Após propagar discursos antidemocráticos, alguns influenciadores, como Paulo Figueiredo, Allan dos Santos e Bruno Aiub (conhecido como Monark), tiveram suas contas das principais redes sociais suspensas, a pedido do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
Porém, tais influenciadores estão migrando para o Rumble, uma plataforma de vídeos que confirma ser “imune à cultura do cancelamento”. Segundo um relatório da empresa, até o terceiro trimestre de 2022, 71 milhões de usuários acessavam o site.
Através da plataforma, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro propagam seus conteúdos, os quais são divulgados em aplicativos de mensagens e estabelecem conexão e diálogo com seus apoiadores. Em uma decisão do supremo em 11 de janeiro que pedia a suspensão das contas de Monark, o Rumble foi citado, no entanto, a rede não cumpriu as ordens.
Monark foi um dos responsáveis por expandir a plataforma no Brasil, quando em março de 2022, ambos firmaram um contrato exclusivo para publicações de vídeos. O podcaster é um dos mais ativos na rede, onde critica o poder judiciário, afirma sofrer censura e diz que o Brasil está sob uma “ditadura”.
Em uma live feita no dia 23, Monark, se referindo à Moraes, afirmou que “a China é mais democrática do que o Brasil. Lá, pelo menos, um cara não decide tudo”. Após os atos antidemocráticos em 8 de janeiro, o influenciador confirmou ter “simpatia” pelos radicais. Pouco tempo depois, ele condenou a ação, mas mesmo assim, teve suas contas suspensas.
Conta de Monark no Twitter retida em 13/01. (Foto: Reprodução/Twitter)
De acordo com alguns especialistas, o fato do Rumble não apresentar restrições mais rígidas, atrai ainda mais influenciadores. Segundo o diretor-executivo do InternetLab, Francisco Brito Cruz, “as grandes plataformas passaram a tomar medidas incômodas; as pequenas não respeitam. Se o Rumble receber uma ordem judicial brasileira e não cumprir, não é uma questão de querer ou não. Ele não pode fazer isso. Pode-se discutir, questionar a decisão, mas não pode descumprir”.
Para o advogado André Marsigila, as decisões de Moraes podem configurar-se “censura prévia”. “Entendo que suspender um perfil é censura prévia porque é impedir uma pessoa de se manifestar no futuro. Não existe um ilícito futuro, um ilícito que não aconteceu”, explicou ele.
Foto Destaque: Rumble. Reprodução/Remessa Online