Destaque: Os indices de imunização infantil no Brasil estão fora do ritmo. Reprodução/Pixabay

Estudo diz que uso conjunto de aspirina e anticoagulante previne doenças cardiovasculares

Um estudo publicado na revista “/New England Journal Of Medicine”/ em 2017, traz à luz uma questão importante: usar aspirina para prevenção de coágulos ou usar um anticoagulante rivaroxabana junto à aspirina? O estudo chamado Compass concluiu que, aqueles que tomaram aspirina com anticoagulante, em doses baixas, tiveram menos chances de ter derrames, infarto e risco de óbito por causas cardiovasculares do que os pacientes que tomaram somente a aspirina.

Muitas pessoas não sabem, mas doenças cardiovasculares é a principal causa de óbito em pessoas diagnosticadas com diabetes, principalmente, AVC e infarto. Maioria das vezes relacionada a placas de gorduras nas artérias coronárias e cerebrais. O grupo de pacientes com diabetes analisados obtiveram maior benefício. Outro ponto que deixou os pesquisadores otimistas é a redução da taxa de amputações em pacientes que já tinham indicações de má circulação.

No entanto, nem tudo são flores. O mix de aspirina com anticoagulante aumenta as chances de efeito colateral, em sua maioria sangramentos, como gastrointestinais são os mais frequentes. Por este motivo, sugere-se o uso de doses menores do anticoagulante. Mesmo correndo este risco o benefício cardiovascular é indispensável.


Endodebate 2020 (Foto: Reprodução/Clannad Editora Científica)


Carlos Eduardo Barra Couri, doutor em endocrinologista e pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), organizador do Endodebate comenta: “(…) hoje utilizamos a aspirina, mas a proteção fica mais eficiente quando se adiciona a rivaroxabana. Muitos médicos não sabem que é indicado fazer essa combinação no diabetes tipo 2 quando já houve casos de doença cardiovascular(…)”.

Hoje, a comunidade médica como, Sociedade Europeia de Cardiologia e a Associação Americana de Diabetes sugerem o uso de aspirina a uma dose baixa de rivaroxabana em pacientes com diabetes que tiveram doenças cardíacas anteriormente.

Apesar das informações contidas nesta matéria, cada paciente é diferente. Cada caso é um caso e as recomendações não são universais. Consulte o seu médico antes de ingerir qualquer medicamento por conta própria.

 

Foto Destaque: O uso conjunto de aspirina e anticoagulante rivaroxabana. Reprodução/iStock

Subvariante da ômicron BA.2 é um terço mais contagiosa do que ‘original’

Estudo supervisionado por pesquisadores do Stans Serum Institut (SSI) da Universidade de Copenhague e da Universidade Técnica da Dinamarca aponta subvariante da ômicron, intitulada BA.2, é mais contagiosa do que a mais comum BA.1. A analise do material coletado em casos de coronavírus em mais de 8.500 residências, entre o período de dezembro de 2021 a janeiro de 2022, demonstrou que a subvariante BA.2 tem cerca de 33% mais chances de contaminar outra pessoa. Ou seja, um terço mais transmissiva em comparação com a BA.1; que, por sua vez, é 50% mais transmissiva que a variante Delta.

Se você foi exposto à ômicron BA.2 em sua casa, você tem 39% de probabilidade de ser infectado dentro de sete dias. Se você tivesse sido exposto à BA.1, a probabilidade é de 29%“, conta autor do estudo Frederik Plesner à Reuters.

A subvariante BA.1 ‘original ’ é responsável por 98% dos de ômicron em todo o mundo. E na Dinamarca a subvariação rapidamente assumiu o controle, causando o surto de casos, capaz de infectar, alias, pessoas já vacinadas.


Premiê Mette Frederiksen ao lado de autoridades de saúde. (Foto: Reprodução/ EFE/ Mads Claus Rasmussen)


Segundo o ministro da saúde dinamarquês, Magnus Heunicke, não existem evidências de que o subtipo cause uma doença mais grave, no entanto é provável que seja mais contagiosa. De acordo a diretora técnica da SSI, Tyra Grove Krause, devido ao número recorde de infecções diárias as medidas de restrição irão se estender em fevereiro, sendo o último país da Europa a flexibilizar as medidas restritivas.

Concluímos que a ômicron BA.2 é inerentemente substancialmente mais transmissível do que BA.1, e que também possui propriedades imunoevasivas que reduzem ainda mais o efeito protetor da vacinação contra infecções“, disseram os pesquisadores do estudo.

A subvariante BA.2 continua sendo estudada pela autoridades. Em uma porcentagem muito menor também foram registrados casos do subtipo nos Estados Unidos, Reino Unido, Suécia e Noruega.

 

Foto Destaque: Primeiro registro da variante ômicron. Reprodução/ Universidade de Hong Kong, Facultade de Medicina Li Ka Shing.

Descarte incorreto de resíduos hospitalares cresce e ameaça meio ambiente

O novo relatório emitido nesta terça-feira (1º) pela Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta o crescimento no descarte incorreto de resíduos hospitalares durante a pandemia da Covid-19. Segundo a OMS estima-se que 87 mil toneladas de equipamentos de proteção individual (EPI), adquiridos entre março de 2020 e novembro de 2021, em uma iniciativa emergencial da Organização das Nações Unidas (ONU) em combate contra à Covid-19 acabaram como lixo.

O aumento demasiado causa estresse nos sistemas de gerenciamento de resíduos de saúde em todo o mundo ameaçando o meio ambiente e colocando em risco a saúde humana. É necessário melhorias nas práticas de descarte e processamento destes materiais urgente.

De acordo com os autores, foram fornecidos cerca de 8 bilhões de doses de vacinas e 140 milhões de kits de teste administradas globalmente. O impacto foi de 2.600 toneladas de lixo não infecciosos, geralmente plástico, 144 mil toneladas de resíduos originários das doses como seringas, agulhas, caixas de segurança e 731 mil litros de resíduos químicos, aproximadamente um terço de uma piscina olímpica. Além disso, existe o risco de profissionais de saúde serem expostos a ferimentos com agulhas e contágio com microrganismos causadores de doenças.

É absolutamente vital fornecer aos profissionais de saúde o EPI certo, mas também é vital garantir que ele possa ser usado com segurança sem afetar o meio ambiente”, disse Michael Ryan, diretor-executivo do Programa de Emergências de Saúde da OMS, em um comunicado.

No contexto da pandemia, novas instalações de saúdes foram criadas para suprir à necessidade de demanda, muitas de forma não equipadas para o descarte adequado destes resíduos. Em países menos desenvolvidos 60% das instalações não possuem o descarte consciente.


Aumento de descarte de resíduos hospitalares nos oceanos (Foto: Reprodução/ Alamy Stock Photo)


Segundo com a pesquisa publicada no Heliyon em torno 1.6 milhões de toneladas de resíduos plásticos foram gerados no planeta por dia desde o início da pandemia até o fim de 2020. O estudo aponta que, aproximadamente, 3.4 bilhões de máscaras são descartadas todos os dias; e grande parte desse volume vai parar no fundo do mar ou às costas marinhas.

Alexander Turra, pesquisador do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP), nos lembra de um antigo problema que vem se agravando: o descarte de lixo nos oceanos. Segundo o especialista, o descarte inadequado de qualquer tipo de material coloca em risco a vida de tartarugas, golfinhos, peixes e aves. “Outro problema é a inanição, o estômago fica cheio de lixo e o animal acaba não sentindo que está com fome, com isso, come menos, absorve menos nutrientes e morre”, explica.

A OMS defende um conjunto de melhorias no gerenciamento de resíduos como, uso de embalagens e envios ecologicamente corretos, EPIs reutilizáveis e o uso de materiais recicláveis ou biodegradáveis. Aumento de investimento em tecnologias para o tratamento de resíduos e reciclagem é levantado no relatório como ação em paralelo às boas praticas reduzindo de modo seguro e, principalmente, sustentável.

No entanto, nada disso adiantará sem políticas públicas, regulamentações nacionais, monitoramento, relatórios regulares e maior responsabilidade por parte dos governantes. O presidente do Grupo de Trabalho de Resíduos de Serviços de Saúde da International Solid Waste Association (ISWA),

Anne Woolridge alerta: “Uma mudança sistêmica na forma como os serviços de saúde gerenciam seus resíduos incluiria um escrutínio maior e sistemático e melhores práticas de aquisição”.

O relatório não abrange produtos gerados pela população, como máscaras descartáveis ou de tecido, adquiridos fora do período da iniciativa da ONU.

 

Foto Destaque: Descarte incorreto de lixo hospitalar aumentou durante a pandemia de Covid-19. Reprodução/ Ryutaro Tsukata /Pexels

Termografia não deve substituir a mamografia

A técnica da Termografia, inicialmente usada em área militar, utiliza de radiação infravermelha emanada pelo corpo e convertida em temperatura, mapeando assim a imagem analisada. Seu primeiro uso como tentativa de identificar um tumor na mama foi em 1956 em Montreal, no Canadá. A agência reguladora do mercado de saúde americano, FDA (Food and Drug Administration), aprovou o método em 1982 para uso. No entanto, a comunidade médica não aconselha que a tecnologia seja usada de maneira isolada, pois sua eficácia é controversa, devido ao fato de ter resultados inconsistentes com falhas na detecção e diagnósticos falsos.

Os estudos continuaram sendo realizados e, agora, com auxílio de inteligência artificial, a tendência é tornar o sistema cada vez mais automatizado e inteligente, identificando melhor padrões para tornar o exame cada vez mais preciso. Ainda assim mais pesquisas precisam ser feitas ampliando todos os tipos de tumores e outras condições como a de mulheres obesas e de mamas grandes.


Outubro Rosa é o mês dedicado à conscientização do câncer de mama. (Foto: Reprodução/ Vasyl Dolmatov/ iStock).


A perda de interesse na tecnologia surgiu pela falta de estudos robustos e dados clínicos públicos. Mesmo com a adição de inteligência artificial, são necessários resultados consistentes para confecção de protocolos padronizados. Hoje em dia, exames via termografia tem dificuldade de distinguir o câncer de mama e regiões inflamadas, por exemplo.

Mesmo não sendo compreendida totalmente pela ciência moderna, o diagnóstico precoce é a melhor estratégia para aumentar as chances de cura. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o câncer de mama é a principal causa de morte específica por câncer na população feminina.

A mamografia continua sendo o exame mais eficaz na detecção de pequenos tumores, no entanto, existem algumas limitações nestes casos testes complementares como ultrassonografia, ressonância e mamografia com contraste são indicados. Em 2019, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) apontou mais de 66 mil casos só no Brasil e cerca de 18 mil óbitos pela doença.

Foto Destaque: Mamografia ainda é o exame mais eficaz para identificação de tumor. Reprodução/Stocksy.

Hanseníase persiste como problema de saúde pública; entenda

A hanseníase é uma doença que afeta os nervos periféricos e a pele, causada pela bactéria Mycobacterium lepra, a hanseníase pode desenvolver dormência, formigamento e diminuição da força das mãos, pés ou pálpebras, além de marcar a pele com manchas brancas ou avermelhadas com diminuição ou perda da sensação de calor, de dor e tato.

A doença é bem antiga na historia humana, com relatos que datam de 600 a.C. Mesmo sendo antiga, no Brasil, é um grave problema de saúde pública, com 15.155 novos casos da doença em 2021. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a hanseníase como doença negligenciada. Falta de interesse, baixo investimento em pesquisas por parte de grandes empresas farmacêuticas prejudicando o diagnóstico e tratamento da população de baixa renda.

Segundo o especialista pesquisador Milton Ozório, do Instituto Oswaldo Cruz, mesmo sendo curável a hanseníase permanece no Brasil devido a fatores não médicos; são condições presentes no sistema econômico, políticas públicas e sociais e agendas de desenvolvimento que explicam o agravamento da situação.“Quando falamos em condições de vida precária, incluímos questões como a falta de esgotamento sanitário, de água encanada e todos esses fatores que são importantes no que consideramos os determinantes sociais da saúde. Infelizmente, a persistência desses fatores no Brasil é risco justamente para essas populações que vivem em nível de pobreza e acabam desenvolvendo a doença com mais frequência”, relata Ozório.


Fique atento aos sintomas. (Foto: Reprodução/ Pexel)


Diagnosticada com hanseníase em 2013, Patrícia Gonçalves Soares de 36 anos, moradora de Vitória da Conquista (BA) é coordenadora do Movimento de Reintegração de Pessoas Afligidas pela hanseníase (Morhan) e conta que: “não conhecia a doença e só depois de muitas consultas uma médica suspeitou que podia ser a hanseníase. Costumo dizer que eu fui um caso para estudo e que tudo que pode acontecer de pior na hanseníase aconteceu comigo. De início, foi uma situação muito ruim, mas com o tratamento eu melhorei e não tenho mais a doença, mas o cuidado permanece”, afirma.

Falta de investimento em diagnósticos e dificuldade na realização do tratamento de forma oportuna são questões apontadas na avaliação da pesquisadora Carla Lisboa Porto da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP). Para Carla o acesso à informação é fundamental e defende a ideia em politicas publica e campanhas de conscientização.

Em relatório emitido pela OMS o número casos no mundo em 2020 foi de 127.396. Total de 19.195 (15%) relatados na região das Américas, sendo 17.979 somente no Brasil. A meta do Ministério da Saúde é combater as epidemias da hanseníase e outras doenças como tuberculose e malária até 2030 através da busca ativa de pessoas próximas daquelas com diagnóstico positivo.

Em 1995 a doença foi renomeada de lepra para hanseníase por definição da Lei n° 9.010, proibindo o termo nos documentos da União, dos estados e municípios devido ao estigma gerado em torno do nome. Este domingo (30) celebra-se o dia Mundial de Combate à hanseníase.

 

Foto Destaque: Brasil é o segundo país com mais novos casos da doença em 2021 (Foto: Reprodução/ Shutterstock)