Trump recua novamente e adia tarifas contra a China por mais 90
Em uma nova tentativa de negociação, o presidente dos Estados Unidos Donald Trump recuou em suas tarifas impostas contra os produtos chineses

Em mais um movimento que reforça a sua característica de negociação marcada por avanços e recuos, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira (11) que irá adiar por mais 90 dias a implementação de tarifas sobre os produtos chineses. Essa decisão ocorre no momento em que os dois países tentam retomar o diálogo comercial que está desgastado depois de anos de tensões e medidas retaliatórias.
A suspensão dessas medidas evita as tarifas sobre centenas de bilhões de dólares em mercadorias, que poderiam chegar a 145% em alguns casos, entrem em vigor nesta semana. O nível atual, mantido após de várias prorrogações, é de 30%, resultado da combinação de uma alíquota-base de 10% com um adicional de 20% relacionado ao combate ao tráfico de fentanil, que Washington atribui parcialmente a cadeias de distribuição que passam pela China.
O que motivou o recuo
Segundo fontes ligadas à Casa Branca, o adiamento visa dar espaço para negociações construtivas com Pequim e evitar novos conflitos na economia global. Trump, em discurso no Salão Oval, afirmou que acredita ser possível chegar a um acordo justo para ambos os lados e que prefere a vitórias negociadas do que vitórias forçadas.
Já do outro lado, o governo chinês anunciou que também manterá suas tarifas retaliatórias em 10% e suspenderá, temporariamente, as restrições às empresas norte-americanas de tecnologia e agronegócio que estavam na lista de sanções comerciais.
Tentativa de acordo entre Donald Trump e Xi Jinping(Foto: reprodução/Bloomberg/Getty Images Embed)
Histórico de avanços e recuos
A política tarifária adotada por Trump com a China tem sido marcada por idas e vindas desde 2018, quando o então presidente iniciou a chamada “guerra comercial” alegando práticas desleais vindas de Pequim. Ao longo dos anos, foram impostas tarifas pesadas sobre setores como aço, alumínio, produtos eletrônicos e agrícolas.
Mas por diversas vezes, Trump anunciou aumentos drásticos, só que recuou às vésperas da implementação. Essa estratégia muitos dos críticos chamam de “jogo de pressão” e seus apoiadores consideram uma forma de manter a China na mesa de negociação, já analistas descrevem essa tática como um “efeito ioiô”: uma alternância entre ameaças e adiamentos, que muitas vezes mantém incertezas no comércio internacional.
Reação dos mercados
A notícia do adiamento foi recebida com otimismo imediato nas principais bolsas do mundo, como o índice japonês Nikkei 225 subiu 2,2%, O britânico FTSE 100 avançou 0,3%, além dos mercados europeus que tiveram leves altas e os S&P 500 e o Dow Jones que abriram a semana com margens positivas.
Especialistas ressaltam que a decisão ajuda a conter estabilidade no curto prazo, mas não elimina o risco de um colapso nas negociações. Além disso, dados divulgados nos EUA mostram inflação de 2,8% em julho, o que mantém a pressão e já avalia se novos aumentos de juros serão necessários.
Impacto para consumidores e empresas
O congelamento das tarifas é particularmente relevante para setores que dependem de insumos chineses, como tecnologia, têxtil, eletrodomésticos e automotivo.
Para consumidores, a medida evita aumentos imediatos nos preços de produtos importados, desde smartphones até peças de carros que poderiam ser repassados ao varejo nos próximos meses.
Empresas exportadoras dos EUA também respiram aliviadas com a manutenção do status para evitar as retaliações adicionais por parte da China, especialmente no setor agrícola, que já foi duramente atingido em anos anteriores.
Próximos passos
Nos bastidores, fontes diplomáticas indicam que há expectativa de um encontro entre Donald Trump e Xi Jinping antes do fim do ano, possivelmente em território neutro. Esse encontro poderia resultar em um acordo ou ao menos em novas medidas para reduzir tarifas gradualmente.
Enquanto isso, analistas alertam que o adiamento é apenas um alívio temporário, sem nenhum avanços concretos, a possibilidade das tarifas recordes em 2026 continuam bem próximas.