A moda traz uma personalidade e ultrapassa barreiras do tempo. Através da maneira como nos vestimos, criamos um estilo de vida que nos caracteriza e nos acompanha por toda vida. Além disso, na moda é possível se expressar e se comunicar. Isso porque, para muitos sociólogos a moda é, sim, artística e, ao mesmo tempo, sociológica, econômica, política e remete a questões de identidade social.
Exemplo disso, foi na Primeira Guerra Mundial, cenário em que as mulheres começaram a fazer parte do mercado de trabalho e já não fazia mais sentido usar corselets desconfortáveis ou saias longas. A partir desse tempo, mudanças começaram a ser feitas e o visual feminino empoderado ressurge.
No nosso panorama atual, onde ainda enfrentamos o Covid-19, também surgem modificações significativas. Os eventos de moda e as vitrines de lojas respondem a esse momento, criando peças cheias de cores e estampas. Estratégia usada na sociedade para trazer uma dose de esperança e seguir consumindo nesse tempo difícil. Esse fenômeno tem nome: moda dopamina. Ela é uma referência ao neurotransmissor cerebral responsável por enviar informações para várias partes do corpo e, quando é liberado, estimula o sentimento de prazer e aumenta a motivação.
Tendência dopamina. (Foto: Reprodução/Pinterest)
Não é de hoje que pesquisadores investigam a ligação entre as cores e seus poderes de provocar emoções. Por exemplo, na simbologia das cores, o amarelo é a cor da alegria e desperta o sistema de recompensa, já o azul é tido como tranquilidade e serenidade, ela permite segurança e estimula o lado mais racional.
Claro que a moda foi além destas tonalidades e abusaram das cores na suas confecções. O fenômeno em si, em senso comum, não parece ter prazo de validade. “Tivemos perdas irreparáveis, mas, também carregamos, de certa forma, o sentimento de termos sobrevivido. É exatamente daí que nasce esta moda cheia de cores, estampas e que parece gritar em uníssono a mensagem de que dias melhores virão”, afirma a editora de moda da Vogue, Vivian Sotocorno.
Na opinião dela, as combinações das cores, também divide a tendência com as peças confortáveis, a favorita das pessoas que estão vivendo no lockdown e home office. “Ao mesmo tempo que assistimos esta profusão de looks alegres, notamos que todo esse colorido acontece entre peças confeccionadas em materiais confortáveis e donos de modelagem idem. Talvez seja exatamente desta aliança entre a moda dopamina e o athleisure que tenha surgido um novo modo de vestir”, relata Vivian Sotocorno.
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Na 52º edição do SPFW - maior semana de moda do Brasil - que aconteceu em novembro, o sentimento de otimismo também refletiu pela passarela e pela plateia. A grife baiana Meninos Rei, que participou do evento, foi um dos destaques com suas peças de modelagem elaborada e tecidos africanos cheios de estampas e cores intensas. “Estamos saindo de um período sombrio, onde muitas pessoas morreram e ainda morrem. Nossa apresentação chegou num momento onde as pessoas pareciam estar sedentas por algum tipo de alegria. E nossa moda recupera esse sentimento, através de cores, estampas, inclusão e a possibilidade de retratar nossa ancestralidade”, conta o estilista Céu Rocha, que junto com o irmão, Júnior, comanda a etiqueta baiana criada há sete anos.
Foto destaque: Moda dopamina. Reprodução/Pinterest.