Juliette rejeita convite de dublagem após exigência para “neutralizar” sotaque
Influenciadora diz que pedido invalida identidade cultural e não aceitou ajuste linguístico; o relato aconteceu no programa ‘Saia Justa’

Juliette, campeã do BBB 21 e atualmente apresentadora e cantora, revelou ter recusado uma proposta para dublar uma princesa em um filme internacional. A influenciadora teria se emocionado ao receber o convite, mas ao chegar no estúdio foi informada de que precisaria “neutralizar” seu sotaque paraibano. Juliette respondeu que não aceitaria a mudança, pois seu sotaque, segundo ela, é parte integral de sua trajetória e identidade.
O pedido para alterar a forma de falar gerou grande comoção. Juliette explicou que escolheu ser ela mesma, com a voz que conquistou seu público, e não aceitou o que chamou de tentativa de padronização. Em vez disso, outra pessoa com “sotaque neutro” foi escalada para a função.
Resistência cultural
Em sua participação no programa Saia Justa (GNT), Juliette contou que chegou a chorar com a situação: “Não tem como eu neutralizar porque não existe sotaque neutro”, disse ela, explicando que escolheram outra voz que se adequava ao padrão linguístico que queriam. Ela afirmou que seu sotaque nordestino a levou até ali, e que recusar foi uma forma de honrar suas raízes e inspirar crianças que se identificam com essa fala.
O episódio reacendeu o debate sobre preconceito linguístico no Brasil e a exigência reflete um viés cultural que invisibiliza as falas regionais.
Segundo a apresentadora, a resposta foi direta: “Se vocês querem a minha voz, a minha voz precisa trazer a minha raiz, quem eu sou”, completou.
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Relato de Juliette no programa Saia Justa (Vídeo: reprodução/Instagram/@gnt)
Na internet, internautas reforçaram essa ideia, argumentando que pedir para alguém abandonar seu sotaque é pedir que renuncie à própria identidade.
Muito além da dublagem
Para além do campo artístico, Juliette associou o pedido à xenofobia linguística, lembrando que sotaques nordestinos ainda enfrentam representação caricata e invisibilização em diversas áreas. Ela também ressaltou que é comum profissional de mídia e cultura anular suas origens para alcançar aceitação nacional, o que teria efeito propagador de um padrão homogêneo e excludente.