Danni Suzuki amplia as fronteiras da arte com atuação que une audiovisual, ciência e ação humanitária

Reconhecida pelo ACNUR e engajada em zonas de crise, ela transforma sua trajetória artística em plataforma de educação, acolhimento e inovação social

15 ago, 2025
Danni Suzuki | Reprodução/Nanda Araujo
Danni Suzuki | Reprodução/Nanda Araujo

Versátil, determinada e movida por um senso de propósito inabalável, Danni Suzuki é um nome que há muito tempo ultrapassou as fronteiras do entretenimento. Sua trajetória, que começou nas telas como atriz, hoje se desdobra em múltiplas direções — da direção audiovisual ao ensino, da pesquisa em neurociência à atuação humanitária em zonas de crise.

Desde 2021, Danni é reconhecida pelo ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados, como Apoiadora de Alto Perfil. Esse título é consequência de uma atuação profunda e continuada, que não se limita à presença em campanhas, mas se estende a visitas de campo nos epicentros de algumas das maiores crises humanitárias da atualidade. Síria, Líbano, Turquia e a fronteira Brasil-Venezuela são apenas alguns dos territórios que ela percorreu, adentrando de forma direta na realidade de pessoas que foram forçadas a deixar tudo para trás. Dessas vivências surgiu seu próximo grande projeto: um documentário sobre crianças refugiadas, “S.Ó.S.”, cujo objetivo é dar visibilidade às infâncias que resistem mesmo diante da perda, da dispersão e do medo.

Pode parecer contraditório o contexto ‘belo’ diante de tanta dor, mas sim, há beleza até na dor, já que a cura vem do ato de se reerguer e de superar. Poder presenciar momentos de afeto e empatia em meio a tantas perdas é um privilégio. Quando se perde quase tudo, poder ver a fé viva e latente ainda dando esperança para as pessoas é muito forte e inspirador, e nos ensina muito sobre nós mesmos”, comenta.

Mas ela não atua apenas no campo simbólico da narrativa: trabalha também na base da reconstrução prática de vidas em transição. Ministrando oficinas de inteligência emocional, neurocomportamento, design e programação de jogos, oferece a refugiados e imigrantes ferramentas reais de reinvenção profissional e emocional. É nesse mesmo espírito que nasce seu outro projeto: a criação de uma escola inclusiva de artes e tecnologia, pensada para acolher refugiados, jovens em situação de vulnerabilidade e comunidades plurais.


Danni Suzuki (Foto: reprodução/Nanda Araujo)

A proposta é integrar linguagens artísticas como música, teatro, artes visuais e design com ferramentas digitais, empreendedorismo criativo, soft skills e inteligência emocional. Trata-se de um espaço onde se forma não apenas artistas ou profissionais, mas indivíduos inteiros, com autonomia, escuta e repertório afetivo para se posicionar no mundo: “Amaria ver jovens de todo canto do mundo criando e construindo em conjunto. Cada um desenvolvendo ao máximo suas melhores habilidades, se tornando grandes líderes e descobrindo novas formas de se conectar e de crescer espiritualmente”.

Com formação em Desenho Industrial pela PUC-RJ e pós-graduação em Neurociência pela PUC-RS, Danni traz um rigor metodológico àquilo que, em muitos contextos, se confunde com intuição. Ela foi palestrante em quatro edições do TEDx e leciona temas como neuromarketing e influência digital em cursos de pós-graduação. Ao unir arte e ciência, Suzuki propõe uma abordagem híbrida e eficaz: afetiva, mas não ingênua; criativa, mas embasada; poética, mas profundamente comprometida com resultados reais: “Estudar neurociência me fez entender que o ser humano é, antes de tudo, um ser de conexões. O cérebro busca sentido, vínculos, segurança emocional. Quando entendi o impacto real da empatia no funcionamento neural, comecei a ver escuta e acolhimento como ferramentas tão importantes quanto a técnica. A ciência me ensinou que aquilo que chamamos de intuição muitas vezes é, na verdade, um refinamento sensível da percepção humana. A arte, quando nasce do encontro real com o outro, vira cura. E isso é pura biologia também”.

Artista em sua essência, a atriz não abdica da criação audiovisual nem do ofício da atuação — não à toa, recentemente conquistou o marco de ter se tornado a primeira brasileira com ascendência asiática a protagonizar um longa-metragem, com Segredos. Seu percurso mostra que é possível viver a arte como vocação e missão, como linguagem e ferramenta de transformação social. Ela comenta: “Quando estou dirigindo um projeto que escrevi e que nasce do coração e tem impacto social real, sinto que todas as partes de mim se alinham. É ali que a artista, a mãe, a ativista, a estudante, a comunicadora… todas se tornam uma só. E quando estou em contato direto com gente numa roda de conversa, numa palestra ou num set atuando com pessoas tão diferentes, mas conectada com meu propósito, eu me sinto inteira. Como se tudo que vivi até aqui tivesse me preparado para exatamente esse instante. E é nesse momento que eu sei: estou realizando o que vim fazer nesse mundo”.

No horizonte próximo, em paralelo, Danni se prepara para dois lançamentos que reafirmam sua versatilidade: “Capoeiras”, produção do Disney+ que estreia em 29 de agosto, e “(In)Vulneráveis”, do canal E!, onde interpreta uma médica imersa no caos da rotina hospitalar e das dinâmicas intensas de uma equipe de enfermagem.

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