EUA confirmam 1° caso de infecção causada por parasita comedor de carne humana
Autoridades afirmam que paciente que voltou de uma viagem a El Salvador está infectado pelo verme derivado da mosca-varejeira-do-novo-mundo que causa miíase

No último domingo (24), o Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos (HHS) relatou o primeiro caso em humano da infecção causada por um parasita comedor de carne. O caso é associado a uma viagem para El Salvador.
De acordo com um e-mail enviado à agência de notícias Reuters pelo porta-voz do HHS, Andrew G. Nixon, foi confirmado no dia 4 de agosto que o paciente que esteve em El Salvador e retornou aos EUA, estava infectado pela mosca-da-bicheira (Cochliomyia hominivorax). O caso estava sendo investigado pelo Departamento de Saúde de Maryland e pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos.
EUA confirmam caso de parasita (Vídeo: reprodução/YouTube/@sbtnews)
O parasita
A infecção chamada de miíase é causada pela mosca-varejeira-do-novo-mundo e provoca uma infestação de parasitas por larvas depositadas na pele ou orifícios naturais.
Este tipo de parasita costuma afetar principalmente o gado e é mais comumente encontrado na América do Sul e no Caribe.
Diferente dos parasitas encontrados no Brasil, onde este tipo de berne se alimenta de tecido morto ou necrosado, a varejeira-do-novo-mundo se alimenta de tecido vivo, o que a torna mais agressiva.
Apesar dos esforços para conter a propagação do parasita, todos os países da América Central já registraram casos, incluindo o México.
De acordo com as autoridades, o risco para saúde pública dos Estados Unidos é muito baixo, porém pessoas que estiverem com feridas abertas estão mais propensas à infecção e apresentam risco maior ao viajar para locais que apresentem surtos da doença ou áreas rurais onde este tipo de mosca circule.
Segundo o governo dos EUA, nenhum caso foi confirmado em animais neste ano.
Medidas preventivas do setor
Autoridades de Maryland aplicaram medidas para conter e prevenir que a situação se agrave, mas as divergências entre o governo dos Estados Unidos e os representantes do setor sobre a confirmação do primeiro caso em humanos aumenta a preocupação entre comerciantes de gado, pecuaristas e frigoríficos que estão apreensivos diante do risco da infestação chegar ao país.
De acordo com Beth Thompson, veterinária estadual da Dakota do Sul, informou à Reuters neste domingo que já havia sido notificada sobre o caso humano há uma semana por uma pessoa que possuía conhecimento do fato.
Thompson afirmou que teve informação sobre o caso por outros meios e, a partir disto, teve que ir diretamente ao CDC para buscar esclarecimentos. Segundo ela, as autoridades foram pouco receptivas e repassaram o caso para o Estado confirmar o que estava acontecendo.
Um executivo do grupo industrial Beef Alliance foi informado por uma fonte, que compartilhou o conteúdo dos e-mails da Reuters e pediu para não ser identificada, sobre a confirmação do caso pelo CDC. Diante disso, o executivo enviou diversos e-mails para responsáveis do setor de carne bovina e pecuário informando a confirmação do caso da mosca-varejeira-do-novo-mundo em Maryland.
Este tipo de infecção pode ser devastadora no gado e na vida selvagem.
Segundo o USDA (Departamento da Agricultura dos Estados Unidos), um surto de mosca-da-bicheira custaria em torno de US$ 1,8 bilhão à economia do Texas, maior produtor de gado no país.