Sobre Helmut Esser

Jornalista no portal Lorena R7.

Entenda a relação entre comediante e depressão

A depressão, misto de tristeza com falta de disposição, foi considerado a doença do século pela revista Times e, com ela, a cada dia, temos em redes sociais mais celebridades que declaram estar com o distúrbio mental. Whindersson Nunes, Felipe Neto, Chico Anysio, Jim Carrey e Robin Williams são alguns dos nomes no mundo humorístico que declarava ter a doença. Uma pessoa desavisada pode achar estranho esta relação de profunda tristeza com pessoas que fazem humor, seja em filmes de cinema ou em vídeos para YouTube, mas esta correlação é mais comum do que se pensa.

Assim como é descrito na obra do britânico quadrinista Alan Moore, Watchmen, a metáfora do ‘palhaço triste’, em que vai ao médico pedindo ajuda para sua tristeza incurável, parece uma história tanto trágica, quanto tétrica. Mas, afinal de contas, rir não é o melhor remédio? O psicanalista Christian Dunker, professor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) e coautor do “/O Palhaço e o Psicanalista”/, nos ajuda nessa questão: “Dar risada garante benefícios à saúde, mas fazer rir é outra história. Contar a mesma piada por 10 ou 20 vezes não é garantia absoluta de relaxamento e bem-estar”.


Ouvi uma piada uma vez: o homem vai ao médico. Diz que está deprimido. Diz que a vida parece dura e cruel. Diz que se sente sozinho em um mundo ameaçador, onde o que está à frente é vago e incerto. O médico diz: O tratamento é simples. O grande palhaço Pagliacci está na cidade hoje à noite. Vá e veja ele. Isso deve animá-lo. O homem começa a chorar. Diz: “/Mas doutor… eu sou Pagliacci. (Foto: Reprodução/Alan Moore/Watchmen)


Já a conselheira da Associação Brasileira de Familiares, Amigos e portadores de Transtornos Afetivos, Alexandrina Meleiro, esclarece o mistério entre a depressão em comediantes: “Boa parte dos comediantes enveredam pelo humor como válvula de escape. Ainda garotos, criam apelidos, contam piadas e fazem imitação só para chamar atenção dos outros. No colégio, são os ‘palhaços da turma’”.

A depressão não é detectável através de exame clínico, por meio de exame de sangue e chapas de raio-x e ainda segue sem diagnóstico correto e tratamento adequado. A depressão é considerada problema grave de distúrbio mental, pois pode levar o paciente a cometer suicídio, assim como já relatado na história pelo americano Robin Williams e o brasileiro Fausto Fausti.

No início de janeiro de 2022, os seguidores do influenciador Felipe Neto acordaram com a postagem que o humorista desabafa estar ‘no fundo do poço’ por causa do quadro e faz uma comparação de como é “enfrentar a doença sozinho é como entrar em campo sem goleiro contra o Flamengo ou o Corinthians. “/Você não vai vencer”/”.

Outro caso nacional é de Whindersson Nunes, de 23 anos. O humorista e YouTuber dedica um capítulo de sua autobiografia, “/Vivendo como um Guerreiro”/, para falar um pouco sobre. O ator e humorista Jim Carrey, de 60 anos, declarou publicamente que sofria da doença em 2004, numa entrevista para CBS News. Em 2017 declarou que voltou a enfrentar os ‘seus demônios’, mas que hoje já sabe como aliviar os sintomas através da pintura.

 

Foto destaque: Robin Willians cometeu suicídio em 2011. Reprodução/Pinterest.

Brasil é o terceiro maior consumidor de carne vermelha do mundo

Segundo levantamento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil é o 3º país que mais consome carne vermelha no mundo. Segunda pesquisa cada pessoa consome cerca de 24,6kg de carne ao ano perdendo apenas para Argentina, em primeiro lugar, com 36,9kg e Estados Unidos com 26,1kg. O país que consome menos carne é a Índia com 0,5kg de carne por pessoa ao ano, devido a crença religiosa atribuída as vacas.

O estudo conclui com a estimativa de que, em 2030, esse número crescerá para 43,7kg de carne por pessoa ao ano; previsão preocupante para nutricionista Natália Lopes, pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora do portal Nutritotal. A nutricionista contextualiza que, o ato de comer carne está ligado com o status de poder e nobreza. “(…)Cabe mencionar também que alguns dos pratos mais tradicionais da cultura brasileira envolve a carne como churrasco. Seria o mesmo que dizer que cada um comerá ao menos 120g de carne por dia“.

Média extrapolada recomendada pelo Ministério da Saúde, cerca de 70g por dia, incluindo variação entre peixe e frango na dieta do brasileiro devido os nutrientes de cada alimento.


Carne vermelha continua sendo consumida apesar do valor salgado. (Foto: Reprodução/ Pilin Petunyia/ ThinkStock)


Outra preocupação que a estimativa traz é que, de modo geral, em cada refeição consome apenas uma fonte de proteína, sendo assim, a escolha de peixe, frango outras carnes brancas serão reduzidas, leguminosas e as demais fontes de proteína vegetal também.

Nesse mesmo cenário, o excesso de consumo de carne vermelha traz alguns riscos à saúde. A gordura saturada, além do ganho de peso, aumentam as chances de doenças cardiovasculares, alzheimer e câncer. A gordura ao passar do ponto gera potencial carcinogênico culminando nas moléculas aminas heterocíclicas. E no processamento de carnes que passam por cura ou salga, como salsicha e bacon, ganham substâncias ardilosas, envolvidas no  surgimento de câncer.

Além dos malefícios ao corpo humano, a criação de gado também prejudica o meio ambiente. Em troca de espaço para o animal florestas são desmatadas, elevando a quantidade gases do efeito estufa lançada atmosfera.

 

Foto Destaque: Açougue brasileiro. Reprodução/ REUTERS / Paulo Whitaker

Venda de cerveja não alcoólica tem crescido nos últimos anos

A preferência nacional em bebida alcoólica, a cerveja, mantém soberana nos eventos sociais, como happy hour com os colegas de trabalho, até o churrasco de fim de semana com amigos e familiares. Para não perder o podium, nos últimos anos, as cervejarias têm percorrido um longo caminho em busca de novas fórmulas que trouxesse novos sabores, cores e promessas para seus consumidores.

Ganhando espaço nas prateleiras as bebidas em tituladas ‘sem álcool’ trazem, por lei, o nível alcoólico de até 0.5% do volume da bebida, diferente das intituladas ‘zero álcool’, esta categoria traz 0.05% da substância. Em 2019 a 2021, o consumo de bebidas alcoólicas dobrou chegando a 260 milhões de litros vendidos, segundo aponta o Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv).

A fabricante desse segmento que tem se destacando no mercado é a Heineken. “(…)nossa bebida 0.0 pode ser uma ótima aliada do público que não deseja os efeitos do álcool no momento do consumo”. Segundo a engenheira de alimentos Marina Ferreira, o produto que chega no mercado traz 0.03% de álcool em uma garrafa long neck com 69 calorias metade das garrafas tradicionais. As bebidas versão zero álcool ou lights tem ganhado mercado entre o público que se preocupa com a saúde e não querem abrir mão do sabor, pois o valor energético de uma cerveja está diretamente ligado com seu teor alcoólico.


Novas opções de cerveja disponiveis no mercado. (Foto: Reprodução/ Jacobs Stock Photography/ Getty Images)


O médico Mario Kehdi Carra, diretor do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem) enfatiza: “A cerveja é como se fosse um pão líquido. Não havendo exagero, do ponto de vista nutricional ela pode ser melhor que um refrigerante ou um suco industrializado”.

O principal desafio é convencer os mais ‘ortodoxos’ a experimentar as novas receitas trazidas pelas cervejarias, conservando o sabor mais próximo ao original, mantendo os ingredientes clássicos como água, malte, levedura, cereais e lúpulo. Técnica de destilação a vácuo deixa o gosto da cerveja mais parecida com a tradicional, usada pela Cervejaria Heineken.

Outro nicho de mercado que tem recebido adeptos são as bebidas low carb, onde o teor alcoólico é preservado, mas há diminuição do carboidrato. Aqui, a técnica utilizada vem por meio de uma enzima que é capaz de consumir o açúcar, esta tática reduz o nível de carboidrato quase à zero.

E um terceiro tipo dessas cervejas ‘diferentonas’, são as sem glúten: destinado às pessoas que não digerem proteína, doença celíaca. Vários tipos de cereais são usados para a fabricação especial desta bebida. Apesar de contornar as inconveniências o consumo moderado continua valendo, mesmo com bebidas de teor reduzido.

De acordo com psiquiatra Arthur guerra, Presidente executivo do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa) as bebidas tradicionais tiveram aumento de 13% nas vendas desde 2019, ultrapassando 14 bilhões de litros, 54 vezes maior do que as não-alcoólicas; este crescimento foi acarretado pelo efeito pandemia.

Para conhecer melhor o produto consumido é importante checar embalagem, tanto para saber o teor alcoólico como os ingredientes ali composto, e identificar o selo de certificação. Não há contraindicação médica no consumo de cerveja isso quando a moderação. Evidências recentes da literatura científica comprovam a proteção cardiovascular segundo a nutricionista Rosana Perin, que pesquisa sobre o assunto há 35 anos: “A cerveja tem propriedades antioxidantes que vêm dos seus polifenóis. Associados a um estilo de vida saudável, eles ajudam a reduzir o risco de doenças como as do coração”.

 

Foto Destaque: Cerveja é a favorita nacional das bebidas alcoólicas. Reprodução/ Adobe Stock

Crise de ansiedade aumenta 25% pelo mundo no primeiro ano de pandemia

No último dia 8, uma unidade do SAMU foi acionada sentido a Escola de Referência em Ensino Médio (Erem) Ageu Magalhães, em Recife, com relato quê 26 alunos estavam com sintomas de falta de ar, crise de choro e tremores, outros apresentavam baixa saturação, taquicardia e sudorese também. Os alunos manifestaram uma onda de crise de ansiedade generalizada e foram atendidos no local por 16 profissionais, seis ambulâncias e duas motocicletas. A Secretaria de Educação e Esporte de Recife informou que os alunos foram liberados após o atendimento médico.

Distúrbios e transtornos mentais são caracterizados por ansiedade e medo que se manifestam das mais diversas formas, as mais conhecidas são síndrome do pânico, fobias, ansiedade generalizada, conhecida como TAG, ansiedade social, transtorno de estresse pós-traumático e o transtorno obsessivo compulsivo (TOC).

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o índice de transtorno de ansiedade subiu 25% só no primeiro ano de pandemia da covid-19. O levantamento aponta que os mais atingidos foram mulheres e jovens, e a região que mais sofre com os distúrbios é a região das Américas, com mais de 58 milhões de pessoas, indica a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS).


Uma das formas que a crise de ansiedade se manifesta é através do choro. (Foto: Reprodução/Getty Images)


De acordo com o neurocirurgião Fernando Gomes, o caso registrado em Recife é raro: “(…) Existe uma explicação psicológica com base neurobiológica para explicar isso, a gente chama de efeito manada. Uma pessoa, por exemplo, em uma sala começa a bocejar, não é incomum você perceber várias pessoas bocejando”.

Para o especialista, os sintomas clínicos de ansiedade podem estar relacionados com preocupação em excesso, crise de choro e medo extremo. Podem ser causadas por muitos fatores, incluindo alguns gatilhos específicos e traumas. Para o tratamento da condição, além do uso de medicamentos transcritos pelo psiquiatra, em conjunto com acompanhamento médico profissional de psicologia ameniza a intensidade dos sintomas fazendo com que o paciente consiga conviver mais facilmente com ela.

Segundo médico Érico de Oliveira, clínico geral do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, recomenda algumas ações para ajudar a passar pela situação de forma menos conturbada, como respirar devagar e profundamente, compartilhar os sentimentos com uma pessoa de confiança e procurar um local calmo, é o início para tranquilizar a pessoa que está passando pelo momento de crise.

Foto Destaque: Crise de ansiedade por pânico. Reprodução/Adobe Stock

Anvisa debate regulamentação de cigarro eletrônico

Nesta segunda-feira (11), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) elaborou um formulário técnico e científico sobre o uso destes dispositivos eletrônicos, chamados DEF, que estão proibidos para venda no Brasil desde 2009. O cigarro eletrônico, alternativa ao cigarro comum, chega à quarta geração de aparelhos trazendo novo formato focado no público jovem; no entanto, com mais malefícios do que sua versão original.

Até então, o relatório parcial indica possíveis três caminhos que podem ser tomados. A primeira segue mantendo o texto e as proibições estabelecidas pela normativa RDC 46/2009; a segunda opção mantém o texto da normativa, adicionando uma campanha educativa de conscientização dos malefícios e aumenta fiscalização na internet contra a venda do produto; e por último, a liberação do comércio permitindo a fabricação e exportação revogando as proibições da normativa.

A coordenadora de prevenção e vigilância do Instituto Nacional de Câncer (INCA) Liz Maria de Almeida ressalta que alternativa para o relatório final ‘precisa’ manter as proibições da RDC e implementar novas ações de fiscalização diante da intensificação do comércio irregular nos últimos anos. “A gente tá vendo uma turma que tinha parado de fumar voltando a fumar por conta de entrar em contato novamente com a nicotina através desses eletrônicos”, informa Almeida.


O cigarro comum tem alcatrão e mais de 40 substâncias cancerígenas. (Foto: Reprodução/Vanessa M Blaha)


A coordenadora da área de cardiologia do Programa de Tratamento ao Tabagismo do Instituto do Coração, Jaqueline Scholz, acrescenta que uma revisão mais rigorosa da normativa é o caminho a ser tomado, pois isso irá proteger a saúde das pessoas e reflete sobre as multas atuais não estarem inibindo comércio e importação dos cigarros eletrônicos no Brasil.

Os cigarros eletrônicos, também chamados de vaporizadores, pod`s, e-cigarettes e e-pipes, são dispositivos que, na primeira geração, simulava o uso do cigarro e tinha o intuito de diminuir o consumo do tabaco. Os produtos de tabaco aquecido são outra categoria que utiliza líquido ou essência que aquecem diretamente o tabaco, planta que extraí a nicotina.

O cigarro comum tem alcatrão e mais de 40 substâncias cancerígenas, como o monóxido de carbono, nicotina, aromatizantes e outros produtos químicos que são prejudiciais à nossa saúde. Estes funcionam através da queima destas substâncias, combustão.

Ao ser acendido, o fogo queima as substâncias do cigarro, num processo físico. A fumaça é inalada pelo fumante e os elementos do cigarro caem na corrente sanguínea, principalmente nicotina, monóxido de carbono e alcatrão. Muitas dessas substâncias são cancerígenas, causam dependência e boa parte do monóxido de carbono fica no corpo, o que dificulta o transporte do oxigênio no sangue.

Por outro lado, cigarros eletrônicos possui um reservatório onde é armazenado um líquido aquecido por uma pequena resistência e evapora rapidamente. A fumaça é inalada pelo fumante e as substâncias químicas caem na corrente sanguínea. Este líquido é composto geralmente de água, glicerina, álcool, nicotina e aromas e é aquecida por uma bateria. A nicotina é uma droga e induz a dependência química. Além de doenças e irritações respiratórias pela inalação do vapor, a nicotina pode levar a crises de abstinência e doenças cardiovasculares.


A indústria alimentícia tenta dar diferentes sabores a experiência. (Foto: Reprodução/ Getty Images)


Almeida explica que a nicotina tem ação psicoativa, ligando ao neurotransmissor do sistema nervoso liberando dopamina, substância responsável pela sensação de bem-estar. Nos aparelhos recentes, a adição de compostos químicos produzidos pela indústria alimentícia tenta dar diferentes sabores a experiência. “É um entregador de nicotina com uma roupa nova. Esse é o principal fator em comum entre esses tipos de cigarros”, ressalta Almeida.

A primeira aparição dos cigarros eletrônicos no mercado brasileiro foi em 2005. Semelhante ao cigarro tradicional, era descartável, sem recarga do líquido e apresentavam constantes falhas de vazamentos. Em 2010, a segunda geração sai da fabrica em formato agora semelhantes a uma caneta e já vinham com cartucho recarregável. Em 2015, os aparelhos lançados pelas empresas Philip Morris Brasil e BAT Brasil vieram com formato mais robusto, de tanque chamados de mod`s, já com a possibilidade de mudar a essência e com baterias maiores e duradouras. A quarta geração, que iniciou em 2017, acompanha sais ácidos de nicotina, mais viciantes com formato moderno e colorido apelando para atenção do público jovem.

Segundo o INCA, os dispositivos eletrônicos aumentam a chance de desenvolver vários tipos de cânceres, dentre do pulmão ao colo do útero. Fora mais de 50 tipos diferentes de doenças respiratórias e cardiovasculares, entre outras. Só em 2020, os Estados Unidos confirmaram 2.807 casos de lesão pulmonar causada pelo uso excessivo do aparelho. Calcula-se que no Brasil 157 mil pessoas morrem por ano pela doença.

 

Foto destaque: Comparação entre cigarro tradicional e eletrônico. Reprodução/Newsweek.

Conheça escrupulosidade, distúrbio variável do TOC

A escrupulosidade é uma condição variada do Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) documentado há séculos, mas ainda pouco conhecida. É manifestado no comportamento das pessoas, vivendo atormentados por achar que estão violando suas crenças religiosas, morais ou éticas, como rezar pouco ou se castigar por não ser uma pessoa “boa”. Estes pensamentos em uma criança podem inundar a mente com sentimentos confusos, inseguros e de culpa, não relatando aos adultos o que está acontecendo por acreditar ser sem solução a criança e perversa.

Alguns personagens históricos conviviam com a escrupulosidade, como o teólogo Martinho Lutero, do século 16, que vivia atormentado pelos impulsos de maldizer a Jesus e a Deus, e era obcecado por demônios. Outra personalidade era o jesuíta português Santo Inácio que não conseguia pisar em dois pedaços de palha que formassem o desenho de uma cruz, porque achava ser falta de respeito a Cristo.

Registros históricos do século 14 e 16 já relatam sintomas de escrupulosidade e na época, o contexto religioso era importante no dia-a-dia da sociedade, estavam acostumados a confessar às figuras religiosas seus sofrimentos mentais e físicos.

A psicóloga norte-americana Patricia Thornton relata à BBC que “os clérigos da época foram quem descobriu a escrupulosidade e o TOC, quando os fiéis abordavam frequentemente os sacerdotes para perguntar se estavam fazendo tudo certo, para confessar-se ou quando oravam incessantemente”. Para Lutero, “o diabo é quem coloca essas ideias na cabeça das pessoas”.


Lavar as mãos compulsivamente. (Foto: Reprodução/ Getty Images)


O clérigo britânico Richard Baxter, fonte de ajuda para pessoas sintomas de melancolia (outro termo para definir a obsessão), escreveu: “algumas pessoas melancólicas e meticulosas acusam-se a si próprias, por mera escrupulosidade, questionando quase tudo o que comem, bebem, vestem ou fazem”.

A diretora da clínica do centro Mindset Family Therapy (EUA) Anabela explica “você se sente como uma pedra no sapato, mas, neste caso, ela está dentro de você e não pode ser retirada”.

De acordo com Patrícia o TOC e a escrupulosidade não estão relacionados com crenças religiosas ou morais, mas sim com o fato do paciente ter o componente da ansiedade. “Há muitas pessoas muito religiosas ou apegadas às suas normas morais que não sofrem de escrupulosidade”.

Shay foi diagnosticado com escrupulosidade tarde, aos 30 anos procurou ajuda somente após se tornar pai, e explica à BBC como é ter o transtorno. Shay relata que era obcecado pela cor azul, lembra-se que hora odiava, hora amava e, às vezes, tinha medo da cor. Estes pensamentos não fugiam de sua mente, iam e voltavam constantemente, gastando muito tempo nessas reflexões.

O site Healthline lista alguns exemplos para ilustrar como o transtorno se manifesta em pessoas. Confira abaixo:

Pessoas religiosas:

  • Interpretando mal os ensinamentos
  • Cometendo pecados
  • Ofendendo a Deus
  • Orando incorretamente

Pessoas não religiosas:

  • fazer ações altruístas para provar a si mesmo
  • discriminar pessoas inconscientemente
  • mentir mesmo sem querer
  • se declarar realmente boa
  • agir eticamente para por interesse próprio

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 2% da população mundial sofre de TOC, a escrupulosidade é a quinta forma mais comum do distúrbio, depois da simetria, dos pensamentos agressivos e da contaminação. Segundo o psicólogo clínico americano Ezra Cowan, pessoas com escrupulosidade sofrem muito, elas tentam não cometer nenhum erro. Segundo o especialista, o segredo para vencer o TOC é aprender a tratá-los como irrelevantes. O tratamento comum é a exposição e prevenção da resposta, e a terapia de aceitação e compromisso que ajuda a formar uma tolerância e aceitação da obsessão e compulsão.

 

Foto Destaque: Transtorno Obsessivo Compulsivo por simestria. Reprodução/ Getty Images

Estudo aponta que mitocôndria pode ser o segredo para longevidade

Uma pesquisa publicada na revista The Embu Journal revela a forma de aumentar a longevidade humana: comprometendo a função da mitocôndria. Segundo os pesquisadores este estudo é o primeiro a mostrar a relação do sistema imune inato neste progresso. A mitocôndria é uma organela fundamental para o nosso organismo, pois é através dela que as células recebem a energia necessária. Mas se a mitocôndria é tão importante assim, como que iremos aumentar a longevidade humana comprometendo a sua função?

A explicação fica por conta da autora do trabalho Juliane Campos, que estagia em Harvard Medical School (EUA), explica que, quando a mitocôndria ‘trabalha’ abaixo do nível normal de atividade gera um estresse para a célula que responde protegendo o organismo contra patógenos, fazendo a célula viver mais. No entanto, nesta mesma situação, se a mitocôndria trabalhar mais abaixo de sua função, o estresse será maior fazendo sistema celular colapsar.

O professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Júlio César Batista Ferreira, associado do Instituto de Ciências Biomédicas e coautor do trabalho explica: “(…) quando a mitocôndria é submetida há um leve estresse, exercício físico por exemplo, a célula bioquimicamente compensa o desequilíbrio preparando-a para futuras situações adversas. Porém caso este estresse for maior e prolongado, como em doenças degenerativas, os mesmos substitutos não são suficientes levando a morte da célula”.


As mitocôndrias fornecem a energia necessário para o corpo. (Foto: Reprodução/ Getty Images)


De acordo com Campos, o objetivo agora é entender o mecanismo da perturbação mitocondrial que aumenta a longevidade, então pode-se identificar futuros alvos terapêuticos.

O grupo de estudiosos utilizou um dos métodos mais conhecidos de estudo sobre o envelhecimento, um verme do solo, o Caenorhabditis Elegans, para o seu método experimental, pois oferece algumas vantagens. Pelo fato do verme ser transparente permite visualizar os órgãos interiores e mesclando com proteínas fluorescentes para identificar o fenótipo dentro do organismo. Outra vantagem de utilizar o verme é que ele se alimenta de bactérias, então é mais fácil manipular um gene específico neste organismo.

Ferreira informa como entender o papel de um gene: “Ou você o retira do sistema e vê o que acontece; ou você aumenta sua expressão no sistema e avalia o efeito”. O grupo cultivou alimentou o verme com colônia de bactérias modificadas que, ao serem ingeridas, desligou um gene específico. A intenção do grupo foi concluir porquê o animal vive mais quando a mitocôndria sofre o estresse metabólico, porém não é um trabalho fácil, pois é preciso identificar qual gene é responsável pelo processo e, segundo os profissionais, existem milhares delas.

A conclusão do artigo publicado foi que ativar o sistema imune inato é um requisito para longevidade: a mitocôndria sofre por uma leve disfunção fazendo um animal viver mais e protegendo contra patógenos.

Em suma, a mitocôndria sob estresse manda um sinal de alerta para o sistema imune. E esse sinal faz com que o organismo viva mais. Quando a gente deleta genes relacionados ao sistema imune inato ou impede que eles sejam ativados nesse animal com leve disfunção mitocondrial, toda essa resposta benéfica é abolida“.

De acordo com os pesquisadores não a certeza de que iremos desvendar os segredos da longevidade, mas pelo menos conseguiremos fazer o indivíduo viver melhor no mesmo período, promovendo a melhora na qualidade de vida.

 

 

Foto Destaque: Mitocôndria observada a partir de um super-microscópio. Reprodução/ Getty Images

Comunidade médica faz descoberta promissora no tratamento contra Parkinson

Um estudo publicado na revista científica Nature mostrou uma promissória descoberta, que pacientes diagnosticados com Parkinson têm acúmulo de proteína, chamada alfa-sinucleína, em torno dos neurônios acelerando a degeneração, e impedindo a produção de dopamina. A redução do neurotransmissor causa a rigidez muscular, lentidão e os tremores.

Segundo André Felício, médico, pesquisador e neurologista do Hospital Israelita Albert Einstein, os estudos sugerem que o acúmulo dessa proteína é a responsável pela aceleração da degradação das células cerebrais. O novo obstáculo é encontrar uma alternativa para limpar o excesso da proteína nas células.

Atualmente mais de 800 estudos estão sendo conduzidos com o objetivo de entender o modo de atuação e possíveis novos tratamentos para o Parkinson. A doença neurodegenerativa mais frequente no mundo, hoje, é o Alzheimer. Mais de 150 novas medicações estão sendo avaliadas em busca de biomarcador que favorecem o diagnóstico precoce.


Doenças neurodegenerativas acometem mais os idosos. (Foto: Reprodução/ Adobe Stock)


Segundo o estudo, células T, sistema imunológico, são programadas para atacar a proteína alfa. O que no início seria a solução para tratamento do quadro, no entanto, a mesma proteína demonstra danificar o neurônio. O novo objetivo dos estudiosos é criar um modo de inibir a ação das células T, impedindo o dano às células nervosas.

Segundo Felício, os estudos estão sendo promissores, mas é preciso mais tempo para que desenvolvam a fase 2. Estudos em fase 2, significam que o tratamento avaliado está sendo testado em um grupo de pacientes com a condição, de modo seguro, para verificar a eficiência. Avançando para fase 3, o produto é comparado com outras opções disponíveis.

De acordo com os dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) aproximadamente 16 a 19 casos diagnosticados com Parkinson a cada 100 mil pessoas ao ano.  Em 2040, a instituição estima que a condição neurodegenerativa irá superar o câncer como causa de morte mais frequência. O protocolo de tratamento atual utilizado é a cirurgia. São implementados eletrodos no cérebro para modular estímulos elétricos na região danificada. Outra alternativa, é aumentar a quantidade de dopamina aliviando os sinais físicos da doença em conjunto com medicação e fisioterapia.

 

Foto Destaque: Raio X da massa cinzenta do cêrebro. Reprodução/Adobe Stock

Câncer de laringe: silencioso, mas curável

É comum ter dor na garganta depois de abusar de bebidas geladas ou rouquidão depois de um show muito animado. No entanto, é preciso ter atenção, pois, caso estas manifestações se tornem frequentes, podem ser sintomas de câncer de laringe. Além de excessos a condição pode ser provocada por vários outros motivos, desde doenças a infecções. Por isso, é importante consultar o especialista ao sentir o desconforto frequente.

A laringe é um dos órgãos principais do corpo humano, exercendo funções respiratórias, fonéticas e deglutidora e, em formato de tubo, estende da faringe à traqueia. De acordo com a médica otorrinolaringologista Adriana Hachiya, diretora da Academia Brasileira de Laringologia e Voz, 95% dos casos são tratáveis desde que a doença seja diagnosticada previamente. “O câncer de laringe é uma doença insidiosa. O tumor vai crescendo sem dar grandes sinais de alerta e os sintomas muitas vezes são negligenciados pelos pacientes. Quando diagnosticado logo no início, há 95% de chance de cura”, explica.


Analise médica. (Foto: Reprodução/Pixel Bay)


O doutor Hugo Ramos, presidente da Academia Brasileira de Laringologia e Voz informa outras formas de identificar o possível câncer: “(…) cansaço vocal, dor na garganta, dor no pescoço, sensação de corpo estranho na garganta, dificuldade para engolir e para respirar, ou rouquidão por mais de 15 dias devem ser avaliados imediatamente pelo especialista“, informa.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a maior parte dos tumores se desenvolve a partir da glote, responsável pelas pregas vocais. Especialistas recomendam cuidados básicos para evitar a condição: Não gritar, controlar o tom de voz, hidratar-se com água, evitar choques térmicos. para os profissionais que trabalham com a voz, a orientação para fortalecer a musculatura das pregas vocais são participar de corais musicais e evitando alimentos antes de utilizar a voz profissionalmente.

Esta matéria não substitui uma consulta médica. Como a doença se manifesta de maneira silenciosa, por trás de sintomas comuns, é crucial a realização de exames e a consulta com profissional qualificado.

 

Foto destaque: Imagem computadorizada destacando laringe. Reprodução/Getty Images.

Adenocarcinoma: subtipo do câncer de esôfago cresce no Brasil

O câncer de esôfago, ou esofágico, é um dos mais agressivos de tumores conhecidos, sendo mais comum entre os homens na faixa de 50 a 60 anos de idade. No Brasil, é o 6º tipo de câncer que mais acomete os homens; nas mulheres, é o 15º. Já ao redor do mundo, fica com o 8º lugar. Apesar dos avanços tecnológicos da medicina a cada ano, a taxa de sobrevivência ainda é baixa, sendo que a chance de cura em estágio Inicial é de 80%. No entanto, o número cai para 20% quando o quadro é avançado.

Segundo a oncologista clínica do hospital Sírio-Libanês, em Brasília, Luíza Dib os sintomas não devem ser ignorados e um profissional especialista deve ser consultado o quanto antes para um diagnóstico precoce, aumentando as chances consideráveis de cura. Existem dois tipos de câncer esofágico: o carcinoma epidermoide escamoso, o mais comum em todo mundo e responsável por 96% dos casos; e o adenocarcinoma, a incidência de casos têm aumentando progressivamente no Brasil e no mundo.

O câncer é uma doença de origem genética que pode acometer qualquer pessoa. Células com o DNA alterado vão se reproduzindo de forma descontrolada no corpo do paciente. Muitos hábitos e práticas podem favorecer neste descontrole celular, avançando o estágio da doença, como beber em excesso, fumar, sedentarismo, entre outros. Neste caso, as células cancerígenas são formadas no esôfago, ligando a garganta ao estômago, começando no pescoço, passando por pelo tórax e terminando no estômago.


Ilustração do tumor esofágico. (Foto: Reprodução/ Organização Mundial de Saúde)


As reclamações mais frequentes de pacientes que desenvolveram o câncer de esôfago são a dificuldade de engolir alimentos sólidos e a perda de peso. No entanto, é possível perceber outros tipos de manifestações, como dor na caixa torácica, rouquidão, tosse, refluxo, mau hálito, sangue no vômito, indigestão e fezes escurecidas.

O médico Luiz Ernesto de Almeida Troncon, professor da Divisão de Gastroenterologia do Departamento de Clínica Médica da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto ressalta que, na fase inicial, o quadro não apresenta sintomas. Por isso a importância em identificar os sintomas. O recomendado é que a consulta seja marcada com especialistas qualificados como gastroenterologista e otorrinolaringologista. Porém, o clínico geral também pode ser de ajuda, pois irá encaminhar pedidos de exames cruciais para a identificação do quadro. Este poderá solicitar endoscopia digestiva, caso haja presença de lesão no tubo digestivo o material será coletado para biópsia e o exame anátomo-patológico confirmará a presença do tumor.

Exames de ressonância magnética, ultrassonografia e tomografia computadorizada irão identificar em que fase a doença se encontra. Uma vez comprovado o câncer esofágico, o profissional irá receitar o tratamento mais adequado para o quadro do paciente de acordo com o estágio. Para melhor sucesso no tratamento a estratégia é combinar duas modalidades, como cirurgia de remoção do tumor junto com radioterapia, em estágios iniciais, e quimioterapia em casos mais avançados.

 

Foto destaque: Imagem computadorizada destacando sistema digestivo. Reprodução/ Instituto Nacional de Câncer