Trump autoriza ações secretas da CIA contra Venezuela
Segundo o jornal americano The New York Times, Trump autorizou ações secretas da CIA na Venezuela visando tirar Nicolás Maduro do poder

O jornal americano “The New York Times” divulgou nesta quarta (15) que o governo de Donald Trump autorizou que a Agência Central de Inteligência (CIA) faça operações secretas contra a Venezuela visando tirar o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, do poder. No mês passado, a imprensa americana também havia informado que o governo americano estava avaliando uma operação militar com alvo a possíveis estruturas ligadas a cartéis de drogas, podendo resultar em ataques à Venezuela.
Essa ação da Cia representa mais uma investida contra o presidente venezuelano, acusado pelos EUA de liderar o Cartel de los Soles, grupo que recentemente o governo americano classificou como organização terrorista internacional envolvida no tráfico de drogas.
A carta-branca de Trump
Segundo o “The New York Times” essas ações podem incluir operações letais. O alvo seria o governo venezuelano, principalmente Maduro, porém, não está claro se a CIA já planejou ou quando essa operação pode ocorrer.
Trump confirmou que autorizou as operações porque a Venezuela tem enviado drogas e criminosos para os Estados Unidos. Mas preferiu não responder quando jornalistas perguntaram se ele tinha conferido autoridade aos agentes da CIA para eliminar o presidente venezuelano.
A relação entre EUA e Venezuela nos últimos meses tem ficado cada vez mais tensa e preocupante. Em agosto, o Departamento de Justiça dos EUA ofereceu uma recompensa de US$50 milhões para informações que levem à prisão de Nicolás Maduro, quem eles consideram um fugitivo. E logo após, o governo americano enviou navios e aeronaves militares para uma área próxima à costa da Venezuela, no Caribe.
O jornal também afirmou que dificilmente se tornam públicas as ações secretas da CIA, que alguns integrantes do Congresso podem ser informados, mas são proibidos de dar qualquer detalhe. Uma das exceções mais conhecidas foi a operação que ocasionou a morte do terrorista Osama Bin Laden, responsável pelo ataque do 11 de setembro. No entanto, só foi anunciada após a conclusão da ação.
Nicolás Maduro, presidente da Venezuela (Foto: reprodução/Pedro Mattey/Getty Images Embed)
Os ataques
Desde setembro, os Estados Unidos bombardeiam barcos que eles dizem ser de organizações narco terroristas envolvidas com o transporte de drogas para o país norte-americano. 27 pessoas morreram. O mais recente foi na última terça (14), militares atingiram, em águas internacionais, um barco próximo à costa da Venezuela, o ataque matou 6 pessoas, segundo Trump.
Especialistas dizem que o aparato militar levado ao Caribe pelos EUA é incompatível com uma operação militar contra o tráfico de drogas. Pelo menos 7 navios foram enviados, incluindo um esquadrão anfíbio, um submarino nuclear e aviões espiões P-8 sobrevoam a região, em águas internacionais, além de 4.500 militares.
A Casa Branca não comenta claramente quais são os objetivos militares dessa operação, mas Trump, apesar de recusar a falar se ordenará ou não um ataque contra Venezuela, deixou claro que autorizou aos militares irem contra caças venezuelanos que ofereçam risco aos Estados Unidos.
Já na Venezuela, está sendo criada uma mobilização com militares e milicianos para defender o país caso haja um ataque. Civis também estão sendo treinados.
A comunidade internacional tem criticado fortemente as operações. A Human Rights Watch afirmou que os bombardeios violam a lei internacional por ser um caso de “execuções extrajudiciais ilegais”. Já o Conselho de Segurança da ONU, em uma reunião na última sexta (10), levantou preocupações sobre a execução de civis sem julgamento e com a possível escalada militar.
O governo venezuelano pediu para a comunidade internacional investigar os ataques e afirmou, contrariam as falas do governo americano, que as vítimas eram pescadores.