Alta em ativos econômicos faz mercado entrar em alerta

Investimento pesado em inteligência artificial está elevando os preços dos ativos e especialistas temem momento em que a bolha estourar

13 nov, 2025
Chip de computador com a inscrição "IA" em uma placa de circuito | Reprodução/mikkelwilliam/Getty Images Embed
Chip de computador com a inscrição "IA" em uma placa de circuito | Reprodução/mikkelwilliam/Getty Images Embed

A alta em ativos, como ouro, criptomoedas e até mesmo do preço de imóveis está causando um misto de otimismo e ceticismo no mercado. Se por um lado, os lucros destes investimentos estão em alta, por outro, a recessão é um medo constante. O receio do mercado é de que estas bolhas de ativos estourem a qualquer momento.

Segundo analistas, a recessão econômica ainda não aconteceu graças ao impulsionamento da inteligência artificial.

Entendendo as bolhas

O economista John Kenneth Galbraith, já falecido, analisou bolhas econômicas em suas obras clássicas, principalmente “A Grande Depressão de 1929” e “Uma Breve História da Euforia Financeira”. Ele argumentou que as bolhas são fenômenos recorrentes impulsionados pela psicologia humana, especulação desenfreada, dívida excessiva e a “memória financeira curta” do público.

As bolhas geralmente começam com uma nova ideia ou uma inovação financeira que captura a imaginação do público. Essas ideias são frequentemente ricas em possibilidades imaginativas, mas pobres em possibilidades realistas, permitindo que a especulação se alastre.

A especulação desenfreada é frequentemente sustentada por crédito facilmente disponível e altos níveis de negociação com margem. Essa alavancagem amplifica tanto a ascensão da bolha quanto o impacto do eventual colapso, à medida que os investidores enfrentam liquidações forçadas e chamadas de margem.

Galbraith cunhou ou popularizou o termo “desfalque”, referindo-se à quantidade de fraudes não descobertas que aumenta durante um período de expansão. Quando a bolha estoura, essas fraudes são expostas, acelerando ainda mais a recessão.


Investidores decidiram adquirir ouro em detrimento do papel-moeda (Foto: reprodução/Frame Studio/Getty Images Embed)


Ativos em alta

O Standard and Poor’s 500 (S&P 500) é um índice do mercado de ações que reúne as 500 maiores empresas do mundo listadas na NYSE e na Nasdaq, principais Bolsas de Valores dos Estados Unidos. O objetivo é representar as empresas líderes dos seus setores ao redor do mundo, além de servir como medida do desempenho médio do mercado de ações norte-americano.

O índice S&P 500 alcançou a marca de 6.700 pontos. Este valor dobrou praticamente em cinco anos. A alta é resultado da crescente de empresas do ramo de tecnologia que estão investindo pesado em inteligência artificial. Somente estas empresas representam 40% dessa fatia.

Por conta de questões geopolíticas, investidores estão receosos em investir em papel-moeda, o que impulsionou a compra de ouro. Nesta quinta-feira (13), o preço do ouro por onça troy hoje está US 4.213,00 (o equivalente a R$ 22.286,77). Uma Onça Troy corresponde a 31,104 gramas.

Até mesmo os preços dos imóveis foram afetados e estão em alta. O mercado imobiliário americano está emitindo sinais contraditórios: menos pessoas estão adquirindo imóveis, mas os preços permanecem teimosamente elevados.

O cerne da resiliência do mercado imobiliário não é o aumento da procura, mas a escassez de oferta. Após dois anos de taxas hipotecárias elevadas, não há compradores interessados. As taxas hipotecárias caíram para a faixa baixa de 6%, a mais baixa em cerca de um ano, mas a acessibilidade ainda é um grande obstáculo.

No início de 2025, os preços subiram 60% em todo o país desde 2019 e ainda aumentam a uma taxa de 3,9% ano a ano, segundo o Índice Nacional de Preços de Casas dos EUA da S&P CoreLogic Case-Shiller. Mesmo com as taxas abaixo dos máximos, o pagamento mensal de uma casa com preço médio continua fora do alcance de muitas famílias.

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