A obesidade é uma doença crônica, caracterizada por um acúmulo anormal ou excessivo de gordura no corpo e que, todo ano, acomete milhares de pessoas. Além disso, a doença pode ser um catalisador para outras complicações e, com o passar do tempo, diminuir a expectativa de vida. Ademais, o consumo de ultraprocessados, alimentos como refrigerantes, miojo e refeições congeladas, que contém adição de substâncias sintetizadas em laboratório, contribuem para a doença.
Isso é o que mostra em recente estudo feito por pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo), em parceria com a Fapesp. Nele mostrou que, adolescente cuja dieta é feita com alimentos ultraprocessados, o risco de obesidade cresce para 45%. Esse resultado foi obtido a partir dos dados de 3.587 jovens, com faixa etária entre 12 e 19 anos, onde participaram do inquérito nacional de saúde e nutrição dos Estados Unidos. Na pesquisa, também foi revelado que, somente um aumento de 10% de ultraprocessados na rotina alimentar, já é um pontapé para atingir o diagnóstico.
A equipe responsável em administrar a pesquisa utilizou materiais encontrados pelo inquérito nacional de saúde e nutrição dos Estados Unidos, em um intervalo de tempo de cinco anos. Segundo a autora principal do estudo, Daniela Neri, membro do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens) da Faculdade de Saúde Pública da USP disse em comunicado que essas informações foram coletadas e utilizadas, justamente, pelo Brasil não ter um repertório sobre o assunto, de forma tão eficiente e completo. Entretanto, a autora também salienta que o apuramento é o mesmo, visto que os jovens brasileiros consomem diariamente esses alimentos.
Alimento ultraprocessado. (Foto: Reprodução/Thomas B./Pixabay)
No Brasil não há nenhum levantamento que forneça, em simultâneo, informações sobre consumo alimentar de adolescentes e dados antropométricos coletados em avaliações presenciais. Esse inquérito nutricional tem alto custo e requer financiamento contínuo. No país há algumas iniciativas similares, porém mais simples”, comenta Neri sobre a escassez de informações sobre o tema.
Além disso, segundo a Secretaria de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde, essa circunstância específica que abrange 5,8% das crianças entre 5 e 9 anos e 12% dos adolescentes, teve um agravamento durante o cenário pandêmico no país. Similarmente, em um levantamento feito nos Estados Unidos e publicado na revista Jama, relata que entre 2020 e 2021, a porcentagem de crianças na faixa etária de 5 a 11 anos com sobrepeso ou diagnosticadas com obesidade no país, teve um aumento de 36,2% para 45,7%.
Nesse cenário, para a especialista Daniela Neri, controlar e resolver esse problema é bastante complexo, visto que envolve todo um sistema alimentar já estruturado. Uma das únicas soluções possíveis seria usar a conscientização em relação aos alimentos ultraprocessados. "Além de conscientizar os consumidores, é preciso agir em várias frentes através de políticas públicas. Há diferentes estratégias possíveis, como restringir a publicidade, principalmente para crianças, e aumentar a tributação desses produtos, ao mesmo tempo, em que se amplia o acesso aos alimentos in natura. Outra medida fundamental diz respeito aos rótulos, que devem trazer informações mais claras para guiar as escolhas alimentares dos consumidores", relata Neri.
Foto Destaque: Obesidade em adolescentes. Reprodução/Sharon Mccutcheon/Pexels