Botafogo e Eagle: Montenegro garante permanência do clube em meio a incertezas

O futuro societário do Botafogo ganhou novos capítulos após a divulgação de um áudio do ex-presidente Carlos Augusto Montenegro. Com discurso firme, o dirigente histórico assegurou que o clube permanecerá sob o guarda-chuva da Eagle Football Holdings, independentemente da permanência ou não de John Textor no grupo.

Segundo Montenegro, o temor de que o Botafogo fosse transferido para estruturas paralelas, como empresas registradas em paraísos fiscais, está descartado. “Não existe Botafogo nas Ilhas Cayman. Nunca aceitamos e não aceitaremos esse tipo de manobra. A ligação é com a Eagle, e a ideia é continuar assim”, destacou.

Crise entre os sócios

O impasse gira em torno das divergências entre John Textor, acionista majoritário da SAF, e outros investidores da Eagle, como o fundo Ares. Textor chegou a propor alterações societárias que levantaram resistências dentro e fora do grupo, acendendo o sinal de alerta entre torcedores e dirigentes sobre possíveis impactos no controle do clube.

Montenegro, no entanto, minimizou o risco de rupturas. Para ele, o Glorioso seguirá ancorado na Eagle, independentemente de quem esteja no comando do conglomerado. “Se Textor permanecer, seguimos com ele. Se ele sair, seguimos com a Eagle. O que não vai acontecer é inventarem novo dono de última hora”, reforçou.

Descartando novos parceiros

Outro ponto levantado pelo ex-presidente foi a possibilidade de entrada de investidores externos, como o empresário grego Evangelos Marinakis, cogitado recentemente. Montenegro foi categórico ao negar qualquer chance de negociação: “Não vai ter grego nenhum, nem aventureiro. O Botafogo precisa de estabilidade, não de apostas arriscadas.”


John Textor com o goleiro John quando assinou com o Forrest, time do empresário grego (Foto: reprodução/x/@maisbfr)

O cenário evidencia como o Botafogo, pioneiro no modelo de SAF no Brasil, vive um momento de consolidação e disputa política ao mesmo tempo. Enquanto Textor tenta preservar espaço e influência, a Eagle busca reafirmar o controle do projeto. A Justiça já determinou que mudanças estruturais só podem ocorrer com consenso entre as partes, o que mantém a situação em suspenso.

Apesar da turbulência, Montenegro transmitiu uma mensagem de tranquilidade: o caminho institucional do clube não será alterado. “Nosso compromisso é com a Eagle. Isso não muda”, concluiu.

Textor rompe com Renato Paiva e expõe divergência de ideias no comando do Botafogo

A curta passagem de Renato Paiva pelo Botafogo chegou ao fim após um desgaste silencioso que, segundo John Textor, dono da SAF alvinegra, foi motivado por uma quebra de princípios. A decisão, comunicada logo após a eliminação no Mundial de Clubes para o Palmeiras, revelou mais do que uma simples insatisfação com os resultados: escancarou um desalinhamento profundo sobre como o time deveria jogar.

Crise de identidade tática

Ao comentar a saída do treinador em entrevista ao podcast britânico TalkSPORT, Textor foi direto: “Ele abandonou aquilo que acreditava”. A crítica do dirigente se refere ao estilo de jogo que Paiva prometera implementar, um modelo posicional, baseado em organização ofensiva e movimentação coordenada. No entanto, de acordo com Textor, o técnico teria recuado em suas convicções diante de pressões externas e adversários mais difíceis.

O estopim teria sido a postura adotada contra o Palmeiras, nas oitavas de final do Mundial. Mesmo após o Botafogo protagonizar uma histórica vitória sobre o Paris Saint-Germain na fase anterior, o desempenho contra o time paulista foi considerado apático e distante do que o clube esperava.

Conversas antes da ruptura

Textor relatou que, antes do jogo decisivo, provocou Paiva ao perguntar qual havia sido o melhor jogo de sua carreira. A resposta foi o duelo contra o PSG, algo que, para o empresário, deveria ser replicado. “Mas o Palmeiras não é o PSG. Era hora de jogar futebol, de assumir protagonismo”, teria dito ao treinador. A conversa, no entanto, não resultou em mudança de postura.

Do outro lado, silêncio e incômodo

Embora ainda não tenha se manifestado amplamente, fontes próximas ao treinador apontam que Paiva não aceitou interferências na escalação e manteve sua linha de trabalho até o fim. A adoção de um esquema com três volantes no Brasileirão, dias antes do Mundial, teria sido um dos pontos de atrito com Textor, que desejava um estilo mais ofensivo.

A demissão aconteceu durante a estadia da delegação nos Estados Unidos, pegando o treinador de surpresa, sem uma reunião formal para discutir seu futuro.

Números e legado

Paiva comandou o Botafogo em 23 partidas oficiais, acumulando 12 vitórias, 3 empates e 8 derrotas. Apesar do desempenho irregular, teve como ponto alto a vitória inédita sobre o PSG em solo internacional, que deu visibilidade ao projeto de SAF liderado por Textor. Porém, para a diretoria, o resultado não compensou a falta de aderência ao estilo desejado.

Novo ciclo: Davide Ancelotti assume

Com a saída de Paiva, o Botafogo anunciou rapidamente a contratação de Davide Ancelotti, filho do técnico multicampeão Carlo Ancelotti. A expectativa é de que o novo comandante implemente uma filosofia mais alinhada ao “Botafogo Way”, como é chamada internamente a proposta de jogo apoiada por Textor, ofensiva, ousada e baseada em construção coletiva.


Imagem do novo treinador do Botafogo e sua comissão técnica (Foto: reprodução/X/@agazetabotafogo)

Uma decisão além do campo

A saída de Renato Paiva não foi apenas uma troca de comando. Foi o fim de uma tentativa de união entre ideias que pareciam compatíveis, mas que, com o tempo, mostraram caminhos opostos. Para Textor, o Botafogo deve ser fiel a um projeto claro de jogo. Para Paiva, a autonomia técnica era inegociável. No meio disso, o torcedor assiste, mais uma vez, a uma reformulação precoce na busca por identidade e resultados.

Zenit faz proposta milionária por Thiago Almada e entra na disputa pelo meia argentino

O Zenit, tradicional clube do futebol russo, entrou oficialmente na corrida pela contratação de Thiago Almada. A equipe de São Petersburgo apresentou uma proposta de 35 milhões de euros (cerca de R$ 227 milhões) ao grupo Eagle Football, que detém os direitos federativos do meia argentino.

A movimentação adiciona um novo capítulo à disputa internacional por Almada, que também desperta interesse do Benfica, de Portugal.

Contrato com Botafogo e passagem pelo futebol francês

Thiago Almada tem contrato vigente com o Botafogo até junho de 2029. O jogador, de 24 anos, esteve emprestado ao Olympique Lyonnais na última temporada europeia e retornaria ao clube carioca ao fim do vínculo com a equipe francesa, encerrado em 30 de junho de 2025.

Durante o período no Lyon, Almada teve boa participação, o que elevou sua visibilidade no mercado europeu. Apesar do desejo inicial do Lyon de permanecer com o atleta, a instabilidade financeira e a saída de John Textor da presidência do clube francês comprometeram uma eventual compra definitiva, o ambiente conturbado pode mudar o futuro do jogador.



                   Imagem do Thiago Almada pelo Lyon (Foto: Reprodução/X/@AlmadaBrasil)

Benfica segue como destino preferido

Embora o Zenit tenha formalizado uma oferta robusta, o desejo de Thiago Almada é atuar no futebol português. O Benfica aparece como o destino favorito do jogador, que teria sido influenciado por conversas com o compatriota Nicolás Otamendi, defensor experiente que defendeu o clube nas últimas temporadas.

Até o momento, o clube português ainda não oficializou uma proposta nos mesmos moldes da equipe russa, mas segue monitorando a situação, apostando no desejo do atleta de seguir na Europa.

Decisão final caberá ao grupo Eagle Football

A definição do futuro de Thiago Almada será conduzida pela Eagle Football, conglomerado que administra tanto o Botafogo quanto o Lyon, além de outros clubes ao redor do mundo. Como o Lyon ainda tem valores a receber relativos ao empréstimo do atleta, a negociação deverá envolver acordos internos entre as partes do grupo.

Enquanto isso, o Botafogo mantém o vínculo com o jogador e aguarda os desdobramentos das tratativas. Caso nenhuma negociação se concretize nas próximas semanas, Almada poderá ser reintegrado ao elenco alvinegro para a sequência da temporada.

John Textor deixa comando do Lyon e promete foco no Botafogo

Após o rebaixamento do Lyon para a Ligue 2 devido à sua delicada situação financeira, John Textor renunciou ao comando do clube francês. A equipe pertence à Eagle Football, holding liderada pelo empresário norte-americano, que também é controlador do Botafogo.

Textor afirmou que não conseguiu se adaptar à política do futebol francês, admitiu erros na gestão e anunciou que vai se dedicar mais ao clube carioca.

“Eu vou passar muito mais tempo pensando na Eagle globalmente, voltando mais para o Botafogo. Tenho ótimos sócios no Eagle Football Group, acionistas que vão tomar à frente para lidar com assuntos que eu honestamente não fui muito bom para lidar na França. Estou ansioso para me reconectar com o Brasil. Nós vamos ficar bem lá (na França). Vamos colocar um rosto forte lá”, afirmou Textor ao ge.

Além do Glorioso, a Eagle também é dona do Daring Brussels, da Bélgica, e vendeu recentemente sua parte no Crystal Palace para Woody Johnson, dono do New York Jets, time da NFL, em transação avaliada em 190 milhões de libras (R$ 1,4 bilhão).

Mudanças na liderança do Lyon

Textor já definiu sua sucessora: a presidência do clube ficará com a bilionária sul-coreana naturalizada americana Michele Kang, acionista minoritária da Eagle Football e fundadora da Cognosante, empresa de tecnologia voltada para o setor de saúde.

Michele Kang, pretende criar uma rede de clubes de futebol feminino. Em 2023, a empresária comprou o OL Lyonnes, equipe feminina do Lyon. Em fevereiro de 2022, adquiriu o Washington Spirit, time da Liga Nacional de Futebol Feminino dos Estados Unidos (NWSL) e, no final de 2023, comprou o London City, da Inglaterra, time que vai disputar a primeira divisão do Campeonato Inglês Feminino (WSL) na próxima temporada.


Nova presidente do Olympique Lyonnais, Michele Kang durante a final do Campeonato Francês Feminino (Foto: reprodução/Olivier Chassignole/Getty Images Embed)

O novo CEO, Michael Gerlinger, chegou à Eagle Football em março de 2024, após 18 anos no Bayern de Munique. O executivo iniciou sua trajetória no clube alemão atuando na área jurídica e se despediu como vice-presidente de negócios e competições. Entre seus principais destaques está a fundação da Associação de Clubes Europeus (ECA), entidade que representa os times do continente.


Michael Gerlinger, novo CEO do Lyon (Foto: reprodução/Olivier Chassignole/Getty Images Embed)

Entenda o rebaixamento

O clube de Textor foi rebaixado na última terça-feira (24) por decisão tomada pela Direção Nacional de Controle e Gestão (DNCG) da Liga de Futebol Profissional da França (LFP).

Em novembro de 2024, a DNCG havia determinado que o Lyon seria rebaixado administrativamente se não melhorasse a sua situação financeira até junho deste ano e o clube foi proibido de contratar na janela de transferências de janeiro. Mesmo com os alertas, Textor demonstrava confiança em que punição seria evitada.

O clube ainda pode recorrer da decisão e caberá a Michele Kang liderar os esforços para tentar reverter o rebaixamento administrativo.

Renato Paiva encerra trabalho de altos e baixos no Botafogo

Do “céu” da histórica vitória sobre o Paris Saint-Germain, ao “inferno” de uma das piores atuações recentes do Botafogo. Assim foi a reta final de Paiva como treinador do Alvinegro Carioca, após uma frustrante eliminação na Copa do Mundo de Clubes FIFA 2025.

Se a postura mais cautelosa diante dos franceses teve a aprovação de todos (especialmente dos torcedores), dado o poderio ofensivo do adversário, a repetição desse cenário contra um adversário local e nivelado foi tomada como “inaceitável” interna e externamente.

Mas a atuação contra o Palmeiras foi apenas o ponto alto, que tornou a situação do português insustentável diante de John Textor. O investidor norte-americano já mostrava descontentamento com algumas decisões de Paiva, especialmente a insistência no esquema com três volantes e o conservadorismo nos jogos fora do estádio Nilton Santos.

Atuações dentro e fora de casa

O ponto mais crítico do trabalho de Renato Paiva no clube carioca foi, sem dúvidas, a diferença de postura da equipe nos jogos no Nilton Santos para as partidas fora de casa. Em 10 jogos longe dos seus domínios (excluindo os jogos em campo neutro do Mundial), sob comando do português, o Botafogo venceu apenas duas vezes, além de dois empates e seis derrotas. Veja os resultados do Botafogo como visitante, sob comando de Paiva:

  • Palmeiras 0x0 Botafogo;
  • Universidad de Chile 1X0 Botafogo;
  • Bragantino 1X0 Botafogo;
  • Atlético-MG 1X0 Botafogo;
  • Estudiantes 1X0 Botafogo;
  • Bahia 1X0 Botafogo;
  • Carabobo 1X2 Botafogo;
  • Flamengo 0X0 Botafogo;
  • Capital 1X0 Botafogo;
  • Santos 0X1 Botafogo

Uma coincidência em meio a todas as derrotas de Paiva no Alvinegro (incluindo as duas derrotas sofridas no Mundial) foram os placares. Os cariocas nunca foram derrotados por um placar diferente de 1 a 0.

Enquanto isso, jogando em casa, o atual campeão Brasileiro se manteve invicto com o treinador. Foram nove jogos com oito vitórias e um empate. Confira os resultados:

  • Botafogo 2X0 Juventude;
  • Botafogo 2X0 Carabobo;
  • Botafogo 2X2 São Paulo;
  • Botafogo 2X0 Fluminense;
  • Botafogo 4X0 Capital;
  • Botafogo 4X0 Internacional;
  • Botafogo 3X2 Estudiantes;
  • Botafogo 1X0 Universidad de Chile;
  • Botafogo 3X2 Ceará

Copa do Mundo de Clubes

Renato Paiva chegou ao Mundial de Clubes ainda sob desconfiança, especialmente dos torcedores. Apesar das classificações na Libertadores e Copa do Brasil, o futebol apresentado não enchia os olhos do público e de Textor.

De acordo com o jornalista André Rizek, o dirigente já vinha se queixando da forma como Paiva escalava o time constantemente com três volantes, além da utilização de Cuiabano em outra função no campo.

Mas a vitória contra o PSG, de certa forma, amenizou o clima de cobrança que já estava forte do norte-americano com o português. A formação com três volantes foi “compreendida” pela exigência da partida, especialmente na parte física.

Diante do Atlético de Madrid, a escalação foi mantida e, novamente, o contexto do jogo (Botafogo poderia perder por até dois gols de diferença) foi fundamental para a cobrança “passar batida” por Textor.

Mas a atuação muito conservadora contra o Palmeiras (uma equipe considerada do mesmo nível que o Botafogo) somada a eliminação do Mundial (o clube deixou de arrecadar uma quantia significativa com a derrota) foi o ponto final do trabalho de Paiva, para John Textor.


Paiva em sua última coletiva como técnico do Botafogo (Vídeo: Reprodução/YouTube/BotafogoTV)

Renato Paiva deixa o clube com 23 jogos. Foram 12 vitórias, 3 empates e 8 derrotas no total.