TikTok nos EUA: Trump está entre a pressão política e a liberdade digital

Presidente norte-americano enfrenta dilema sobre como afastar a influência chinesa na redes social sem transformar o governo dos EUA em censor da plataforma

17 set, 2025
TikTok entre os Estados Unidos e a China | Reprodução/X/@hispantv_brasil
TikTok entre os Estados Unidos e a China | Reprodução/X/@hispantv_brasil

O futuro do TikTok nos Estados Unidos não depende apenas de negociações com a ByteDance, sua controladora chinesa, mas também de uma escolha política delicada de Donald Trump. O presidente, que hoje volta a ter influência decisiva, precisa equilibrar dois pontos sensíveis: afastar riscos ligados à interferência chinesa e, ao mesmo tempo, evitar que o próprio governo americano se torne um censor invisível da plataforma.

Controle que muda de mãos

A legislação aprovada no Congresso prevê que a ByteDance deve se desfazer do TikTok nos EUA ou enfrentar um banimento. À primeira vista, isso parece simples: basta vender para um grupo independente. Porém, a questão real está além da propriedade. O algoritmo que faz o aplicativo funcionar, a forma como dados são tratados e até a curadoria de conteúdos entram no radar do debate.

Caso o governo americano insista em ter acesso privilegiado a essas engrenagens, abre-se espaço para uma contradição: substituir a influência de Pequim por uma ingerência de Washington.

Riscos democráticos

Mais do que um conflito entre superpotências, o embate sobre o TikTok expõe um dilema democrático. Se o governo dos EUA passar a controlar conteúdos, fiscalizar em excesso ou influenciar na curadoria do aplicativo, a linha entre proteção nacional e censura política pode se tornar muito tênue. O que começa como um esforço para limitar a presença chinesa pode terminar em restrição à liberdade de expressão dentro do próprio território americano.


Imagem de Trump e presidente da China, em acordo sobre TikTok (Foto: reprodução/x/@republiqueBRA)

Possíveis caminhos

Existem alguns cenários possíveis para o futuro do aplicativo nos EUA. Na opção Independência real, a venda resulta em uma operação norte-americana sem vínculo político direto, com autonomia tecnológica e editorial. No cenário Acordo híbrido, os EUA garantem a retirada da China, mas assumem algum nível de supervisão que fragiliza a neutralidade. Por fim, no caso do Banimento, sem consenso, o aplicativo perde espaço no mercado americano, afetando milhões de usuários e criadores de conteúdo.

O jogo além da tecnologia

O caso TikTok vai muito além de um aplicativo de vídeos curtos. Ele simboliza o desafio global de regular empresas digitais sem sufocar inovação e sem comprometer liberdades civis. Para Trump, a escolha é clara, mas não simples: abrir mão do controle pode ser a única forma de provar que a defesa da democracia digital não é apenas um discurso, mas uma prática.

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