Astrofotógrafo captura a “Galáxia do Coração” em imagem de alta resolução com IA

Astrofotógrafo usa sensores avançados e algoritmos de IA para registrar em detalhes a Nebulosa do Coração, a 7.500 anos-luz da Terra

28 out, 2025
Galáxia "Nebulosa do Coração" com a paleta de cores Foraxx   | Reprodução: Ronald Brecher
Galáxia "Nebulosa do Coração" com a paleta de cores Foraxx | Reprodução: Ronald Brecher

A tecnologia voltou seus olhos para o espaço  e o resultado é deslumbrante. O astrofotógrafo canadense Ronald Brecher capturou uma das imagens mais detalhadas já registradas da Nebulosa do Coração (IC 1805), localizada a cerca de 7.500 anos-luz da Terra, na constelação de Cassiopeia.

A fotografia, publicada em setembro de 2025, foi feita com um conjunto de equipamentos de ponta, combinando sensores de altíssima sensibilidade, longa exposição e algoritmos de correção de ruído impulsionados por inteligência artificial.

A nebulosa, uma imensa nuvem de gás e poeira com mais de 300 anos-luz de diâmetro, é uma das regiões mais estudadas da Via Láctea por abrigar um verdadeiro berçário estelar. Localizada no Braço de Perseu, ela é vizinha das nebulosas da Alma (IC 1848) e Cabeça de Peixe (IC 1795).

Como a imagem foi capturada

Para o registro, Brecher utilizou uma câmera astronômica QHY367C Pro, acoplada a um telescópio Sky-Watcher Esprit 70 EDX, com exposição total de 40 horas contínuas. O uso de sensores digitais e softwares de correção espectral permitiu realçar tons invisíveis ao olho humano, criando uma composição em cores Hubble e Foraxx — técnicas que separam os gases cósmicos por frequência luminosa.

“Foi um conjunto de dados divertido e desafiador de processar”, explicou Brecher em seu blog oficial. Segundo ele, esta foi a primeira vez que conseguiu capturar toda a extensão da Nebulosa do Coração em paleta de banda estreita, um formato que utiliza filtros específicos para destacar o brilho do hidrogênio e do oxigênio presentes no espaço interestelar.

Um laboratório natural para o nascimento de estrelas

A IC 1805, também chamada de Sh2-190, é um dos melhores exemplos de como o avanço da tecnologia ajuda a compreender fenômenos cósmicos. A imagem mostra com precisão a estrutura de gás ionizado onde novas estrelas estão sendo formadas. O registro de Brecher oferece dados valiosos para estudos sobre a composição química da região e a interação entre radiação estelar e matéria cósmica.


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Tecnologia poderá auxiliar cientistas nos estudos de fenômenos cósmicos (Foto:reprodução/Lothar Knopp/ Getty Images Embed)

Para entusiastas e astrônomos amadores, a boa notícia é que observar a Nebulosa do Coração não exige equipamentos da NASA. Com telescópios médios e câmeras de longa exposição, é possível localizá-la a cinco graus da estrela Segin, no norte celeste.

Fotografia astronômica impulsionada por IA

O uso de inteligência artificial tem revolucionado a astrofotografia. Softwares de pós-processamento como o PixInsight e o Topaz Denoise AI permitem reduzir ruídos e otimizar contraste de forma automática, revelando estruturas antes imperceptíveis. Especialistas apontam que, com o avanço desses sistemas, será possível combinar dados ópticos e de rádio em tempo real, criando imagens ainda mais precisas do cosmos.

A foto de Brecher, que rapidamente viralizou em comunidades científicas e fóruns tecnológicos, reforça como a fusão entre ciência, arte e tecnologia digital está expandindo os limites da observação astronômica.

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