Uma pesquisa, publicada na revista Metabolites, realizada por cientistas no Centro de Pesquisa em Alimentos (FoRC) da Fapesp, sediado na Universidade de São Paulo (USP) aponta que limoneno, que é uma substância ricamente encontrada em frutas cítricas, é capaz de ajudar a reduzir o ganho de peso.
A substância pertence à classe dos monoterpenos, que são compostos orgânicos bioativos com diversos efeitos benéficos: antioxidante, antimicrobiano, antitumoral, cicatrizante, analgésico, e entre outros benefícios. Contudo, ainda é indispensável novos estudos para que seus mecanismos de ação sejam mais claramente entendidos.
Frutas cítricas. (Foto:Reprodução/Pexels)
A pesquisa
O efeito no controle do peso foi analisado em camundongos, em estudo coordenado pelo professor do Departamento de Alimentos e Nutrição Experimental da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, Jarlei Fiamoncini. Ao total, foram observados cinco grupos com dietas distintas.
Dois grupos de camundongos foram escolhidos para receberam diariamente, durante seis semanas, uma ração com grande quantidade de gordura para que se tornassem obesos. Na ração, os cientistas colocaram diferentes doses de limoneno, um grupo recebeu doses baixas da substância e o outro doses maiores.
O terceiro grupo desses animais foi alimentado com a mesma ração, mas sem a substância, enquanto um quarto grupo recebeu dieta moderada em gordura e carboidrato.
No final do experimento, os camundongos alimentados com dieta moderada não ganharam peso, enquanto aqueles que receberam apenas a ração, sem a substância, ganharam em torno de 7 gramas.
Já o grupo que ganhou a ração com as doses altas de limoneno tiveram aproximadamente 25% menos peso em comparação aos que receberam apenas ração, enquanto os que foram alimentados com baixas doses, 30% menos.
Percebeu-se também que a dosagem mais baixa de limoneno promoveu um menor acúmulo de gordura em diferentes estruturas do tecido adiposo - reservatório de gorduras do corpo, localizado em maior parte na hipoderme, camada mais profunda da pele.
De acordo com José Fernando Rinaldi Alvarenga, primeiro autor do estudo, pesquisador colaborador do FoRC e bolsista da Fapesp, uma das teorias que podem explicar esses resultados é a ação da substância sobre a microbiota intestinal dos animais.
“Quando consumido, o limoneno, além de ser absorvido pelo organismo, poderia estar agindo na modulação da microbiota. Entretanto, em altas concentrações, pode ter eliminado as bactérias benéficas da microbiota intestinal, diminuindo assim os benefícios relacionados à redução do ganho de peso”, afirma ele.
Outra hipótese de Alvarenga é de que ''a substância, ao ser absorvida, foi biotransformada pelo organismo em outras moléculas, sendo responsável por esse efeito''
Foi por meio da análise da urina desses camundongos, que foi possível identificar essas moléculas que ganharam novas estruturas.
“Encontramos alguns metabólitos já identificados e outras moléculas que ainda não conhecíamos. No futuro, poderemos estudar essas novas moléculas para avaliar os potenciais benefícios. Isso é importante porque, além de possivelmente identificarmos esses benefícios, pode ser que outros efeitos já conhecidos, como o controle da glicemia e a modulação da microbiota, sejam em parte propiciados também pelos monoterpenos”, disse o cientista.
Por fim, os pesquisadores ressaltaram a necessidade de novos estudos, não só em relação ao limoneno.
Foto Destaque: Frutas cítricas. Reprodução/Pexels.