Pamella Holanda, ex-mulher de DJ Ivis que denunciou o músico por agressão no mês de julho, concedeu uma entrevista para o programa 'Vem Pra Cá', no SBT, nesta sexta-feira (10). Na conversa, a arquiteta relembrou como era o relacionamento com o ex e contou sobre um projeto em que ajuda mulheres que também foram vítimas de violência doméstica.
Ela conta que resolveu dar um basta na situação no momento em que percebeu que a filha estava começando a entender o que acontecia. ''Quando percebi que minha filha estava crescendo e entendendo as coisas, vi que não ia ser mais saudável pra mim e pra ela. Eu sentia vergonha da situação por conta do quanto eu mesma me diminuía e me deixava ser diminuída dentro daquela relação. Depois que a gente sai, a gente consegue enxergar as coisas de uma maneira melhor''.
Postagem feita por Pamella após a denúncia (Foto: Reprodução/Instagram)
Pamella revela por que teve receio de fazer a denúncia e conta como foi o dia em que esteve na delegacia. ''A demora da justiça...Foi por isso que demorei tanto pra denunciar. Eu tinha medo das pessoas não acreditarem na situação. No dia que fui na delegacia, eu dei sorte, pois era uma delegacia com muitas mulheres. Eu estava sozinha e eu fui acolhida por uma mulher. Isso faz muita diferença''.
A arquiteta conta como se sente hoje e a respeito da ajuda que oferece a outras mulheres. ''No ápice do sofrimento, sentia que tinha que fazer algo para ajudar. Mulheres me param na rua e me abraçam. A gente está tratando algo que aflige nossa alma, não só corpo, mas que deixa marca para o resto da nossa vida. Hoje sou outra pessoa, me libertei, realmente saí do casulo. Sou uma mulher maior, melhor, sou mãe, tenho minha profissão, trabalho. A gente está aqui para ser feliz''.
Pamella diz estar se sentindo uma ''mulher melhor'' (Foto: Reprodução/Instagram)
Pamella aproveitou para deixar um recado alertando as mulheres. ''A mulher em si não pode esperar por justiça, por governo, por lei, ou por alguém que vá lá e a retire da situação. Ela tem que agir por conta própria, tem que agir por ela mesmo. É uma decisão que vai salvar a vida dela'', concluiu.
A psicóloga Anahy D'Amico, que também participou do 'Vem Pra Cá' desta sexta-feira (10), atenta sobre os sintomas da violência doméstica. ''A mulher tem de reconhcer que está passando por essa situação, ela costuma normatizar esse comportamento. A mulher foi educada para fazer o relacionamento dar certo. Tem mulheres que nem sabem que estão sofrendo um relacionamento abusivo. É uma situação que paralisa mesmo''.
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Dados da violência
Segundo a pesquisa do Datafolha, encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e divulgada em junho deste ano, uma em cada quatro mulheres acima de 16 anos afirma já ter sofrido algum tipo de violência. Isso representa cerca de 17 milhões de mulheres (24,4%), que já foram vítimas de violência física, sexual ou psicológica no último ano.
Segundo pesquisa a maior parte das vítimas de violência são mulheres jovens, divorciadas e negras (Foto: Reprodução/G1)
Campanha 'Sinal Vermelho' incentiva mulheres a pedirem ajuda (Foto: Reprodução/Antonio Marcio/PMMI)
Com a pandemia, os números de violência doméstica aumentaram, assim como o número de casos de feminicídio no Brasil. Ainda de acordo com a pesquisa, os autores da violência são, na maioria das vezes, conhecidos das vítimas. Esse fato dificulta a denúncia, já que os agressores ficam por mais tempo com as vítimas.
Foto destaque: Pamella Holanda. Reprodução/Instagram