Os casos de tuberculose na América Latina aumentaram em quase 20% desde o ano de 2015, segundo dados recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS). A alta tem contrastado com a tendência global, que registrou uma queda de 8,7% da doença no mesmo período. Um dos fatores apontados para esse aumento é o crescente encarceramento, que cria condições propícias para a disseminação da doença.
Situação preocupante na América Latina
De acordo com especialistas, o aumento dos casos na América Latina está relacionado ao aumento da população carcerária. Nos últimos 30 anos, a quantidade de pessoas privadas de liberdade na região praticamente quadruplicou, o que criou ambientes superlotados, com pouca ventilação e acesso limitado a cuidados médicos adequados. Essas condições são ideais para a proliferação da tuberculose, uma doença altamente contagiosa transmitida por gotículas no ar.
Além disso, a falta de procura pelo diagnóstico dificulta o tratamento eficaz. Muitas pessoas evitam procurar atendimento médico, por medo da discriminação e do isolamento social, o que contribui para a propagação da doença.
Contraste com a tendência global
Enquanto a América Latina enfrenta uma alta nos casos de tuberculose, o restante do mundo tem conseguido avançar no controle da doença. A OMS aponta que, desde 2015, a incidência global da tuberculose caiu cerca de 8,7%, graças às campanhas de prevenção, melhores sistemas de saúde e avanços no tratamento. Ainda assim, a situação global não é completamente positiva.
Médico lendo um raio-x de tórax (Foto: reprodução/andresr /Getty Images Embed)
A pandemia de COVID-19 trouxe desafios adicionais, como a interrupção de serviços de saúde, o que afetou negativamente o diagnóstico e o tratamento de doenças como a tuberculose.
Encarceramento e vulnerabilidade
O encarceramento tem sido um dos maiores fatores de risco para a tuberculose na América Latina. De acordo com o Relatório Mundial de Tuberculose da OMS, pessoas privadas de liberdade têm 10 vezes mais chances de contrair a doença em comparação com a população em geral. A superlotação, a má ventilação e a falta de acesso a tratamentos de forma adequada nos sistemas prisionais da região agravam a situação.
Para enfrentar essa crise, especialistas têm sugerido a implementação de políticas de saúde pública focadas na prevenção e tratamento da tuberculose em ambientes de privação de liberdade, além de um maior investimento na melhoria das condições de encarceramento.
Foto destaque detentos em um presídio superlotado (Foto: reprodução/Mario Tama/Getty Images Embed)