PIB do Brasil avança pelo 16º trimestre seguido e atinge recorde histórico, aponta IBGE

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 0,4% no segundo trimestre de 2025 em relação aos três meses anteriores, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com o resultado, a economia brasileira completou 16 trimestres consecutivos de alta e alcançou o maior patamar da série histórica, iniciada em 1996.

Embora o avanço tenha sido menor que o 1,3% registrado no primeiro trimestre, o desempenho ficou dentro do intervalo projetado por analistas, que estimavam crescimento entre 0,3% e 0,5%. Na comparação com o mesmo período de 2024, o PIB registrou aumento de 2,2%. No acumulado dos últimos quatro trimestres, a alta foi de 3,2%.

Setores que impulsionaram e frearam o crescimento

O setor de serviços foi o principal motor da economia no trimestre, com alta de 0,6%. Atividades financeiras tiveram expansão de 2,1%, enquanto informação e comunicação avançaram 1,2% e transporte cresceu 1,0%. A indústria também registrou aumento de 0,5%, impulsionada sobretudo pela indústria extrativa, que avançou 5,4%.


IBGE (foto: reprodução/Tânia Rêgo/Agência Brasil)

 

A agropecuária, por outro lado, teve retração de 0,1% em relação ao trimestre anterior, influenciada por safras menos favoráveis em determinados produtos. Pelo lado da demanda, o consumo das famílias cresceu 0,5%, mas os investimentos caíram 2,2% e os gastos do governo recuaram 0,6%.

Projeções para 2025

O resultado foi influenciado por um cenário de política monetária restritiva, com a taxa Selic mantida em 15% ao ano, o que encareceu o crédito e reduziu o ritmo de investimentos. O IBGE destacou que a combinação de juros elevados e menor consumo do setor público limitou parte da expansão observada em serviços e na indústria.

Para 2025, a expectativa oficial do governo é de crescimento de 2,5%, acima das estimativas de mercado, que projetam avanço entre 2,2% e 2,3%. Mesmo em desaceleração no segundo trimestre, o dado de 16 períodos consecutivos de alta consolidou o PIB brasileiro no nível mais elevado desde o início da série histórica em 1996.

FMI aponta risco de desaceleração maior no Brasil

O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou nesta semana que a imposição de novas tarifas comerciais sobre produtos brasileiros pode resultar em uma desaceleração mais acentuada da economia nacional. A sinalização ocorreu durante coletiva de imprensa após a atualização do relatório de perspectivas econômicas globais da instituição.

Estimativas de crescimento mantidas, mas com ressalvas

Apesar da preocupação com o cenário tarifário, o FMI manteve sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil para 2025 em 2,3%. A instituição destacou, no entanto, que essa estimativa já considera parte das tarifas atualmente em vigor, como aquelas aplicadas sobre aço e alumínio exportados para os Estados Unidos.

De acordo com o órgão, a possibilidade de novas tarifas, ainda em discussão, representa um fator de risco relevante. Se implementadas, essas medidas podem provocar impactos adicionais sobre o desempenho da economia brasileira nos próximos trimestres.

Impacto estimado no PIB

A vice-diretora do Departamento de Pesquisa do FMI, Petya Koeva Brooks, afirmou que o efeito potencial das novas tarifas pode atingir uma faixa entre 1,1 e 1,4 ponto percentual do PIB brasileiro. Essa estimativa considera os setores que podem ser diretamente afetados por barreiras comerciais adicionais, incluindo segmentos da indústria de transformação e do agronegócio.

Segundo o FMI, os produtos possivelmente atingidos por medidas tarifárias adicionais incluem café, carne bovina, suco de laranja e itens da indústria metalúrgica.


Foto de Lula quando falou sobre o PIB brasileiro para o The New York Times (Foto: reprodução/x/@lazarorosa25)

Avaliação estrutural

A instituição também destacou que o ambiente macroeconômico brasileiro em 2025 é caracterizado por menor impulso fiscal, política monetária ainda restritiva e uma desaceleração gradual da atividade. O aumento de barreiras comerciais, nesse contexto, pode agravar pressões existentes sobre o investimento, o consumo e a geração de empregos.

Perspectiva para 2026

Para 2026, a projeção do FMI é de crescimento de 2,1% do PIB, levemente abaixo do ritmo previsto para 2025. Essa desaceleração acompanha o cenário global de crescimento moderado, além de refletir o esgotamento de alguns estímulos econômicos aplicados em anos anteriores.

Considerações finais

O FMI continua monitorando os desdobramentos relacionados ao comércio internacional e às políticas adotadas pelos principais parceiros comerciais do Brasil. A instituição reforçou que o ambiente externo permanece incerto e que o país pode enfrentar desafios adicionais caso novas tarifas sejam efetivamente implementadas.

Haddad chama a atenção para possível recessão técnica nos EUA já no próximo mês

O ministro da Fazenda do Brasil afirmou na última sexta-feira (13) que os Estados Unidos podem entrar em recessão técnica já no mês de julho. A declaração foi feita durante um jantar em São Paulo (capital), num encontro promovido pelo Grupo Prerrogativas, em meio às discussões sobre os efeitos da política monetária norte-americana na economia global.

Resultados da economia americana

O alerta foi feito com base nos recentes resultados da economia americana no último trimestre. Uma recessão técnica ocorre quando um país registra dois trimestres seguidos de encolhimento no Produto Interno Bruto (PIB). No caso dos Estados Unidos, os sinais de desaceleração começaram a se materializar quando os números divulgados no primeiro trimestre de 2025 mostraram que a economia norte-americana encolheu 0,3%, fato que acendeu o alerta entre investidores e formuladores de políticas econômicas.

Fernando Haddad destacou que é necessário, ainda, aguardar, pois o cenário previsto por ele depende de dados do segundo trimestre, mas reiterou que os números indicam uma possível retração contínua. Na visão do ministro, caso haja uma nova queda, mesmo que pequena, na divulgação dos próximos resultados, os Estados Unidos estarão em uma recessão técnica.


Fernando Haddad no evento com o Grupo Prerrogativa (Foto: reprodução/ Instagram/@fernandohaddadoficial)

Atenção ao cenário internacional

A condução da política de juros adotada pelo Federal Reserve (Fed) tem sido acompanhada por especialistas com atenção. As taxas elevadas para conter a inflação têm causado o temor de que o aperto monetário acabe enfraquecendo ainda mais o crescimento econômico. É por meio dessa ótica que Haddad aponta para um cenário de recessão iminente nos EUA.

A probabilidade de recessão na economia americana acende um sinal de alerta e desperta grande preocupação sobre os impactos nas economias emergentes, como o Brasil. De acordo com Haddad, o governo brasileiro acompanha com atenção o cenário internacional a fim de ajustar suas estratégias econômicas e mitigar possíveis efeitos negativos no mercado interno.