No Hospital Municipal Salgado Filho (HMSF) no Rio de Janeiro, médicos se depararam com uma raridade médica: um caso de divertículo gigante do cólon (DGC). Com apenas cerca de 200 registros em todo o mundo desde sua primeira identificação há 78 anos, esta condição torna-se um ponto de destaque na área da saúde.
O divertículo, uma pequena bolsa em formato de balão, pode se projetar em diferentes partes do trato gastrointestinal. No caso do cólon, a condição é conhecida como divertículo gigante quando ultrapassa os usuais 4 cm, chegando a até 9 cm. As causas desse crescimento excessivo ainda não são completamente compreendidas, mas em muitos casos, a dor abdominal intensa leva à necessidade de intervenção cirúrgica.
Emergência do HMSF
O paciente, um homem de 62 anos, procurou a emergência do HMSF com queixas de dores abdominais persistentes e perda de peso ao longo de dois meses. A confirmação diagnóstica veio por meio de uma tomografia computadorizada, revelando a presença do divertículo gigante do cólon. A resposta médica foi rápida, levando à realização de uma cirurgia que envolveu a ressecção do divertículo, a remoção de parte do intestino grosso e uma técnica para restaurar a continuidade intestinal.
Segundo o registro de relato de caso da Sociedade Brasileira de Hepatologia, a raridade do divertículo gigante do cólon fica evidente ao considerar que menos de 150 casos foram descritos na literatura inglesa. A primeira menção a essa condição foi feita pelos franceses Bonvin e Bonte em 1946. Afetando igualmente homens e mulheres, essa condição é mais comumente encontrada no cólon sigmoide, entre os 35 e 90 anos.
Apresentações clínicas
A apresentação clínica do DGC pode variar desde casos assintomáticos até quadros agudos de abdômen, frequentemente exigindo uma suspeição clínica aguçada para um diagnóstico diferencial. Exames de imagem, como raios-X, tomografia computadorizada e ressonância magnética, são fundamentais, enquanto a colonoscopia oferece pouco benefício nesse contexto. O tratamento cirúrgico emerge como a opção mais eficaz diante desse tipo de quadro clínico.
Mesa de cirurgia. (Foto: reprodução/Pexels/Anna Shvets)
A doença diverticular do cólon, com prevalência variando entre 12% a 49%, é comum nos países ocidentais. Sua incidência aumenta com a idade, sendo menos comum em jovens até 40 anos e presente em cerca de 50% a 66% dos indivíduos com 80 anos ou mais. A redução na ingestão de fibras na dieta ocidental é apontada como um fator contribuinte para o aumento dos casos.
Divertículo gigante do cólon
O divertículo gigante do cólon, caracterizado por divertículos com mais de 4 cm, representa uma complicação rara dessa doença. Sua apresentação pode incluir desde casos assintomáticos até quadros agudos de peritonite secundária à perfuração. O diagnóstico requer exames de imagem, enquanto o tratamento cirúrgico é crucial para evitar complicações graves.
Segundo informações da Sociedade Brasileira de Hepatologia, o tratamento varia de acordo com a apresentação clínica da patologia. Para casos não complicados, a diverticulectomia, ressecção da área afetada e anastomose primária, é mais indicada. Para situações mais complexas, procedimentos como a cirurgia de Hartmann ou drenagem percutânea de abcessos podem ser considerados. A conduta expectante é reservada para pacientes sem condições clínicas para procedimentos cirúrgicos.
Foto destaque: Em um caso raro no Rio de Janeiro, um divertículo gigante, com diâmetro superior a 10 cm, foi removido. (Reprodução/Hospital Municipal Salgado Filho (HMSF)/Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro.