Imunizante contra chikungunya é suspenso nos Estados Unidos

FDA interrompe uso da Ixchiq depois de hospitalizações e mortes; no Brasil, imunizante segue aprovado para menores de 65 anos

25 ago, 2025
Vacina contra chikungunya | Reprodução/Richard Bouhet/Getty Images Embed
Vacina contra chikungunya | Reprodução/Richard Bouhet/Getty Images Embed

A Food and Drug Administration (FDA), órgão responsável pela regulação de medicamentos nos Estados Unidos, comunicou a interrupção do uso da vacina contra chikungunya Ixchiq, produzida pela farmacêutica Valneva em parceria com o Instituto Butantan. A medida foi tomada após a ocorrência de efeitos adversos graves, incluindo internações e mortes, principalmente entre idosos. No Brasil, a vacina permanece liberada para adultos de 18 a 65 anos.

Relatos alarmantes nos Estados Unidos e na Europa

Nos últimos meses, autoridades de saúde dos Estados Unidos e da Europa vêm monitorando atentamente os efeitos da vacina contra chikungunya Ixchiq, após surgirem registros de reações graves em pessoas idosas. De acordo com a FDA, foram notificados 21 casos de hospitalizações e três mortes possivelmente associadas ao imunizante, incluindo um paciente que desenvolveu encefalite, condição inflamatória grave do cérebro, confirmada como relacionada à aplicação da vacina.

Na Europa, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) chegou a suspender temporariamente o uso do imunizante para idosos, retomando a aplicação apenas em situações em que o risco de contrair a doença seja considerado elevado e após avaliação criteriosa dos benefícios e riscos individuais.


Técnica de laboratório realiza teste durante epidemia de chikungunya (Foto: Reprodução/Richard Bouhet/Getty Images Embed)

Análise de riscos e benefícios da vacina

A última decisão da FDA evidencia que, até o momento, os estudos clínicos realizados não confirmaram de forma definitiva os benefícios da vacina Ixchiq. Segundo o órgão americano, em grande parte dos cenários possíveis, os riscos associados à imunização, incluindo hospitalizações e mortes entre idosos, superam as possíveis vantagens.

Apesar da suspensão temporária nos Estados Unidos, a farmacêutica Valneva reafirma seu compromisso de disponibilizar a vacina nos países onde ela já recebeu aprovação, ressaltando a relevância do imunizante para proteger populações em áreas endêmicas da chikungunya. A empresa também destaca a importância de avaliar cuidadosamente o risco individual antes da aplicação, de modo a equilibrar segurança e proteção.

Cenário no Brasil e planos para o futuro

No Brasil, a vacina Ixchiq recebeu aprovação da Anvisa para uso em adultos de 18 a 65 anos, embora ainda não tenha sido comercializada no país. Paralelamente, o Instituto Butantan está desenvolvendo uma versão nacional do imunizante, que será mais adequada para incorporação ao Sistema Único de Saúde (SUS) e facilitará a distribuição em larga escala.

O Ministério da Saúde já demonstrou interesse em incluir a vacina na rede pública, com o objetivo de ampliar a proteção da população diante do risco crescente de surtos de chikungunya. Especialistas destacam que a adoção de uma versão nacional pode reduzir custos e garantir maior acesso em regiões mais afetadas pela doença, fortalecendo a capacidade de prevenção em todo o território brasileiro.

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