Após cinco dias de protestos, prefeita de Los Angeles decreta toque de recolher

Na terça-feira (10), Karen Bass, prefeita de Los Angeles, decretou estado de emergência e estabeleceu um toque de recolher nas áreas centrais da cidade. A decisão, foi motivada após a permanência de protestos — iniciados na última sexta (6) e intensificados após ações do ICE (Serviço de Imigração dos EUA) — e tem como objetivo conter os episódios de vandalismo, saques e confrontos envolvendo manifestantes e agentes de segurança.

O toque de recolher iniciou-se às 20h, com permanência até as 6h do dia seguinte, abrangendo cerca de 2,5 km² no centro da cidade, delimitado pelas principais rodovias (5, 110 e 10). A estratégia visa evitar a escalada de tumultos, mas inclui algumas exceções para moradores, pessoas em situação de rua, profissionais de imprensa credenciados, equipes de emergência e trabalhadores essenciais.

Origem das manifestações

Desde o dia 6 de junho, a cidade de Los Angeles tem sido palco de intensas manifestações em reação a operações de detenção promovidas pelo ICE (Serviço de Imigração e Controle de Aduanas). As ações estão acontecendo em diversos bairros, incluindo o Fashion District, com uso de gás lacrimogêneo, balas de borracha e detenção de dezenas de pessoas. Muitos manifestantes direcionaram os atos para outros locais como o Westlake e até interditaram trechos da rodovia 101 em protesto.


Protestos causam alvoroço em Los Angeles e cidades vizinha (Vídeo: reprodução/YouTube/G1)

À medida que os protestos continuam, já totalizando cinco dias, relatos de vandalismo, saques e tiroteios isolados começaram a aumentar. Pensando na segurança pública, a prefeita Karen Bass declarou estado de emergência para grande parte do centro da cidade e implementou um toque de recolher, garantindo que a população não sofra nenhum dano físico enquanto medidas não são tomadas para a resolução do problema.

Repercussão nacional

Apesar de grande parte dos protestos ser pacífica, houve episódios de violência que chamaram atenção nacional. A polícia e manifestantes trocaram balas de borracha e gás lacrimogêneo. Em meio aos confrontos, diversos jornalistas que realizavam a cobertura das manifestações acabaram sendo baleados. Segundo informações, aproximadamente 250 pessoas já foram detidas na cidade de Los Angeles, com 197 delas presas apenas na noite de 10 de junho. Seis pessoas ficaram feridas, incluindo uma repórter australiana.

Nova York, Chicago, Austin e Dallas são alguns dos nomes que totalizam uma lista de 20 cidades que também decidiram fazer parte dos protestos em defesa dos direitos dos imigrantes. No âmbito político, figuras democratas como Bernie Sanders e Gavin Newsom acusam a Presidência de usar a crise como distração e plano estratégico, aumentando o debate sobre autoritarismo e uso da força.

Protestos em Los Angeles geram violência; Trump envia Guarda Nacional

A cidade de Los Angeles foi palco de confrontos violentos pelo terceiro dia consecutivo neste domingo (8), após o presidente Donald Trump autorizar o envio de dois mil soldados da Guarda Nacional para conter manifestações pró-imigrantes e contrárias à política de deportação em massa.

Com forte presença e cultura latina, a Califórnia é um estado majoritariamente democrata — partido da oposição, pelo qual Kamala Harris concorreu à presidência no ano passado. O governador Gavin Newsom, também democrata, se opôs ao envio da Guarda Nacional e não autorizou o uso dos soldados para conter os manifestantes. Mesmo assim, Trump contrariou a decisão estadual. Newsom anunciou que o estado da Califórnia processará o presidente, classificando o envio como “ilegal, imoral e inconstitucional” e o acusando de “jogar lenha na fogueira”.

Segundo a agência Associated Press (AP), o confronto teve início em frente a uma prisão em Los Angeles. Homens encapuzados incendiaram veículos, e as forças de segurança reagiram com spray de pimenta e balas de borracha. Ao menos sete pessoas foram presas.

Políticas de deportação de imigrantes

O segundo mandato de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos começou ainda mais rígido que o anterior, principalmente no que diz respeito à deportação de imigrantes. Mais de 100 brasileiros foram recentemente deportados e retornaram ao Brasil. Protestos semelhantes também ocorreram em Washington e Nova York.


Carros incediados durante protesto em Los Angeles (Vídeo: reprodução/Youtube/UOL)

Não é a primeira vez que Trump recorre à Guarda Nacional para conter manifestantes. Em 2020, ele convocou soldados para reprimir protestos após a morte de George Floyd. Desta vez, no entanto, a medida foi adotada sem o aval do governador.

Violência em Los Angeles

Em entrevista à MSNBC, o governador Gavin Newsom responsabilizou Trump pelo caos transmitido pela televisão. “Ele disse em um tweet que tudo está seguro agora”, ironizou o governador. Ele também fez um apelo à população: “Los Angeles, não mordam a isca de Trump. […] Aqueles que agredirem policiais ou causarem danos materiais estarão sujeitos à prisão.

Durante a cobertura dos protestos, uma repórter australiana foi atingida por uma bala de borracha.


 Repórter australiana é feriada no protesto (Vídeo: reprodução/Youtube/Band Jornalismo)

As manifestações ganharam destaque em veículos de imprensa ao redor do mundo e se tornaram tema de debate nas redes sociais. Internautas anti Trump acusam o presidente de abuso de poder, enquanto apoiadores criticam os manifestantes e o “caos” gerado na cidade.