Bem Estar

Depressão, suicídio e a cultura do cancelamento

Aonde a cultura do cancelamento pode nos levar, vale a pena disseminar ódio através da redes sociais, quais os impactos dela em nossa saúde mental?

04 Nov 2020 - 22h19 | Atualizado em 04 Nov 2020 - 22h19
Depressão, suicídio e a cultura do cancelamento  Lorena Bueri

Nos últimos anos, o termo “cancelado” decolou nas redes sociais e foi definido como um termo de poder. Então, afinal, o que é “ser cancelado?”. O cancelamento ocorre quando alguém ou um grupo decide parar de apoiar uma pessoa, lugar ou coisa com base em um ou mais eventos ou ações negativas ocorridas. Na verdade, a cultura do cancelamento é ensinar uma coisa a todos: se algo estiver errado, pare de apoiar, afirmar, seguir ou praticar.

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Entretanto, nem todos concordam com o cancelamento como algo positivo. Para algumas pessoas, a “cultura do cancelamento” tenta de alguma forma desabilitar a capacidade de uma pessoa na qual você discorda de ser levada a sério ou ao extremo, como ser contratada ou empregada em seu campo de trabalho. Em tweets, cartas online, artigos de opinião e livros, conservadores, centristas e liberais continuam a denunciar o que eles chamam de intolerância crescente por pontos de vista opostos e a ruína desnecessária de vidas e carreiras.

Famosos e a onda de cancelamento virtual

Exemplo disso são os famosos, que não têm a capacidade de se explicar ou tentar se redimir depois de serem "canceladas". Embora existam exemplos de celebridades consideradas responsáveis ​​por atos hediondos, muitas vítimas de cancelamento foram falsamente acusadas ou indignas de tal ódio.

O tema central desses incidentes é a falta de perdão. Assim que uma celebridade comete algo que possa ser considerado um erro, ela é “cancelada” e imediatamente colocada na lista negra dos fãs.  Várias celebridades já vieram a público falar sobre os danos que as redes sociais têm causado à sua saúde mental. Devido à natureza impessoal da internet, as celebridades são continuamente bombardeadas com críticas implacáveis.

Esse cancelamento virtual é extremamente tóxico para saúde mental de todos envolvidos, porque não nos permite ser humanos e cometer erros, bem como aprender a dar às pessoas uma segunda chance e perdoá-las. Nesse ritmo, as celebridades temem que os tweets antigos de quando não eram tão sábios ressurjam e prejudiquem toda a sua carreira ou cometam qualquer erro humano sem que seus fãs desistam deles. Veja alguns casos famosos:


Em seu canal no Youtube, Cocielo pede desculpas pelos tweets racistas (Foto:Reprodução/Youtube)


O influenciador digital Júlio Cocielo, do Canal Canalha, no YouTube, publicou um tuíte que relacionava o jogador Mbappé à prática de arrastões: “Mbappé conseguiria fazer uns arrastão top na praia hein”, tuitou. Logo em seguida a publicação foi acusada de racismo e ganhou grande repercussão. As marcas que trabalham ou já fizeram projetos com Cocielo foram questionadas pelo público. Além, de se tornar réu acusado de racismo após internautas “resgatarem” outros tuítes antigos racistas feitas pelo influenciador.

Outro caso famoso e "recente" é o da influenciadora digital Gabriela Pugliesi, que movimentou as redes sociais, mas por um motivo diferente dos tradicionais conteúdos sobre vida fitness. A influencer publicou uma série de stories no Instagram durante uma festa realizada na sua casa, com amigos próximos, bebida e muita animação em plena pandemia. O episódio foi considerado altamente insensível e gerou revolta nas redes sociais, a ponto de famosos a repreenderem publicamente. Apagar a publicação foi apenas a primeira faísca do incêndio que viria a seguir. As consequências foram muito maiores e atingiram em cheio a reputação e o bolso, tendo redução significativa no número de seguidores e rompimento de parcerias de trabalho por diversas marcas.


Pugliese publicou stories no Instagram pedindo desculpas pelo ocorrido (Foto:Reprodução/Youtube)


Como ela pode afetar na saúde mental

A ansiedade e a depressão estão em alta com a cultura do cancelamento, isso ocorre pelo fato da pessoa se sentir isolada e solitária, além, da sensação que todos desistiram dela antes mesmo que pudesse se desculpar ou corrigir seus erros. Outro fator é o suicídio, onde a abordagem neste nível de “cancelamento” gera eventos ou circunstâncias críticas que muitas das vezes são responsáveis ​​pelos suicídios. Um caso envolvendo essa situação foi a da influenciadora digital Alinne Araújo, que ficou conhecida pelo perfil “Sejje Sincera” no Instagram. A blogueira de 24 anos decidiu compartilhar os preparativos para o casamento solo com os seguidores. Veja:


"Hoje caso comigo mesma", diz a influencer em relato publicado no Instagram (Foto:Reprodução/Instagram)


Entretanto, Alinne recebeu uma série de ataques de pessoas a acusando de criar uma “fanfic” e inventar a situação: Agora vocês tão querendo mandar o jeito que eu vou sentir minhas coisas agora também… Ah, pronto. Podem criar a fanfic que vocês quiserem na suas cabeças. Eu não tô nem aí para vocês haters…”, desabafou em sua rede social.

Ela havia se tornado famosa justamente pelo “Sejje Sincera”, pensado para debater questões nas quais enfrentava diariamente, relacionadas com autoestima, depressão e ansiedade. Mas infelizmente cometeu suicídio após se jogar do nono andar do prédio onde morava na zona oeste do Rio de Janeiro. Antes de cometer suicídio, a blogueira deu detalhes sobre a desistência do noivo.


Pete Davidson, famoso pelo antigo relacionamento com a cantora Ariana grande e pelo filme: "Esquadrão suicída"

(Foto:Reprodução/Purebreak)


Outro caso, foi o do comediante Pete Davidson, do “Saturday Night Live”, que luta abertamente contra o Transtorno de Personalidade Borderline. Em seu Twitter, ele falou sobre os comentários que recebeu encorajando-o a cometer suicídio, dizendo: “Não importa o quanto a internet ou alguém tente me fazer me matar, eu ganhei”, relatou.

Contudo, percebemos que os problemas de saúde mental juntamente com os riscos de segurança física, surgem como resultado de ataques pela Internet. Devido a isso, devemos repensar nossas atitudes, ter mais empatia, aprendendo a usar a tecnologia de maneira positiva e não como ferramenta para disseminar ódio e violência.

Veja abaixo, 4 Dicas de como devemos tratar os outros e não os cancelar o tempo todo nas redes sociais:

- Permita que eles reconheçam seus erros e os corrija se necessário;

- Perdoe-os se eles se desculparem;

- Certifique-se de não ser aquela panela gritando, aquela chaleira, porque você também cometeu erros e teve permissão para viver sua vida;

- Não caia na cultura do cancelamento porque é a coisa mais popular a se fazer, saiba que ele cria mais espaços não saudáveis do que saudáveis ​​para nós no mundo da mídia social.

 

 

(Foto destaque: Ansiedade, Depressão e a cultura do cancelamento. Reprodução/Canaltech)

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