Suprema Corte dos EUA permite abordagem de imigrantes por sotaque ou idioma

A Suprema Corte dos Estados Unidos permitiu, de forma temporária, que o governo do presidente Donald Trump use o sotaque, a raça e o idioma de uma pessoa como base para abordá-la e detê-la por suspeita de imigração ilegal. A medida suspendeu a liminar da juíza federal Maame Frimpong, que havia concluído que as ações de agentes de imigração violavam a Quarta Emenda da Constituição, que protege contra buscas e apreensões irrazoáveis. O placar de 6 a 3 reflete a maioria conservadora da Corte, com os juízes liberais manifestando forte discordância.

O que muda com a decisão

Com a suspensão, agentes do Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE) e de outras agências federais podem retomar operações mais agressivas, baseadas em “fatores culturais e linguísticos” combinados com outros elementos. Isso significa que uma pessoa que fale inglês com sotaque estrangeiro ou espanhol em público pode ser alvo de uma abordagem, mesmo que não haja outra “suspeita razoável” de que esteja no país ilegalmente.

Donald Trump celebrou a decisão, classificando-a como uma “vitória para a lei e a ordem”. Além disso, Trump prometeu dar prosseguimento à sua agenda de imigração para “proteger nossas fronteiras e deportar os ilegais”.


O distintivo e a arma de um agente do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE) (Foto: reprodução/Kevin Dietsch/Getty Images Embed)

Reações e impactos

A decisão provocou críticas imediatas de grupos de direitos civis, como a União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU), que a consideram uma legitimação do perfilamento racial. Para eles, a medida incentiva a discriminação e cria um ambiente de medo, especialmente para a comunidade latina, incluindo cidadãos americanos. A juíza liberal Sonia Sotomayor, em sua dissidência, classificou a decisão como um “retrocesso aos dias sombrios do nativismo”, afirmando que ninguém deveria ter que viver com medo de ser abordado por sua aparência ou por falar espanhol.

Por outro lado, Donald Trump chegou a afirmar que a medida ajudará a cumprir sua promessa de campanha de realizar “a maior deportação da história”.

A decisão pode levar a um aumento significativo no número de detenções, com o impacto imediato sendo sentido em estados fronteiriços como Califórnia e Texas, onde as patrulhas de imigração podem se tornar mais intrusivas. A longo prazo, a medida pode enfrentar novos desafios judiciais e até mesmo em organismos internacionais, como a Organização dos Estados Americanos (OEA).

Juliette rejeita convite de dublagem após exigência para “neutralizar” sotaque

Juliette, campeã do BBB 21 e atualmente apresentadora e cantora, revelou ter recusado uma proposta para dublar uma princesa em um filme internacional. A influenciadora teria se emocionado ao receber o convite, mas ao chegar no estúdio foi informada de que precisaria “neutralizar” seu sotaque paraibano. Juliette respondeu que não aceitaria a mudança, pois seu sotaque, segundo ela, é parte integral de sua trajetória e identidade.

O pedido para alterar a forma de falar gerou grande comoção. Juliette explicou que escolheu ser ela mesma, com a voz que conquistou seu público, e não aceitou o que chamou de tentativa de padronização. Em vez disso, outra pessoa com “sotaque neutro” foi escalada para a função.

Resistência cultural

Em sua participação no programa Saia Justa (GNT), Juliette contou que chegou a chorar com a situação: “Não tem como eu neutralizar porque não existe sotaque neutro”, disse ela, explicando que escolheram outra voz que se adequava ao padrão linguístico que queriam. Ela afirmou que seu sotaque nordestino a levou até ali, e que recusar foi uma forma de honrar suas raízes e inspirar crianças que se identificam com essa fala.

O episódio reacendeu o debate sobre preconceito linguístico no Brasil e a exigência reflete um viés cultural que invisibiliza as falas regionais.

Segundo a apresentadora, a resposta foi direta: “Se vocês querem a minha voz, a minha voz precisa trazer a minha raiz, quem eu sou”, completou.


Relato de Juliette no programa Saia Justa (Vídeo: reprodução/Instagram/@gnt)

Na internet, internautas reforçaram essa ideia, argumentando que pedir para alguém abandonar seu sotaque é pedir que renuncie à própria identidade.

Muito além da dublagem

Para além do campo artístico, Juliette associou o pedido à xenofobia linguística, lembrando que sotaques nordestinos ainda enfrentam representação caricata e invisibilização em diversas áreas. Ela também ressaltou que é comum profissional de mídia e cultura anular suas origens para alcançar aceitação nacional, o que teria efeito propagador de um padrão homogêneo e excludente.