Nesta sexta-feira (05), o estudo de um medicamento utilizado por diabéticos que pode ser um aliado contra os sintomas motores da doença de Parkinson foi divulgado na revista científica The New England Journal of Medicine. A pesquisa foi feita durante um ano com 156 pacientes.
Metodologia da pesquisa
O estudo consistiu em uma divisão dos pacientes em dois grupos, todos em estágio inicial de Parkinson, em que um dos conjuntos recebeu, além do tratamento contra a doença motora, a lixisenatida, um composto presente nos medicamentos Ozempic e o Wegovy, respectivamente, para pacientes com diabetes tipo 2, e o segundo recebeu placebos, também durante o tratamento.
O mal de Parkinson não mata diretamente, mas pode causar acidentes e quedas fatais (Foto: reprodução/Dean Mitchell/ISTOCKPHOTO)
Depois de doze meses, os pesquisadores concluíram que as setenta e oito pessoas que receberam doses diárias da substância se mantiveram no estágio inicial da doença de Parkinson, enquanto os demais tiveram uma piora no diagnóstico.
"Este é o primeiro ensaio clínico multicêntrico em grande escala que fornece os sinais de eficácia que têm sido procurados há tantos anos”, disse Olivier Rascol, cientista que estuda a doença de Parkinson no Hospital Universitário de Toulouse, na França, e líder do estudo, em comunicado.
Após o término do estudo, os cientistas concluíram que a droga contra diabetes não apenas reduz os sintomas motores, mas protege o cérebro contra a perda de neurônios, comum durante o envelhecimento. Foi relatado, contudo, que houve efeitos colaterais: 46% dos pacientes que receberam esse medicamento relatou náuseas e 13%, vômitos.
Agora os pesquisadores pretendem descobrir se a lixisenatida pode mesmo retardar o Parkinson e seus benefícios a longo prazo. “São necessários ensaios mais longos e maiores para determinar os efeitos e a segurança da lixisenatida em pessoas com doença de Parkinson”, escreveram os autores do estudo.
Entenda a doença
Mal de Parkinson atinge 1% da população acima de 65 anos (Foto: reprodução/DMPhoto/IStockPhoto)
Na atualidade, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais de 4 milhões de pessoas convivem com a doença de Parkinson, também chamada de mal de Parkinson, em todo o mundo. Embora não leve à morte diretamente, a enfermidade pode facilitar quedas e acidentes que, em certo grau, podem levar o paciente a óbito. Acredita-se que 1% da população acima de 65 anos no planeta seja afetado pelo Parkinson e, embora incurável, possui tratamentos que podem auxiliar em uma melhor convivência com a doença, que se caracteriza principalmente pelos tremores que acometem várias partes do corpo, no humor e até no funcionamento de alguns órgãos, como perda de olfato, constipação e incontinência urinária. Os sintomas iniciais do mal de Parkinson geralmente são desequilíbrios, tremores e lentidão nos movimentos, sendo diagnosticável a partir de um exame neurológico. As causas da doença ainda são desconhecidos, mas é sabido que uma alimentação saudável, sono regulado e evitar o tabagismo e sedentarismo são as principais indicações dos médicos e cientistas para prevenir a enfermidade.
Foto Destaque: o mal de Parkinson não possui cura, mas pode seu desenvolvimento pode ser retardado (Reprodução/evrymnt/istockphoto)