Pagamentos Instantâneos na Europa: projeções para 2025

Quais os meios de pagamento mais usados na Europa? Em alguns países, já existem datas para a implementação dos pagamentos instantâneos. Uma empresa brasileira já tem contatos aquecidos em diversos países, para exportar a tecnologia do Pix para o Velho Mundo.
26 Set 2024 - 20h00 | Atualizado em 26 Set 2024 - 20h00
Pagamentos Instantâneos na Europa: projeções para 2025
Com os recentes prazos estabelecidos pelo BCE (Banco Central Europeu), o Velho Continente está prestes a adotar o meio de pagamento instantâneo, amplamente conhecido e utilizado pelos brasileiros. O “Pix Europeu”, chamado TIPS, começará a operar nos países da zona do Euro a partir de fevereiro de 2025, quando as instituições financeiras deverão estar preparadas para liquidar transações em tempo real. 
Nos últimos anos, o cenário de pagamentos digitais na Europa tem crescido de forma exponencial, principalmente devido à vasta oferta de apps de pagamento; entretanto, a regionalização, a ausência de integração com todas os bancos e a não liquidação imediata, potencializa a entrada do TIPS, que garante que o dinheiro estará disponível na conta do destinatário em segundos, independentemente do horário ou do dia da semana. 
Mais seguro e moderno, o TIPS chegará aos europeus no próximo ano, e carrega uma forte inspiração no meio de pagamentos que transacionou 17 trilhões de reais em 2023, o Pix. “O Brasil é um dos principais países do mundo quando o assunto é pagamento instantâneo, com uma forte iniciativa oriunda do governo. De acordo com estudos internos que fizemos, se comparado a países que já possuem esse sistema, como Gana, Suécia, Índia e Tailândia, por exemplo, o Brasil é referência não somente para o FedNow (o Pix norte-americano) em capilaridade, mas para o mercado europeu como volume e alta tecnologia”, comenta Ricardo Lanfranchi, CEO USA da C&M Software, multinacional brasileira que oferece tecnologias de pagamento para o mercado financeiro.  
 
A companhia que detém maior share no fornecimento de Pix, também esteve presente na criação do meio de pagamento junto ao BACEN (Banco Central do Brasil) e, também, participou do desenvolvimento do FedNow, o meio de pagamento instantâneo dos Estados Unidos, que está em vigor desde julho de 2023. Agora, olha para a Europa com a mesma meta de exportar a expertise no desenvolvimento do TIPS às instituições financeiras. 
 
“Nossa penetração no mercado americano, impulsionada pela nossa trajetória de 25 anos no Brasil, potencializam a nossa expansão para a Europa devido à similaridade de produto e da nossa ação estratégica em conectar pagamentos instantâneos ao redor do mundo. Além dos Estados Unidos, também estamos levando uma versão similar de Pix à Colômbia, onde se chamará Bre-B, fortalecendo ainda mais a nossa bagagem para desembarcarmos na Europa”, comemora o executivo. 
  
Open Finance já é uma realidade e moderniza o sistema de pagamentos europeu  
O Reino Unido recebe destaque quando o assunto é Open Finance, o país registrou a marca de 7 milhões de usuários habilitados ao Open Banking e mais de 68 milhões de pagamentos por meio do ecossistema em 2022, segundo dados do Open Banking Impact Report.  
 
Para se ter uma ideia, aqui no Brasil, segundo dados do portal Open Finance Brasil, o Open Finance registrou a marca de 27,7 milhões de consentimentos únicos e 42,3 milhões de consentimentos ativos de clientes, em dezembro de 2023. Além disso, estimativas da Febraban preveem que o total de usuários do sistema chegue a 60 milhões até 2025. 
 
Outro aspecto importante no contexto europeu é a regulamentação que busca proteger os consumidores. A Diretiva de Serviços de Pagamento (PSD2) é um exemplo de como a legislação pretende aumentar a segurança das transações e incentivar a inovação. Com o PSD2, as instituições financeiras devem permitir que terceiros autorizados acessem dados bancários dos consumidores, promovendo a competição e a criação de novas soluções de pagamento. 
 
“Os meios de pagamentos na Europa já são um reflexo da evolução contínua da tecnologia, da legislação e das preferências do consumidor. Esta diversidade não apenas facilita as transações comerciais, mas também promove uma experiência de compra mais fluída e inclusiva, adaptando-se às necessidades de uma população cada vez mais dinâmica e interconectada. Implementar o TIPS tornará o sistema de pagamentos ainda mais completo e inovador”, destaca Lanfranchi. 
  
Casos de sucesso no continente europeu 
Alguns países já adotaram uma jornada mais fluida e tecnológica, como é o caso do Swish, da Suécia e do MobilePay, desenvolvido pelo também nórdico Danske Bank; ambos possibilitam pagamento por NFC (near-field communication), mas não são todos os casos que apresentam liquidação em tempo real. 
 
Apesar de criado em 2017, só recentemente o TIPS começou a receber a atenção necessária para roll-out. É crucial acompanhar os próximos passos das instituições na Europa, especialmente agora que as datas oficiais do Banco Central Europeu foram divulgadas e a corrida para se adaptar a esses novos métodos de pagamento já estão em andamento.  
Espera-se que em fevereiro de 2025 a previdência de toda a população na zona do euro seja paga via pagamento instantâneo. E até o mês de outubro do próximo ano, todas as instituições devam estar aptas para liquidar estes pagamentos em tempo real.  
 
À medida que a Europa se adapta a essa nova realidade financeira, as lições aprendidas com modelos de pagamento de outros países, especialmente o Brasil, podem facilitar o processo na criação de soluções inovadoras que atendam às demandas de uma população cada vez mais digital e interconectada. O futuro promete ser dinâmico, repleto de oportunidades, inclusão e eficiência, tanto para consumidores quanto para instituições financeiras na zona do euro. 


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