Rússia nega atrasar negociações de paz enquanto intensifica ofensiva na Ucrânia

Porta-voz do Kremlin reagiu a comentário do enviado especial americano à Ucrânia e disse que a Rússia não está se recusando a promover o cessar-fogo na região

01 jul, 2025
Presidente russo Vladimir Putin | Reprodução/GAVRIIL GRIGOROV/Getty Images Embed
Presidente russo Vladimir Putin | Reprodução/GAVRIIL GRIGOROV/Getty Images Embed

O governo russo rejeitou nesta terça-feira (01) as declarações do enviado especial dos Estados Unidos para a Ucrânia, Keith Kellogg, que acusou Moscou de atrasar intencionalmente as negociações para encerrar a guerra, enquanto intensifica ataques contra civis. O Kremlin reiterou que está disposto a dialogar, mas apontou que as exigências ocidentais são “inaceitáveis” e perpetuam a instabilidade.

Rússia responde às críticas de Washington

Durante visita a Kiev na segunda-feira (30), Keith Kellogg afirmou que a Rússia “não pode continuar a ganhar tempo enquanto bombardeia alvos civis“. A declaração provocou uma reação imediata do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, que classificou a fala como “manipuladora e desprovida de fundamento”.


Keith Kellogg em visita a Kiev (Foto: Reprodução/NurPhoto/Getty Images Embed)

Em comunicado oficial, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que “a Rússia nunca se recusou a negociar. Pelo contrário, são os Estados Unidos e seus aliados que insistem em condições irrealistas e recusam qualquer proposta viável de cessar-fogo”. Peskov acusou Washington de estimular a escalada do conflito ao fornecer armamento pesado à Ucrânia.

A embaixada russa em Washington também se manifestou, dizendo que “os EUA continuam a alimentar o conflito com sanções e armas, ao mesmo tempo que acusam a Rússia de falta de compromisso com a paz“.

Ofensiva russa e impasse diplomático

Enquanto as declarações ganham repercussão internacional, o conflito segue violento no leste da Ucrânia. Relatórios da ONU indicam que, somente na última semana de junho, ao menos 112 civis morreram em bombardeios nas regiões de Donetsk e Kharkiv. A missão de monitoramento da ONU na Ucrânia expressou “grave preocupação” com o uso indiscriminado de munições em áreas densamente povoadas.

Segundo analistas do Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), a Rússia parece apostar em ganhos territoriais mínimos enquanto mantém um discurso público de abertura ao diálogo. “É uma estratégia dupla: continuar a guerra no campo de batalha, mas simular disposição diplomática”, afirma Nataliya Bugayova, pesquisadora do ISW.

Em paralelo, líderes da União Europeia preparam nova rodada de sanções contra o setor energético russo, enquanto pressões diplomáticas sobre Moscou se intensificam nas Nações Unidas. Ainda assim, não há previsão concreta de retomada de negociações multilaterais.

Mais notícias