Trump aciona a Suprema Corte para acabar o direito de cidadania

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu à Suprema Corte que analise o fim da cidadania por direito de nascimento a medida pode alterar uma das garantias constitucionais mais antigas do país. Segundo a reportagem o republicano busca apoio da Corte para endurecer sua política migratória. A decisão, se acolhida, pode ter impacto direto sobre milhões de pessoas nascidas em solo americano.

A ideia de Trump para acabar com direito de cidadania

Trump solicitou hoje que a Suprema Corte reavalie a ordem da Casa Branca que propõe o fim da cidadania por nascimento. Na prática, a iniciativa busca impedir que filhos de estrangeiros nascidos nos EUA recebam automaticamente a nacionalidade, caso nenhum dos pais seja cidadão americano ou tenha residência legal no país.


Presidente Trump em um evento esportivo (Foto: reprodução/ Instagram/ @realdonaldtrump)

A Constituição, em sua 14ª Emenda, assegura a cidadania a qualquer indivíduo nascido em território dos Estados Unidos. Já a gestão de Donald Trump alega que essa previsão causa “impactos negativos”. A disputa chegou à Suprema Corte após tribunais de instâncias inferiores negarem o pedido, em decisão classificada como “equivocada” pelo procurador-geral D. John Sauer, principal advogado de apelação do governo.

De acordo com Sauer, os julgamentos derrubaram uma medida considerada vital para o presidente e sua gestão, colocando em risco a segurança das fronteiras. Ele acrescentou que essas decisões acabam concedendo, sem base legal, a cidadania americana a centenas de milhares de pessoas que não se enquadram nos critérios exigidos. “Essas determinações acabam por conceder, sem respaldo jurídico, o benefício da cidadania dos EUA a centenas de milhares de indivíduos que não atendem aos requisitos”, afirmou. Foi examinada uma versão do recurso, que ainda não chegou a ser formalmente apresentada à Suprema Corte.

Mais detalhes sobre essa decisão

Em junho, a Suprema Corte analisou um caso sobre cidadania por nascimento, mas a questão central era processual: até que ponto os tribunais inferiores podem impedir a implementação de uma política presidencial nos Estados Unidos. Na decisão, a corte, por seis votos a três, limitou sem, no entanto, acabar completamente o poder desses tribunais de barrar esse tipo de medida. A decisão fez com que estados e indivíduos contrários ao decreto de Trump sobre o tema abrissem novos processos, tentando encerrar a medida por outras estratégias, incluindo ações coletivas.

De maneira implícita, a Suprema Corte permitiu que esses outros tipos de bloqueio nacional continuassem ativos. Várias decisões posteriores mantiveram a suspensão da medida de Trump, e agora o governo pede aos juízes que assumam os casos para resolver a questão de forma definitiva.

Trump manda tropas para Portland

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, determinou neste sábado (27/9) o envio de forças militares para a cidade de Portland, em Oregon, autorizando o uso de “toda a força necessária”, se preciso. Trump declarou que estava “instrui o Secretário da Defesa, Pete Hegseth, a disponibilizar todas as tropas requeridas para proteger Portland, que está sendo devastada pela guerra”. Segundo ele, a ação tem como objetivo resguardar “quaisquer instalações do ICE [agência de imigração americana] que estejam sob ataque da Antifa e de outros grupos considerados terroristas domésticos”.

O comunicado deste sábado indica uma ampliação do envio de tropas para cidades nos EUA, inserido em uma repressão mais ampla do governo Trump contra a imigração irregular. “Não solicitei e não necessito da intervenção do governo federal”, declarou o prefeito de Portland, Keith Wilson, no começo deste mês. A filial do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE) em Portland foi atacada por manifestantes, resultando em confrontos violentos que deixaram alguns agentes federais feridos.

A mensagem de Trump, divulgada na manhã de sábado, não esclarece se ele pretende mobilizar a Guarda Nacional ou as tropas regulares do Exército dos EUA. Além disso, não detalha o que exatamente envolve o uso de “toda a força”. Trump sinalizou que uma ação militar em Portland poderia ser realizada.

Corte dos EUA barra ordem de Trump que restringe cidadania automática

Uma corte federal de apelações dos Estados Unidos considerou inconstitucional, na última quarta-feira (23), a ordem executiva emitida pelo ex-presidente Donald Trump que pretendia restringir o direito automático à cidadania americana para pessoas nascidas em território nacional. Com a decisão, a medida não poderá ser implementada.

Essa foi a primeira vez que um tribunal desse nível avaliou a validade da ordem desde que a Suprema Corte limitou, em junho, o alcance das decisões judiciais de instâncias inferiores, impedindo que juízes locais suspendam políticas federais em todo o país.

A proposta assinada por Trump no início de seu mandato fazia parte de uma série de ações voltadas ao endurecimento das leis de imigração. O objetivo era impedir que filhos de imigrantes em situação irregular recebessem automaticamente a cidadania dos EUA ao nascer, contrariando um princípio estabelecido pela 14ª Emenda da Constituição após a Guerra Civil.

Histórico constitucional reforça cidadania por nascimento

Historicamente, o entendimento jurídico adotado pelo país desde 1898, com base no caso United States v. Wong Kim Ark , é que todas as pessoas nascidas em solo americano, com poucas exceções, têm direito à cidadania. As exceções reconhecidas pelo tribunal naquela época envolvem filhos de diplomatas estrangeiros, inimigos em ocupação hostil, pessoas nascidas em embarcações estrangeiras e descendentes de tribos indígenas consideradas soberanas.

Em junho, a Suprema Corte decidiu que juízes de primeira instância não possuem autoridade para emitir decisões com efeito nacional. Isso abriu espaço para que a ordem de Trump começasse a ser aplicada. No entanto, horas após essa decisão, a ACLU (União Americana pelas Liberdades Civis) e outras organizações entraram com uma nova ação judicial para barrar a medida.


Trump discursa na Casa Branca (Reprodução/Instagram/@potus)

Medida afetaria milhares de crianças todos os anos

As entidades alegaram que, mesmo com a limitação imposta pela Suprema Corte, ainda haveria brechas para suspender políticas federais em âmbito nacional no contexto de ações coletivas. A argumentação foi aceita pela corte de apelações.

A ordem executiva previa que agências federais negassem a cidadania a bebês nascidos nos EUA cujos pais não fossem cidadãos americanos nem residentes legais permanentes (portadores de green card). Estimativas de grupos de defesa dos direitos dos imigrantes e de estados governados por democratas indicam que mais de 150 mil recém-nascidos poderiam ser afetados anualmente caso a norma entrasse em vigor em escala nacional.