O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é uma doença crônica neurobiológica, de causas genéticas, que envolve hiperatividade, impulsividade e dificuldade de atenção. De modo geral, o transtorno se manifesta na infância e, em muitos casos, pode continuar na fase adulta. Agora, alguns pesquisadores acreditam que alguns alimentos como açúcar, glúten e lactose prejudicam a situação. Entretanto, não existem estudos suficientes para mostrar e afirmar a hipótese.
De acordo com o médico neurologista e neuropediatra Marcelo de Melo Aragão, cada caso tem uma singularidade e um resultado particular. O profissional é um dos que acreditam sim que quantidade e periodicidade do que é consumido, pode alterar ou prejudicar uma condição, mas que isso depende diretamente da sensibilidade do organismo de cada indivíduo. Tudo decorre da maneira como a pessoa cuida da sua alimentação e se, também, ela mantém costumes rotineiros e saudáveis no dia-a-dia.
"Não há um estudo que comprove que todas as crianças que consomem carboidratos refinados, por exemplo, terão uma agitação mais exacerbada, ou seja, uma piora dos sintomas de TDAH", afirma o médico em entrevista ao Viva Bem sobre a quantidade de pesquisas dessa área e assunto específico. "A verdade é que o ideal seria observar caso a caso em particular. Se o familiar suspeitar da associação entre determinado alimento e os sintomas da criança, vale a pena preencher um diário para confirmar tal achado e, com auxílio profissional, a retirada do alimento pode ser tentada", recomenda e finaliza o especialista.
Crianças se alimentando. (Foto: Reprodução/Yan Krukov/Pexels)
Nessa mesma linha de raciocínio, Aragão apoia evitar o exagero e manter o equilíbrio da alimentação. Em outras palavras, as crianças podem e precisam comer alimentos ricos carboidratos ou glicose, só é indicado moderar e balancear esse consumo com outros tipos de alimento. O médico cita que a base para uma rotina de alimentação saudável é criar uma dieta composta por verduras, frutas e legumes, além de implementar alimentos derivados do leite e carnes magras - frango e peixe, por exemplo.
Em contrapartida, a médica nutróloga Marcella Garcez, acredita que o açúcar, por exemplo, pode afetar a situação do transtorno. "Há quase um século estudos científicos demonstram a relação entre açúcar (glicose) e atividade cerebral", afirma Garcez. A médica também explica que crianças diagnosticadas com TDAH apresentam um maior índice de atividade elétrica cerebral após ingerir alimentos como doces ou outros tipos de guloseimas. "Além disso, os picos de glicemia causados pela ingestão de açúcar resultam em hipoglicemia reativa, que pode levar a comprometimento cognitivo e desatenção", avalia a nutróloga.
Em suma, o foco é manter uma dieta regular, independentemente se o indivíduo tem ou não TDAH. É recomendado, fortemente, cuidar da alimentação, pois beneficia bastante, não só os aspectos físicos, como também previne outros tipos de doenças que podem ocorrer futuramente, caso não haja esse tipo de atenção. Ademais, caso tenha alguma suspeita do transtorno, procure ajuda médica para que possa melhor auxiliá-lo.
Foto Destaque: Criança comendo bolo. Reprodução/Cottonbro/Pexels