Durante dois meses de experiência, um rim de porco funcionou perfeitamente no corpo de um homem em morte cerebral. A remoção aconteceu nesta quarta-feira (13) e marcou o recorde de caso mais longo já documentado, no qual o órgão do animal geneticamente modificado funcionou em um corpo humano.
O procedimento conhecido como xenotransplante, foi realizado em 14 de julho deste ano, pelo médico Robert Montgomery - professor e presidente do Departamento de Cirurgia, também diretor do NYU Langone Transplant Institute. Com o fim do tempo pré estabelecido, o professor comemorou o sucesso do estudo e a nova esperança que surgiu a partir dele.
"Aprendemos muito ao longo destes últimos dois meses de observação e análise atenta, e há grandes motivos para ter esperança no futuro", afirmou o Montgomery, em comunicado.
Após atingir a conclusão da pesquisa, o rim de porco foi removido e o corpo de Maurice Miller foi desligado dos aparelhos e devolvido à família, conforme sua vontade.
Cirurgiões transplantando o rim de porco geneticamente modificado. (Foto: Reprodução/Joe Carrotta/NYU Langone Health/AFP)
Desempenho do transplante
No primeiro mês, o órgão não apresentou nenhum sinal de problema e funcionou corretamente. Porém, depois de mais alguns dias, os médicos conseguiram identificar uma ligeira diminuição na quantidade de urina produzida.
Para analisar o ocorrido, foi realizada uma biópsia que confirmou um pequeno sinal de rejeição por parte do rim. Como solução, foi feita uma mudança nos medicamentos imunossupressores padrão, já utilizados atualmente em pacientes, e logo teve seu funcionamento recuperado.
Futuro da pesquisa
A fim de detectar qualquer sinal de problemas devido ao xenotransplante, após a conclusão da experiência, os pesquisadores recolheram 180 amostras de tecidos diferentes, de todos os principais órgãos, nódulos linfáticos e sistema digestivo.
Agora, a equipe de investigação irá realizar as análises dos dados recolhidos e outros testes para determinar alterações celulares e moleculares capazes de auxiliar em possíveis formas de conduzir estudos futuros sobre estes órgãos. Tendo como objetivo maior a realização do experimento em seres humanos vivos.
Foto destaque: xenotransplante realizado pela equipe de cirurgiões da NYU Langone Health. Reprodução/ Joe Carrota/ NYU Langone Health