A pandemia da Covid-19 acentuou a necessidade de atendimentos e investimentos em saúde mental no mundo todo, por isso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou um documento nesta sexta-feira (quinta-feira, 16, no Brasil) solicitando que todos os países invistam mais em saúde mental, afirmando que o “sofrimento é enorme”.
Segundo o relatório da agência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a situação da saúde mental no mundo, quase 1 bilhão de pessoas viviam com algum transtorno mental antes da pandemia. Somente em 2020 a taxa de pessoas com depressão e ansiedade teve um aumento pelo menos 25%; todos os recursos disponíveis no período foram destinados ao combate do novo coronavírus.
De acordo com o relatório da OMS, apenas 2% dos orçamentos nacionais e 1% de toda a ajuda internacional são designados para a saúde mental, porcentagem que vem sendo debatida desde o lançamento do Atlas da Saúde Mental (Mental Health Atlas, em inglês) pela organização em 2021. Na época os 171 países analisados não tinham alcançado a maioria das metas para saúde mental de 2020.
Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, durante o lançamento do Atlas afirmou que “é extremamente preocupante que, apesar da necessidade evidente e crescente de serviços de saúde mental, que se tornou ainda mais crítica durante a pandemia de COVID-19, as boas intenções não estejam sendo atendidas com investimentos. [...] Devemos prestar atenção e agir de acordo com este chamado para despertar e acelerar drasticamente a ampliação do investimento em saúde mental, porque não há saúde sem saúde mental.”
Sede da Organização Mundial da Saúde em Genebra, Suíça. (Foto: Reprodução/Fabrice Coffrini/AFP)
Na sexta-feira o consultor da Unidade de Saúde Mental da OMS, Mark Van Ommeren, em coletiva de imprensa, reafirmou que “todos esses números (de investimentos) são muito, muito baixos”. O consultor ainda reforçou que pelo menos 1 a cada 8 pessoas no mundo vive com algum transtorno mental, em zonas de conflito a proporção salta para 1 em cada 5 pessoas.
O relatório também traz dados sobre as desigualdades de acesso à saúde mental; em países de alta renda mais de 70% das pessoas com algum problema mental consegue tratamento, nos países de baixa renda o número cai para apenas 12%.
A estigmatização e a falta de investimentos no setor pode levar a eventos fatais. Segundo o documento uma a cada 20 tentativas de suicídio leva à morte, sendo esta a segunda principal causa de mortes entre jovens de 15 a 29 anos. De acordo com dados da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), 79% dos suicídios registrados ocorrem em países de baixa e média renda.
Foto Destaque: Relatório da OMS relatou aumento de 25% nos casos de depressão e ansiedade durante a pandemia. Reprodução/Marcelo Camargo/Agência Brasil.